E Julieta disse a Romeu: De que vale um nome, se o que chamamos rosa, sob outra designação teria igual perfume?
William Shakespeare
Adriano Alves-Marreiros*
O Bardo falou de perfume, mas a coisa vale para aromas menos agradáveis, também. Andei estudando Análise Comportamental do Direito e tenho até um livro em que a uso bastante. Ainda lembro das aulas do Prof. Júlio no Mestrado, explicando que a Consequência condicionada socialmente generalizada do Direito é a sanção. E que para a sanção ser efetiva, ela tem que ser aversiva e consistentemente aplicada. Explicando melhor, tem que ser algo que desagrade o sancionado – que faça com que o que ele tem a perder seja mais que o que tem a ganhar – e, usualmente, ser aplicada quando ocorrer a conduta que ser coibir.
E não é só disso que lembro. Lembro também que estava ministrando uma palestra-debate num congresso com meus amigos Alexandre e Henrique e, de repente me surgiu uma questão: o que acontece se, em vez de ser consistentemente aplicada quase sempre que ocorre um determinado comportamento, ela só for aplicada a um determinado grupo. Digamos, se num jogo de futebol só marcam faltas e pênaltis, inclusive inexistentes, contra um time e o outro pode tudo? Bem, o que decorre disso é uma guerra assimétrica com grandes dificuldades de vitória para o lado prejudicado. Não é para isso que são aplicadas as sanções: se bem que Stalin discordaria...
Por algum motivo, isso me fez lembrar do “politicamente correto” e do que sempre se fala dele, e com muita razão: “o politicamente correto não é sobre o que se fala, mas sobre QUEM fala”. Militantes de certas ideologias possuem, em geral, salvo conduto para falar qualquer coisa tida como proibida sem sofrer as consequências que os que não seguem ideologias sofrem, até mesmo quando não dizem, mas “alguém” inventa que ele quis dizer isso ou aquilo, isto é, quando são atacados com a falácia do espantalho: aquela em que inventam que você disse o que não disse e batem nessa invenção...
Com as tais “fake news”, parece que acontece a mesma coisa: uns podem inventar qualquer narrativa sem punição, enquanto outros são acusados de “ desinformação” até quando falam a verdade. Curioso é que essa modinha de falar em “fake news” tenha surgido justamente quando mais verdades começaram a aparecer nas redes. Parece até que os alvos não são as fakes... Sei lá, talvez seja só a impressão delirante de “teórico terraplanista e outros istas”, como vão me xingar. Mas é só pra coibir mentiras, não é?! Bem, esta semana eu vi ser censu, digo, devidamente barrado (não quero que esta crônica o seja), um vídeo em que só usavam notícias e fatos verdadeiros mas chegavam a conclusões incômod, digo, erradas, muito erradas!!! (não posso comprometer a Tribuna). Ficava claro que era mesmo um caso de desordem informacional, de que eu nunca ouvi falar, não sei do que se trata, mas quero afirmar que ocorreu, está correta a decisão e só não a entendo por causa da minha ignorância e desordem: desordem porque ainda não recebi as ordens que me farão entender.
Em todo caso: é melhor orar pela Jovem Pan!
Caiam Mil ao teu lado
E dez mil à tua Direita
E Tu não serás atingido
E só com teus olhos contemplarás
E verás o castigo dos ímpios
Porque o Senhor é o teu refúgio
E do Altíssimo fizeste o teu abrigo
Salmo 91
* Adriano Alves-Marreiros, que vai orar muito e não só pela Jovem Pan...
P.S.1: Leiam o artigo do Morgenstern sobre “fake news” no livro “O Inquérito do fim do mundo” da Editora E.D.A.
P.S.2: Compre o livro de crônicas aqui: < https://editoraarmada.com.br/produto/2020-d-c-esquerdistas-culposos-e-outras-assombracoes-colecao-tribuna-diaria-vol-iii/ >
P.S.3: Agora o livro 2020 D.C. Esquerdistas Culposos e outras assombrações tem uma trilha sonora com canções e músicas de filmes citados: < https://open.spotify.com/playlist/49FDRIqsJdf4oxjnM2cpc3?si=SSCu339_T5afOSWjMkk9wA&utm_source=whatsapp >
Crux Sacra Sit Mihi Lux / Non Draco Sit Mihi Dux
Vade Retro Satana / Nunquam Suade Mihi Vana
Sunt Mala Quae Libas / Ipse Venena Bibas
(Oração de São Bento cuja proteção eu suplico)
* Publicado originalmente no site Tribuna Diária e enviado a Liberais e Conservadores pelo autor.
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