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sábado, 28 de dezembro de 2024

Com calor e El Niño, dengue avança em SP e soluções tecnológicas surgem como alternativa

 

Oxitec

Com calor e El Niño, dengue avança em SP e soluções tecnológicas surgem como alternativa

A associação entre o aumento da temperatura e o fenômeno climático intensifica a proliferação do Aedes aegypti, tornando urgente a adoção de novas tecnologias no combate ao mosquito

Entre os dias 11 e 16 de novembro de 2024, o Governo de São Paulo realizou a Semana Estadual de Mobilização contra as Arboviroses, uma ação estratégica para reforçar o combate ao Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya. A mobilização teve como foco a conscientização da população e a eliminação dos criadouros do mosquito, especialmente em um momento crítico, com o aumento das chuvas e a proximidade do verão, quando há maior risco de proliferação do vetor.
 
Com mais de 2 milhões de casos e 1.900 mortes confirmadas por dengue em 2024 no estado, a ação se tornou ainda mais urgente.
 
Além da mobilização, o Governo paulista anunciou, na ocasião, investimentos de R$ 20 milhões para o enfrentamento das arboviroses. O montante foi destinado à compra de adulticidas, repelentes, medicamentos, equipamentos de nebulização e à ampliação de leitos hospitalares, com o objetivo de dar suporte às unidades de saúde que enfrentam o aumento dos casos. A aplicação desses recursos visou garantir uma resposta rápida e eficaz às necessidades emergenciais de combate à dengue e outras doenças transmitidas pelo Aedes aegypti.
 
Estudo da Unicamp destaca o impacto do calor no aumento dos casos de dengue
 
Nesse contexto, uma pesquisa recente realizada pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) trouxe uma nova perspectiva sobre o impacto climático no controle da dengue. O estudo concluiu que o aumento da temperatura pode ter um impacto desastroso na proliferação do Aedes aegypti..
 
Pesquisadores da Unicamp analisaram os números da dengue em Campinas, cidade que vive a maior epidemia da doença já registrada, com mais de 120 mil casos e 80 mortes em 2024. A pesquisa comparou dados mensais de incidência de dengue, registrados pela Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, e as médias de temperatura mensal, definidas pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, entre janeiro de 2013 e dezembro de 2022, focando na influência do calor e das chuvas no aumento dos casos. Embora fosse esperado que a precipitação tivesse maior impacto na incidência da doença, o estudo revelou que o calor foi o principal fator responsável pelo aumento dos casos.
 
Os pesquisadores descobriram que um aumento de 1 grau na temperatura média de um mês pode levar a um crescimento de até 40% nos casos de dengue dois meses depois. A relação entre o aumento da temperatura e o ciclo de vida mais rápido do Aedes aegypti foi destacada, com o calor acelerando o ciclo de reprodução do mosquito, resultando em uma maior população do vetor e, consequentemente, mais casos da doença. O estudo também reforçou que, com o agravamento da crise climática e os picos de temperatura, as epidemias de dengue podem crescer ainda mais nas cidades brasileiras.
 
Publicada na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, a pesquisa também alertou para o acúmulo de água parada e a circulação de diferentes sorotipos do vírus como fatores adicionais que contribuem para a disseminação da dengue. A metodologia desenvolvida no estudo pode ser adaptada para outras cidades, oferecendo uma ferramenta útil para predições sobre a doença.
 
Impacto do El Niño no aumento da infestação do Aedes aegypti
 
Outro fator que tem contribuído para a intensificação da proliferação do Aedes aegypti é o fenômeno climático El Niño. Pesquisa recente publicada na revista PLOS Neglected Tropical Diseases revelou que o El Niño está diretamente associado ao aumento da infestação do mosquito transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya no Estado de São Paulo. A análise de dados de 645 municípios paulistas do período entre 2008 e 2018 mostrou que os índices de larvas do Aedes aegypti em recipientes descartados ao ar livre aumentam substancialmente durante os anos de El Niño, quando as temperaturas ultrapassam os 23,3°C e as chuvas excedem 153 mm.
 
O estudo apontou que as regiões mais vulneráveis à proliferação do mosquito estão, principalmente, no centro e norte do Estado de São Paulo, e que as desigualdades sociais também desempenham um papel importante no agravamento da infestação. Embora o estudo não tenha analisado diretamente os casos de dengue, a relação entre o aumento da infestação e o crescimento dos casos da doença é bem estabelecida, uma vez que o vírus circula ativamente no Estado.
 
O El Niño, caracterizado pelo aquecimento das águas do Oceano Pacífico e alterações nas condições atmosféricas, tem impactos globais, incluindo chuvas excessivas e temperaturas elevadas em diversas regiões. Este fenômeno tem se tornado mais intenso e frequente, o que torna urgente o fortalecimento  do monitoramento e do controle dos criadouros do Aedes aegypti, em especial em períodos críticos como o verão. Nesse cenário, soluções inovadoras, como o uso de tecnologias de combate ao mosquito, ganham ainda mais relevância.
 
Soluções tecnológicas ganham força frente ao agravamento das condições climáticas
 
Com o aumento das temperaturas e o impacto crescente do El Niño, que favorece a proliferação do Aedes aegypti, as soluções tradicionais de combate ao mosquito, como a eliminação de criadouros, enfrentam desafios ainda maiores. Nesse cenário, tecnologias inovadoras começam a se destacar como alternativas eficazes para o controle do mosquito transmissor de doenças como a dengue, zika e chikungunya.
 
Uma dessas soluções é o Aedes do Bem™, que usa mosquitos Aedes aegypti machos autolimitantes para combaterem a própria espécie, funcionando como um larvicida fêmea-específico e controlando as fêmeas que picam e transmitem doenças como dengue, zika, chikungunya e febre amarela. A solução, desenvolvida pela multinacional de biotecnologia Oxitec, fundada na Universidade de Oxford, na Inglaterra e presente no Brasil há mais de uma década, está em comercialização desde 2021. Ela foi aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) em 2020.
 
A Oxitec desenvolveu duas versões do produto para o controle do Aedes aegypti: o Aedes do Bem™ PRO e o Aedes do Bem™ MINI. O Aedes do Bem™ PRO vem com uma caixa reutilizável, é voltado para o tratamento de áreas amplas e pode ser instalado em espaços públicos. Já o Aedes do Bem™ MINI vem com uma caixa reciclável e é destinado a residências. Ambos os modelos contêm um suporte plástico interno e um pote com ovos dos mosquitos Aedes do Bem™, que, ao serem ativados com água limpa, eclodem e geram apenas mosquitos machos. 
 
Assim que os machos atingem a fase adulta, em cerca de 10 a 14 dias, voam para o ambiente urbano, procurando ativamente e acasalando com as fêmeas do Aedes aegypti. Deste cruzamento, apenas os descendentes machos chegam à fase adulta, herdando dos Aedes do Bem™ a característica larvicida fêmea-específica. O resultado é a queda do número de fêmeas transmissoras de doenças, e, consequentemente, o controle populacional direcionado do Aedes aegypti na área.
 
O Aedes do Bem™ age especificamente no controle do Aedes aegypti e não afeta outras espécies de insetos benéficos ao meio ambiente, como abelhas, borboletas e joaninhas; não causa nenhum dano ao meio ambiente, às pessoas e aos animais; não é tóxico e nem alergênicos; não se concentra ao longo da cadeia alimentar e não causa efeitos adversos quando consumido por outros animais.
 
A diretora da Oxitec no Brasil, Natalia Ferreira, reconheceu a importância da realização da Semana Estadual de Mobilização contra as Arboviroses, destacando as ações de conscientização e eliminação de criadouros do Aedes aegypti. No entanto, ela enfatizou que, com o agravamento das temperaturas e o impacto do fenômeno El Niño, a adoção de soluções tecnológicas são um complemento essencial a essas ações. "Diante do cenário climático desafiador, é fundamental que a população se engaje ativamente no combate ao mosquito. Além disso, tecnologias como o Aedes do Bem™ oferecem uma alternativa eficaz e sustentável para controlar a população do mosquito, trabalhando em conjunto com as ações tradicionais", afirmou Natalia. 
 
Resultados comprovados
 
Em Indaiatuba, no interior de São Paulo, um projeto piloto de combate ao vetor, conduzido pela Oxitec em parceria com as autoridades municipais, demonstrou resultados altamente positivos na supressão das populações de mosquitos em áreas urbanas densamente povoadas. Durante cinco anos, a aplicação da tecnologia foi supervisionada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) e, após a aprovação comercial em 2020, continuou a ser implementada.
 
Os dados do projeto, publicados em 2022 na revista científica Frontiers in Bioengineering and Biotechnology, indicaram uma redução de até 96% nas populações de Aedes aegypti nas áreas tratadas, quando comparadas a regiões não tratadas da cidade. 
 
Em Congonhas, cidade mineira conhecida pelo alto índice de casos de dengue, a aplicação da mesma tecnologia também produziu resultados excepcionais. Durante um dos surtos de dengue mais severos da história do país, Congonhas conseguiu manter o aumento controlado de casos em apenas 299%, uma diferença de 90% em relação ao aumento explosivo observado em cidades vizinhas, que registraram picos de até 7.000% nos casos da doença. 
 
Desde a implementação da tecnologia em julho de 2023, os dados de infestação do mosquito Aedes aegypti em Congonhas, divulgados pela prefeitura da cidade, mostraram uma queda significativa. O índice LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti) da cidade, medido em janeiro de 2024, registrou um valor médio de 1,8, marcando uma melhora substancial em relação ao ano anterior, quando o índice médio foi de 2,8. Em maio de 2024, após 10 meses de uso do Aedes do Bem™, Congonhas alcançou um marco histórico: a inexistência de criadouros do mosquito em 1.004 imóveis vistoriados, com índices de infestação considerados indetectáveis.
 
Esses resultados demonstram a capacidade do Aedes do Bem™ em controlar de maneira eficaz o Aedes aegypti, sem causar danos ao meio ambiente ou a outras espécies. Com os índices de infestação quase zerados e uma redução significativa nos casos de dengue, Congonhas se consolida como um exemplo de sucesso no uso de inovações biotecnológicas no combate às arboviroses.
 
Sobre a Oxitec 
 
A Oxitec é líder mundial em soluções sustentáveis de engenharia biológica para as ameaças representadas pelas maiores pragas do mundo para a saúde humana, segurança alimentar e sustentabilidade ambiental. A primeira a comercializar soluções espécie-específicas, direcionadas e autolimitantes, a Oxitec desenvolveu a plataforma de Tecnologia do Bem™, que está promovendo soluções diversificadas para desafios críticos em todo o mundo. Impulsionada por uma equipe composta por 15 nacionalidades e com fortes parceiros, colaboradores e distribuidores em vários países e mercados, a Oxitec está liderando a transição global para o manejo sustentável de pragas.

 




Virei Notícia

Manu Vergamini
manu.vergamini@vireinoticia.com.br
(11) 98772-1162

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