MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Seca agrava escassez de mão de obra no RN, reclamam agricultores


Federação da Agricultura e Pecuária do RN visitou cinco cidades do estado.
Trabalho objetivou averiguar os problemas gerados pela estiagem.

Rafael Barbosa Do G1 RN - o repórter acompanhou a expedição a convite da Faern

Sem mão de obra para contratar, criador cuida sozinho do gado (Foto: Rafael Barbosa/G1)Sem mão de obra para contratar, criador cuida sozinho do gado (Foto: Rafael Barbosa/G1)
Os produtores de leite, agropecuaristas e agricultores do interior do Rio Grande do Norte reclamam da falta de mão de obra para trabalhar nas atividades rurais. Segundo eles, os trabalhadores do campo preferem viver da renda dos programas sociais criados pelo Governo do Federal ao invés de trabalharem diretamente no campo.
Neste final de semana, uma equipe da Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte (Faern) visitou cinco municípios das regiões Central, Oeste e Seridó do estado para constatar os efeitos da seca. O G1 acompanhou o trabalho. A expedição foi a Lajes, Santana do Matos, Apodi, Pau dos Ferros e Caicó. E, em todos estes municípios, os produtores rurais reclamaram da falta de mão de obra para a atividade no campo.
De acordo com os produtores, auxílios pagos pelo Governo Federal têm ajudado a combater a fome, principalmente em épocas de estiagem. No entanto, esta mesma ajuda, principalmente recursos pagos pelo 'Bolsa Família' e 'Salário Maternidade', também têm contribuído para que os trabalhadores desistam das atividades rurais.
O Salário Maternidade da Segurada Especial é o auxílio que mais contempla os agricultores de subsistência do interior do Estado. De acordo com informações da Faern, as mães recebem quatro salários mínimos divididos em quatro meses seguidos após a solicitação do benefício.
Antônio Arruda da Cunha, o 'Antônio da Volta', é lacticultor de Santana do Matos, cidade distante 191 quilômetros de Natal. Ele disse que perdeu quase metade dos colaboradores que o auxiliavam nas atividades que ele desenvolve na fazenda. “Eles preferem viver do dinheiro das bolsas que o Governo Federal paga”, afirmou.
Com a escassez de água para o plantio de capim para alimentar o gado, os produtores utilizam alternativas para tentar deixar o rebanho vivo. É comum o uso de farelos de grãos, palma forrageira e xique-xique queimado. Porém não está sendo fácil conseguir trabalhadores para carregarem caminhões com os alimentos e atuarem na queima do xique-xique e alimentação do gado.
Antônio da Volta disse que tem 30 pessoas em sua fazenda que fazem os serviços a um preço de R$ 50 por dia. “Mas eu já tive 60 pessoas trabalhando pra mim. Ninguém mais quer ir pra lida”, disse.
Pecuarista Aldo Lobo (Foto: Rafael Barbosa/G1)Pecuarista Aldo Lobo (Foto: Rafael Barbosa/G1)
A cidade de Apodi, distante 328 quilômetros da capital potiguar, possui metade da população vivendo na zona urbana e a outra metade na zona rural. E, como relatou o pecuarista Aldo Lobo, mesmo assim há uma grande dificuldade para encontrar trabalhadores. “Precisamos de políticas públicas para os produtores”, reclamou.
Em Caicó, o pecuarista Raimundo Nóbrega, dono da Fazenda Pedreira, também reclamou da escassez de gente para trabalhar no campo. Ele disse que um de seus colaboradores o afirmou que iria largar o trabalho para viver do benefício do Salário Maternidade. “Ele disse que ia fazer mais filhos para aumentar o dinheiro”, revelou. Raimundo Nóbrega vai levar o rebanho para uma propriedade dele no Pará, para evitar a perda de todas as cabeças de gado. Ele possuía 1.200, mas a seca matou 500 dos animais.
O pecuarista afirmou que somente com uma política de incentivo monetário aos produtores rurais, o Governo do Estado pode auxiliar no combate aos problemas provocados pela seca. “Só com financiamento com juros mais baixos e preços de alimentos para os animais também menores”, explicou.
Os produtores rurais também disseram que não compensa o cadastro na Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para o recebimento do grão, pois a quantidade não é suficiente.

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