Lula e o risco da imaginação: coluna de William Waack para o Estadão:
A mulher pobre e evangélica já tomou a primeira decisão das eleições: vai mandar Bolsonaro
para o 2.º turno. É nessa pessoa que convergem três típicas categorias
em que são divididos dados de pesquisas de opinião: baixa renda,
eleitorado feminino, religião.
Os
últimos levantamentos indicam que Bolsonaro está conseguindo evitar uma
derrota já em 1.º turno. O retrato do momento indica que só perderia no
2.º se a eleição fosse no próximo domingo. Um 2.º turno está marcado
para daqui a nove domingos.
Lula
preserva vantagem sobre Bolsonaro entre mulheres, eleitores de baixa
renda e no Nordeste. Ocorre que o presidente, mesmo sendo o mais
rejeitado, empata ou até tem vantagem em colégios eleitorais de peso
(Sul e Sudeste) e entre evangélicos. Enquanto a recuperação da economia o
ajuda até certo ponto nas menores faixas de renda.
Ou
seja, ainda que em desvantagem, Bolsonaro está conseguindo falar com
essa mulher pobre e evangélica. Dois outros fatores prometem ajudar a
chegar ao 2.º turno. O primeiro é especulativo: apesar da preferência de
voto parecer bastante consolidada, um contingente estimado em até um
terço dos “decididos” estaria disposto a mudar o voto.
Além
disso, ocorreu nos últimos dias um relativo crescimento das
candidaturas de Ciro Gomes e Simone Tebet. Que diminuiu
consideravelmente a probabilidade de Lula liquidar a fatura no 1.º turno
(algo que nunca conseguiu) e, com isso, altera de forma substancial
para Lula o que vem depois.
Na
noite de 2 de outubro ele já saberá o tamanho da encrenca chamada
Centrão. A mulher pobre e evangélica não tem muita noção disso, mas
nesse domingo ela já determinou também o tamanho das bancadas
parlamentares, pelas quais tanto se empenharam os caciques dos partidos.
E com quem Lula terá de negociar não só para garantir a vitória final
quatro domingos adiante, mas por muitos e muitos domingos vindouros.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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