Cerca de 12 mil pessoas em Alagoas investiram na empresa, diz MP.
Novas adesões foram suspensas após decisão da Justiça do Acre.
Veja a tabela de ganhos da Telexfree.
(Foto: Reprodução/internet)
Cerca de 12 mil pessoas em Alagoas
investiram algum dinheiro na empresa de marketing multinível Telexfree,
de acordo com o Ministério Público Estadual. Encantados com as
promessas de ganho rápido, muitos alagoanos investiram alto na esperança
de mudar de vida, mas alguns estão arrependidos.(Foto: Reprodução/internet)
Devido à grande quantidade de reclamações, no último dia 18, a Justiça do Acre determinou a suspensão de pagamentos e a adesão de novos contratos à Telexfree em todo o país. A empresa é suspeita de atuar em um esquema de pirâmide financeira, que é considerado ilegal no Brasil.
A comerciante Nazaré Nascimento diz que investiu R$ 2.750 na empresa e que recebeu parte do valor investido até o pagamento ser suspenso. “Estava com o dinheiro parado e queria investir. Mas estou arrependida porque não sei se vou receber de volta. Agora, nem me interessa o lucro, o que eu quero é receber o que apliquei”, desabafa.
A empresária Júlia Araújo é outra investidora arrependida. Ela diz que investiu R$ 15 mil há três meses na empresa. Ela revela que não recebeu nem um terço do que investiu. "Estou com muito medo porque queria comprar um carro e agora o dinheiro está preso. Fui na expectativa de ganhar dinheiro fácil, mas acho que quebrei a cara", lamenta.
Mas nem todos lamentam. O corretor de imóveis Mário de Almeida revela que vendeu o seu apartamento e aplicou R$ 46 mil na Telexfree. “Foi uma oportunidade que encontrei para investir e tentar ganhar dinheiro. Com poucos meses já consegui o que investi e agora estou lucrando. Além de colocar anúncios na internet, eu chamo amigos para participar ”, diz.
Como funciona a Telexfree
A Telexfree vende um programa de computador que permite ligações nacionais e internacionais para mais de 40 países. O valor do plano é tabelado em dólar: US$ 49,90, pouco mais de R$ 111 por mês, para três mil minutos de ligação.
Esse programa é semelhante a muitos outros que permitem fazer ligações telefônicas pela internet. Alguns desses programas podem ser baixados de graça e o usuário paga as ligações em um sistema pré-pago.
O interessado no negócio tem duas opções de ganhar dinheiro. A primeira delas é publicar apenas anúncios da Telexfree na internet e ganhar uma comissão por isso, a segunda, é recrutar outras pessoas dispostas a divulgar e revender o produto, o que traria um rendimento bem maior.
O que a Justiça investiga é se esse mecanismo é um esquema conhecido como pirâmide financeira, que é contra a lei. O esquema de pirâmide é caracterizado quando o organizador da empresa remunera seus antigos sócios com taxas de adesão cobrada dos novos sócios, e não com o lucro do empreendimento. A Telexfree oferece para seus sócios uma porcentagem de vendas de produtos anunciados pelo sócio em sites gratuitos de propaganda.
Mais de 14 mil pessoas reclamaram da Telexfree em todo o país (Foto: Divulgação/Reclame Aqui)
ProconApesar das atividades da Telexfree terem sido suspensas, o Procon de Alagoas não recebeu nenhuma denúncia contra a empresa. De acordo com o assessor jurídico, César Caldas, o Procon está apenas orientando os consumidores que investiram na empresa.
“Estamos orientado a população a pensar bastante antes de investir na Telexfree. Já entramos em contato com vários economistas e todos falam que o sistema utilizado pela empresa é a pirâmide financeira”, afirma.
Ainda de acordo com Caldas, o esquema de pirâmide pode ter quebrado no Acre. “Vai chegar um momento em que todos esses participantes vão precisar de novos entrantes pra serem remunerados e aí não vão encontrar pessoas suficientes dispostas a fazer esses investimentos”, diz o assessor jurídico, César Caldas.
Divulgadores do Telexfree fizeram cartazes para a
manifestação. (Foto: Jonathan Lins/G1)
Manifestação em Alagoasmanifestação. (Foto: Jonathan Lins/G1)
No último dia 30 de junho, divulgadores da empresa de marketing multinível Telexfree em Alagoas fizeram uma carreata, por ruas e avenidas de Maceió, para protestar contra a decisão do Tribunal de Justiça do Acre, que suspendeu os pagamentos e novas adesões à empresa por considerar o negócio crime contra a economia popular. Na ocasião, os manifestantes defenderam a legalidade da atividade e criticaram a cobertura da imprensa, que noticiou a decisão judicial.
Segundo o corretor Ricardo Farias, que trabalha como divulgador há um ano, quem teve prejuízos com a Telexfree é porque não cumpriu com o serviço básico que havia sido acordado em contrato. “É uma empresa que está trazendo novidade financeira para diversos profissionais e até aposentados que recebem mensalmente. Essa suspensão está trazendo prejuízo à população porque impede que o dinheiro circule", completou.
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