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Quase um ano após o início da guerra Lula recebeu o Chanceler alemão Scholz. Na conferência de imprensa falaram da guerra na Ucrânia e Lula usou os mesmos argumentos que Bolsonaro e, em Portugal, o PCP. João Marques de Almeida para o Observador:
No
caso de Lula, poderíamos dizer que nunca demora muito tempo a apanhar
um radical. O facto de Bolsonaro fazer Lula parecer um moderado, não
significa que Lula o seja. Apenas mostra que Bolsonaro ainda é mais
radical do que Lula. O radicalismo de ambos é claro quando falam da
guerra na Ucrânia. Aí, Lula e Bolsonaro estão completamente de acordo.
Lembram-se quando Bolsonaro visitou Putin uns dias antes da Rússia
atacar a Ucrânia para mostrar a “amizade entre o Brasil e a Rússia”?
Ontem,
quase um ano depois do início da guerra, Lula recebeu o Chanceler
alemão Scholz. Na conferência de imprensa, falaram da guerra na Ucrânia,
e Lula usou os mesmos argumentos que Bolsonaro e, em Portugal, o PCP.
Insinuou que a NATO, a União Europeia e a própria Ucrânia também tinham
responsabilidades pela guerra. Lula acrescentou ainda uma frase
extraordinária: “só há guerra quando as duas partes querem combater.”
Nunca ninguém ensinou o Presidente brasileiro que as potências invasoras
nunca querem uma guerra, apenas pretendem invadir e conquistar em paz.
Hitler também nunca quis a segunda guerra mundial, apenas quis invadir e
conquistar a Polónia, a França e até a União Soviética. Se usarmos a
lógica de Lula, só houve guerra porque os países atacados e os seus
aliados resolveram defenderem-se.
As
afirmações de Lula foram de tal modo inaceitáveis que Scholz,
habitualmente, um politico controlado e frio, se viu obrigado a
responder de um modo pouco diplomático (convém recordar que Scholz é um
político de centro esquerda, não é um populista de direita). Afirmou que
“a agressão da Rússia não é apenas uma questão europeia mas constitui
uma violação do direito internacional.” Scholz foi ainda mais longe e,
dirigindo-se directamente a Lula, disse que “a história do Brasil teria
sido menos pacífica se alguns dos seus vizinhos quisessem alterar as
fronteiras pela força.”
Mas
a guerra na Ucrânia não é apenas uma invasão militar da Rússia, também é
um conflito entre uma ditadura e um país democrático. Lula passou os
últimos meses a afirmar que lutava pela democracia brasileira contra
Bolsonaro e a extrema direita. Acusou o seu antecessor de ter provocado
uma tentativa de golpe de estado em Brasília. Como é que Lula percebe o
que é uma ameaça à democracia no Brasil e não entende que Putin é um
ditador? Se Lula não entende o óbvio da política – qual é o lado certo
numa guerra entre uma ditadura e uma democracia – o futuro do Brasil
continua a ser muito preocupante.
Postado há 20 hours ago por Orlando Tambosi
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