Por: Nadja Heiderich, professora da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP)
O
ano de 2024 tem se destacado pela ocorrência de eventos climáticos
extremos no Brasil, marcados por temperaturas recordes e uma seca severa
que atingiu proporções inéditas. Associada a um fenômeno El Niño
particularmente intenso e ao aquecimento global, a escassez de chuvas
afetou cerca de 59% do território nacional, segundo dados do Cemaden.
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A
seca também trouxe desafios significativos para o setor energético, com
os níveis dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste
alcançando 50% abaixo da média histórica, o que obrigou o acionamento de
usinas termelétricas, encarecendo a energia e aumentando as emissões de
carbono.
No âmbito da saúde
pública, os efeitos combinados da seca, das queimadas e das altas
temperaturas agravam doenças respiratórias e dificultam o atendimento a
comunidades isoladas, especialmente na Amazônia, onde a navegação nos
rios foi comprometida pela redução drástica do nível das águas. Esse
quadro também resulta em maior vulnerabilidade para populações que
dependem diretamente da agricultura familiar e enfrentam condições
adversas para sustentar sua produção.
Biomas
como Amazônia, Cerrado e Pantanal estão enfrentando as piores secas dos
últimos 70 anos, com o rio Paraguai atingindo níveis históricos
críticos, o que intensificou a degradação de ecossistemas e a ocorrência
de queimadas de grandes proporções.
Esses
impactos também atingiram o agronegócio de forma severa. Culturas como
soja, milho e feijão registraram quedas acentuadas na produtividade,
especialmente em áreas não irrigadas, com prejuízos ainda mais intensos
para pequenos agricultores e produtores familiares, cuja subsistência
foi diretamente comprometida. Paralelamente, a pecuária enfrentou
dificuldades devido à redução de pastagens e ao aumento dos custos de
suplementação alimentar.
Nesse
cenário de incertezas, os seguros agrícolas desempenham um papel crucial
na proteção do agronegócio brasileiro. Ao oferecer indenizações em caso
de perdas provocadas por eventos climáticos adversos, pragas ou
doenças, esses seguros fornecem segurança financeira aos produtores
rurais, possibilitando a continuidade de suas atividades mesmo em
condições desfavoráveis. Além disso, os seguros agrícolas incentivam a
adoção de práticas agrícolas mais modernas e sustentáveis, contribuindo
para a segurança alimentar e o desenvolvimento econômico do país.
A
crise de 2024 evidencia a necessidade de medidas urgentes para mitigar
os impactos das mudanças climáticas e garantir a sustentabilidade do
agronegócio. No entanto, o mercado de seguros agrícolas no Brasil ainda
enfrenta desafios como a baixa penetração e o custo elevado, que
dificultam o acesso para pequenos produtores.
Investir
em tecnologias agrícolas mais resilientes, implementar sistemas de
alerta precoce, gerir os recursos hídricos de forma integrada e ampliar o
acesso aos seguros agrícolas são passos fundamentais para enfrentar
esses desafios. Somente com ações concretas será possível minimizar os
impactos futuros, assegurando maior resiliência e competitividade ao
setor agrícola brasileiro, bem como segurança alimentar e energética
para o país.
A especialista: Nadja Heiderich é
Doutora em Ciências (Economia Aplicada) na Universidade de São Paulo.
Possui mestrado em Ciências (Economia Aplicada) pela Universidade de São
Paulo (2012). Graduada em Ciências Econômicas pela FECAP (2008). É
professora no Centro Universitário FECAP. Tem experiência na área de
Economia, com ênfase em Economia Aplicada, atuando principalmente nos
seguintes temas: meio ambiente, modelagem matemática, logística,
agronegócio.
Sobre a FECAP
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A Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) é referência nacional em Educação na área de negócios desde 1902. A Instituição proporciona formação de alta qualidade no Ensino Médio (técnico, pleno e bilíngue), Graduação, Pós-graduação, MBA, Mestrado, Extensão e cursos corporativos e livres. Diversos indicadores de desempenho comprovam a qualidade do ensino da FECAP: nota 5 (máxima) no ENADE (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) e no Guia da Faculdade Estadão Quero Educação 2021, e o reconhecimento como melhor centro universitário do Estado de São Paulo segundo o Índice Geral de Cursos (IGC), do Ministério da Educação. Em âmbito nacional, considerando todos os tipos de Instituição de Ensino Superior do País, a FECAP está entre as 5,7% IES cadastradas no MEC com nota máxima.
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