Número de eleitores nas urnas foi 15% menor do que na eleição anterior.
Abstenção é resultado de 'descontentamento com a política', diz jornal.
Policiais fazem guarda em frente ao Coliseu, em Roma, durante eleição. (Foto: AFP)
As eleições municipais do fim de semana na Itália
registraram um novo recorde de abstenção, o que confirma o
descontentamento com a classe política, e também um freio ao avanço do
movimento de contestação de Beppe Grillo.Sete milhões de eleitores estavam registrados para comparecer às urnas para o primeiro turno das eleições, mas os resultados revelaram uma queda na participação, que atingiu apenas 62,4% nas 563 pequenas e médias cidades, 15% a menos do que nas eleições municipais anteriores.
Nas 16 grandes cidades, incluindo Roma, a participação dos eleitores foi ainda menor, 56,2%, uma queda de quase 20 pontos.
Para Massimo Franco, do jornal Corriere della Sera, este resultado é fruto do "descontentamento para com a política" e a "incapacidade dos partidos de encontrarem seu papel".
Em contrapartida, o Partido Democrata (PD, centro-esquerda), de Enrico Letta, que está à frente do primeiro governo esquerda-direita do pós-guerra, conseguiu bons resultados. Conquistou, já no primeiro turno, as prefeituras de Vicenza e Sondrio, redutos tradicionais da Liga do Norte (direita), assim como Massa e Pisa, na Toscana, além de passar para o segundo turno, nos dias 9 e 10 de junho, em 11 cidades.
Em Roma, o candidato da esquerda Ignazio Marino conquistou 42,7% dos votos, uma grande vantagem em relação ao impopular atual prefeito de direita, Gianni Alemanno (30,2%).
Mesmo com as vitórias, o líder do PD e vice-ministro da Economia Stefano Fassina expressou preocupação com o nível "preocupante de abstenção".
"A distância entre a política e os cidadãos aumenta. Sem respostas urgentes à crise econômica, isso não se resolverá".
Vários cientistas políticos também ressaltaram que o crescimento aparente nas pesquisas não se confirmou nas urnas para a direita de Silvio Berlusconi, que teve dificuldades, inclusive, em redutos como Brescia e Treviso.
A principal surpresa foi a performance do M5S de Grillo que, por exemplo, viu em Roma seus votos caírem de 27,2% nas legislativas de fevereiro para 12,8%.
Pra muitos, a queda do M5S em todas as cidades onde tinha candidatos (200) é resultado de sua rejeição em se aliar ao PD para formar um governo após as legislativas.
"Nós perdemos o trem", lamentou o militante Rosolino.
Para Stefano Folli do Sole 24 Ore, "uma mensagem confusa, a incapacidade de se colocar à serviço de uma verdadeira dinâmica de reformas e dos mais pobres" explicam o golpe sofrido pelo movimento. Uma situação que em breve poderá reforçar a estabilidade do do governo Letta, segundo o especialista.
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