Tradicional Banda da Bica leva 60 mil às ruas em sua 26ª edição, no AM

Banda foi realizada pela primeira vez após morte de seu patrono, Armando.
Marchinha do carnaval satiriza episódio das últimas eleições municipais.

Camila Henriques Do G1 AM

Banda da Bica arrastou aproximadamente 60 mil foliões, segundo fundador (Foto: Camila Henriques/G1 AM)

A volta da Banda Independente Confraria do Armando – ou simplesmente Banda da Bica - às ruas do Centro de Manaus reuniu aproximadamente 60 mil pessoas nos arredores do Largo de São Sebastião no final da tarde deste sábado (2), de acordo com um dos fundadores do bloco, o jornalista Mário Adolfo. Essa é a primeira vez que a tradicional banda é realizada após a morte do comerciante português Armando Soares, dono do 'Bar do Armando', onde a Bica foi formada em 1987.

Para Mário Adolfo, a festa fica incompleta sem a participação de Armando. Compositor da marchinha 'Olha que confusão, o ovo esquerdo perdeu a eleição', junto com Edu do Banjo e Dudu Brasil, o jornalista ressaltou que a banda é uma extensão do legado do comerciante. "Ir para as ruas no Carnaval é uma forma de manter viva a memória dele", afirmou.

Filha do fundador da banda, Ana
Cláudia Soares posa com o marido, Roberto
Carvalho  (Foto: Camila Henriques/G1 AM)

Ao G1, a filha de Armando, Ana Cláudia Soares, contou que a Banda da Bica 2013 começou a ser organizada em dezembro. "Não tínhamos noção da logística e da dificuldade que era fazer isso aqui funcionar. Tem sido uma responsabilidade muito grande continuar com a banda e com o bar e uma recompensa enorme, ao mesmo tempo. Por isso, nunca cogitamos acabar com a banda", disse.
Rainha da Bica há cinco anos, a jornalista Emyle Araújo é diretora do documentário 'A Bica Por Quem Brinca', que traz relatos e histórias dos frequentadores do tradicional bloco. Emocionada, ela lembrou que a morte de Armando a motivou a continuar com o projeto, iniciado em 2009 com a intenção de ser seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). "Esse ano eu consegui reunir amigos e profissionais para finalizar esse documentário. A Bica é um patrimônio não só de Manaus, mas do carnaval de rua como um todo. Por isso, eu penso alto. Quero transformar esse curta-metragem em um longa e levar para festivais como o de Amsterdã, especializado em documentários. Estamos fazendo imagens aqui, inclusive", revelou.

Emyle Araújo, que ocupa o cargo de 'Rainha da Bica' há cinco anos, dirigiu documentário com histórias dos frequentadores da banda (Foto: Camila Henriques/G1 AM)

Foliões elogiam organização
A 26ª edição da Banda da Bica atraiu não só um número significativo de manauenses para o Centro da cidade, como turistas. O maranhense Erinaldo Almeida, 42, aproveitou a primeira vez em Manaus para conhecer o bloco. "Eu estou maravilhado. Vim para passar 15 dias e pretendo ir para todas as festas de rua e também para o carnaval de avenida, no Sambódromo".

Paulo Moisés foi vestido de índio para a Banda da Bica (Foto: Camila Henriques/G1 AM)

Frequentadora assídua da Bica, a enfermeira Ivaneide Barbosa, 50, dançou as tradicionais marchinhas na companhia de duas amigas. "Esse ano está bem organizado, sem nenhuma briga. Essa é só a primeira banda do ano, ainda pretendemos ir para o Boulevard e o Galo". Assim como Ivaneide, o motorista Paulo Moisés, 24, participa da festa todos os anos. "Faço questão de sempre usar uma fantasia diferente. Dessa vez, eu mesmo fiz a minha roupa, que representa a Amazônia", contou o motorista, vestido de índio.

Em 2012, a Bica não saiu devido ao grave estado de saúde de Armando (Foto: Camila Henriques/G1 AM)