Ministério da Saúde diz que distribuição de inseticidas é ineficaz

 

Moradores de Foz do Iguaçu receberam inseticidas para combater a dengue.
Segundo o coordenador da campanha, objetivo é mobilizar a população.

Samuel Nunes Do G1 PR

O Ministério da Saúde divulgou nesta quinta-feira (1º) uma nota em que reprova a campanha promovida pela Prefeitura de Foz do Iguaçu, no Paraná, para combater a dengue na cidade. A campanha pretende distribuir inseticidas em todas as casas da cidade. Em um vídeo, o prefeito Paulo Mac Donald convoca os moradores para aplicar o produto em um determinado horário, até sexta-feira (2), para matar o mosquito Aedes aegypti, que causa a doença.

Na nota, o ministério diz que “a estratégia do município de Foz de Iguaçu de distribuição de inseticidas para a população é desprovida de qualquer evidência científica de que funcione para evitar surtos de dengue, não sendo, portanto, recomendada pelo Ministério da Saúde”.
Contudo, o coordenador do Programa de Controle da Dengue de Foz do Iguaçu Jean Rios explica que essa campanha é apenas de mobilização da comunidade em torno do tema. “Não vamos deixar de combater os focos do mosquito na cidade”, diz. Rios diz que assim que a mobilização acabar, a prefeitura deverá reiniciar o trabalho de combate aos focos do mosquito.
Segundo o ministério, inseticidas só podem ser aplicados no combate à dengue em locais onde a infestação já foi detectada e precisa ser feita por técnicos das secretarias estaduais e municipais de saúde, em veículos que borrifam o produto pela região afetada.
Segundo Rios, essa prática chegou a ser feita, mas o produto utilizado precisava ser dissolvido em um óleo que causa manchas em móveis. “As pessoas começaram a fechar as suas casas e aí o efeito não era o mesmo”, conta.
O ministério diz ainda na nota que o uso indiscriminado de inseticidas pode reduzir a eficácia de programas de controle da proliferação do mosquito. Rios alega que para isso acontecer é preciso anos de uso de um mesmo inseticida, o que não ocorrerá em Foz. Todavia, para o ministério, a prática da prefeitura da cidade só corrobora com a inadequação do combate à dengue.