Após cancelamento e tumulto, Carnaval de Pelotas segue sem datas

No sábado (23), Corpo de Bombeiros não liberou a Passarela do Samba.
Foliões entraram em conflito com a Brigada Militar após anúncio.

Luize Baini Da RBS TV

Prefeito de Pelotas, Eduardo Leite (C), diz que carnaval segue sem datas (Foto: Luize Baini/RBS TV)

Previsto para ocorrer neste final de semana, o carnaval de Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul, foi suspenso e ainda não tem data definida para ser realizado. A decisão foi anunciada pelo prefeito Eduardo Leite na tarde deste domingo (24), um dia após a estrutura da Passarela do Samba não ter sido liberada pelo Corpo de Bombeiros. A notícia foi divulgada aos foliões enquanto eles se preparavam para o desfile e causou tumulto.
O prefeito chegou a entregar ao rei momo as chaves da Passarela do Samba, mas ela não foi oficialmente aberta. Na tarde de sábado (23), os bombeiros realizaram a segunda vistoria e interditaram o local. O principal motivo alegado pela corporação foi a largura do corredor de acesso à arquibancada. Segundo uma norma dos bombeiros, modificada em outubro do ano passado, ela deve ter no mínimo 1m20cm, mas na fiscalização foi constatado que tem 60cm.
Os cerca de 2 mil integrantes da Banda de Abertura, que desfilariam na tarde de sábado, foram avisados do cancelamento quando já estavam prontos para o desfile. Houve tumulto. A Brigada Militar precisou montar uma barreira para impedir que os foliões invadissem a passarela. Eles arremessaram pedras, latas e outros objetos contra o Pelotão de Choque. Os policias usaram balas de borracha e bombas de efeito moral para conter os foliões. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas e uma foi presa.

Foliões entraram em conflito com a Brigada Militar
após cancelamento (Foto: Reprodução/RBS TV)

Em uma coletiva de imprensa realizada na tarde deste domingo (24), no Paço Municipal de Pelotas, o prefeito Eduardo Leite lamentou o cancelamento do Carnaval e explicou os motivos que o levaram a manter a programação original do evento até o último momento. “Nós tínhamos elementos suficientes para acreditar que o que estava acontecendo não era diferente do que aconteceu nos outros anos, o que nos alimentava a expectativa de que a passarela ia ser liberada”, justificou Leite.
O prefeito reconhece os transtornos causados aos blocos burlescos e as escolas de samba mirins, que desfilariam sábado (23) e domingo (24). Mas a programação do Carnaval, que se estenderia pelo próximo fim de semana, também está comprometida. O desfile das escolas de samba do grupo especial, previsto para o dia 1º de março, pode ser adiado.
Segundo o presidente da Associação das Entidades Carnavalescas de Pelotas, Humberto dos Santos, a transferência de data deve diminuir o número de escolas na passarela. "Se as escolas não saírem na sexta-feira que vem vai ser um problema, porque tem três escolas que já tem compromissos em outras cidades, que inclusive já assinaram o contrato e receberam”, argumentou.
Mas as cinco escolas de samba do grupo especial terão que esperar para descobrir quando devem entrar na Passarela do Samba. Conforme a prefeitura, a nova data do Carnaval só será definida quando a estrutura da Viação Férrea for liberada. “Acredito que até quarta-feira esteja resolvido o problema da arquibancada. A partir do momento em que os bombeiros disserem que a estrutura da passarela está aprovada, o prefeito, em conjunto com a Associação das Entidades Carnavalescas, irá divulgar a nova data do Carnaval”, disse o Assessor Especial da Prefeitura, Paulo Morales.