A
Festa Literária Internacional de Paraty - FLIP, que se encerra neste
domingo (26/11), está sendo marcada diversidade e inclusão. A começar
pela prevalência feminina na programação oficial; dos 44 autores
convidados, 33 são mulheres. Além disso, a escolha da homenageada deste
ano, a escritora Patrícia Galvão, a Pagu, já é um chamamento à igualdade
de gênero, já que a escritora é um nome caro ao feminismo brasileiro.
Além
da ênfase na programação oficial, a presença feminina na literatura
ganha destaque nas mais de 30 casas parceiras do evento. A Casa Gueto,
por exemplo, homenageia Tula Pilar, poeta, negra, mineira, mãe de três e
que participava e organizava saraus em São Paulo. Além disso, a
temática é recorrente em debates, oficinas e workshops realizados pela
cidade.
A
edição deste ano da FLIP também recebe a primeira casa voltada à
temáticas LGBTQIA+. A Casa Queer aborda, entre outros temas, literatura
jovem LGBT e feminismo lésbico. A iniciativa conta com o apoio do grupo
Paratodes Paraty, inciativa de cunho social para acolhimento ao público
LGBTQA+ na cidade.
Outra
estreia na edição deste ano da FLIP é a Casa das Favelas, que surge
como vitrine à literatura de margem e das periferias do país. Organizada
pela Agência de Notícias das Favelas (ANF), a casa está reunindo
artistas e pensadores de favelas e periferias brasileiras. Ainda estão
incluídos no evento discussões relacionadas à realidade negra na
dramaturgia, comunidades tradicionais quilombolas e indígenas e, até
mesmo, dramaturgia para autistas.
Iniciativa literária defende pluralidade de vozes
Mais
uma iniciativa que participa pela primeira vez da FLIP é o projeto
“Toma Aí Um Poema”, que possui o compromisso de promover a diversidade e
a inclusão no mundo literário. Lançado pela poeta finalista ao prêmio
Jabuti em 2022, Jéssica Iancoski, a iniciativa viabiliza a publicação de
livros por meio de financiamento coletivo, dando voz a poetas diversos.
Além disso, por não possuir fins lucrativos, a iniciativa abre mão dos
direitos autorais para que os autores os possuam por inteiro.
Na
FLIP, a iniciativa está defendendo o lema "Publicar é um direito",
reforçando a importância da democratização do acesso ao mercado
editorial. “O direito de publicar é uma celebração da liberdade de
expressão e da crença de que todas as vozes têm valor e merecem ser
compartilhadas. Cada voz única adiciona uma nova dimensão à rica
tapeçaria da literatura, e é nosso dever apoiar aqueles que estão
dispostos a compartilhar sua visão com o mundo”, destaca Iancoski.
De
acordo com a poeta, a literatura tem o poder de refletir e moldar a
visão de mundo. Assim, quando histórias de grupos marginalizados são
contadas, elas enriquecem o cenário cultural com novas cores e texturas.
“Essas narrativas oferecem perspectivas únicas, desafiando estereótipos
e preconceitos, e abrindo caminho para uma compreensão mais profunda e
inclusiva das diversas experiências humanas”, citou.
Além
de poetas consagrados, a “Toma Aí Um Poema” dedica especial atenção aos
talentos emergentes, privilegiando originalidade, qualidade e as
mensagens a serem transmitidas. “Acreditamos que é nosso papel oferecer
uma plataforma para esses autores promissores, dando-lhes a oportunidade
de compartilhar suas obras com o mundo. Mais do que isso, acreditamos
que incentivar a escrita e a publicação de novos autores é fundamental
para a saúde e a diversidade da poesia”, disse Iancoski.
Durante
a FLIP 2023, a “Toma Aí Um Poema” está promovendo atividades em dois
locais: na Casa Ópera e na Casa Gueto. A programação inclui 10
lançamentos, oficina de poemas, workshop de escrita, sarau e
confraternizações. Entre os destaques, estão os lançamentos das
antologias “Poetas do Ano 2023: Publicar é um direito” e "Pelo Direito
de Existir", ambas viabilizadas por meio de financiamento coletivo.
A
antologia “Poetas do Ano 2023: Publicar é um direito” celebra a
expressão poética contemporânea, reunindo talentos emergentes e poetas
em atuação. A publicação reúne estilos e temas variados, destacando as
emoções que a poesia pode oferecer. Já a antologia "Pelo Direito de
Existir" trata justamente de inclusão e do direito de cada voz ser
ouvida.
Sobre a Toma Aí Um Poema
A
“Toma Aí um Poema” é uma iniciativa social de acolhimento, incentivo e
desenvolvimento da escrita e da leitura. Mantém um podcast de mesmo
nome, com mais de 65 mil ouvintes somente no Spotify, o que o torna o
maior de literatura falada no Brasil. Nas redes sociais, promove a
popularização da poesia, além de incentivar a discussão sobre temas
relevantes abordados nos poemas. Como editora, viabiliza a publicação de
livros físicos, digitais e revistas, fazendo circular novos pontos de
vista dentro da literatura brasileira.
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