MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

'Monstros' da Amazônia decoram jardim de casa de artesão no Acre


Personagens folclóricos foram construídos pelo artesão Enock Tavares.
Enock ministra oficinas de artesanato para jovens da comunidade.

Tácita Muniz Do G1 AC
artesão Enock Tavares (Foto: Eduardo Duarte / G1)Artesão Enock Tavares posa ao lado de mapinguari de 5 metros (Foto: Eduardo Duarte / G1)
O jardim da casa do artista Enock Tavares, de 64 anos, chama a atenção de quem passa pela Vila Custódio Freire, trajeto que dá acesso ao aeroporto de Rio Branco. Nascido no Pará, Tavares trabalha com artesanato desde os 12 anos.
Tavares é formado em artes pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Há sete anos chegou ao Acre e decidiu contar, através de personagens, a história do folclore amazônico. Para fazer suas artes, ele usa sementes e outras matérias primas que dão um resultado surpreendente no seu trabalho.
artes mapinguari custodio (Foto: Eduardo Duarte/G1)Chaveiros de madeiras e quadros fazem parte da
produção de Tavares (Foto: Eduardo Duarte/G1)
Entre os produtos existentes na casa do artesão, há chaveiros de madeira, sementes e também ilustrações de quadros feitas com pó de serra. Já as esculturas chamam a atenção pelo tamanho e expressão. A cobra grande, segundo Tavares, durou cerca de quatro dias para ser finalizada. Já o mapinguari gigante, que mede 5 metros, na entrada do jardim, levou pouco mais de uma semana e meia.
O atista também faz objetos de papel machê e com pedaços de madeira. O espaço é aberto para o público, que pede para tirar foto e conhecer as obras. "Quando eu comecei, as pessoas paravam e perguntavam se podiam fazer uma foto e eu deixava. Depois alguém me deu a ideia de colocar um cofre para doação. Ou seja, a pessoa vem, tira a foto e deposita alguma coisa, mas só se quiser. Tem dado resultado, tem semana que consigo fazer R$ 20. Isso me ajuda a comprar o material para ensinar", diz.

Transmissão do conhecimento
Ensinar. Esse é o objetivo do artesão que oferece cursos gratuitos de artesanato em uma oficina improvisada no quintal da sua casa. "Eu comecei a dar aula para sete rapazes, entre 10 e 20 anos. Eles são de famílias humildes e a minha intenção é ensinar pra que eles aprendam e possam ajudar na renda familiar. É gratuito e sempre vai ser, embora eu ainda não tenha a ajuda de ninguém. Mas se aparecer, eu aceito", diz, com um ar de satisfação.
Enock Tavares sobrevive da sua arte (Foto: Eduardo Duarte/G1)Enock Tavares sobrevive da sua arte (Foto: Eduardo Duarte/G1)
Atualmente, o artista sobrevive apenas da renda que consegue tirar do artesanato. Dessa forma, o dinheiro arrecadado no tímido cofrinho no meio do jardim ajuda na aquisição de novos produtos para ensinar crianças e jovens que se interessam pela arte. "Eu sobrevivo daquilo que sempre aprendi: o artesanato e a arte. Quando eu me aposentar, verdadeiramente, vou poder me dedicar mais em ensinar", diz.
Monstros amazônica cobra acre (Foto: Eduardo Duarte / G1)Cobra grande também é atração no jardim da casa do
artesão (Foto: Eduardo Duarte / G1)
Ao menos 30 crianças já começaram a procurar Tavares para retomar os cursos. Ele tenta, sozinho, terminar uma construção que, de acordo com ele, será destinada para a comunidade. "Eu pretendo montar uma oficina e duas lojinhas, uma para vender peças menores e outra para as maiores. Em frente da minha casa, vou montar algumas barracas móveis para que os meninos possam comercializar as peças."
Tavares sonha em perpetuar as lendas que nasceram no contexto amazônico e garante que essa conservação da memória é necessária. "O nosso folclore não pode morrer. Nós temos que ter a nossa religião e divulgar nossa história, nossas raízes." Ele faz a sua parte: transformou sua casa em uma espécie de museu de lendas da Amazônia.
Enquanto não consegue terminar a sua oficina, aos poucos ele desperta o interesse de jovens humildes pela a arte. E acentua a diferença entre fazer artesanato e arte. "Existe uma separação entre essas duas palavras. Uma peça de artesanato pode ou não ser uma arte. Eu sempre digo que o artesanato são aquelas peças que a gente repete. Nós trabalhamos com as mãos e com a criatividade, tem gente que só trabalha com as mãos porque só sabe copiar. Tem outros que trabalham com a criatividade no artesanato, criando algumas espécies. Mas na arte você tem que trabalhar com as mãos, a criatividade e tem que jogar todo o sentimento ali", conclui.
mapinguari enock (Foto: Eduardo Duarte/G1)Mapinguari enfeita o jardim da casa do artesão (Foto: Eduardo Duarte/G1)

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