A falta de barras de chocolate nas prateleiras atingiu o patamar de 20,3%, maior indisponibilidade desde maio de 2020, quando o índice atingiu 17,8%
Foto: Guilherme Pinto / Extra
Os preços mais altos têm feito os supermercados apostarem menos na reposição de itens não essenciais. No mês de maio, a indisponibilidade de chocolates disparou nas gôndolas e a venda dessa categoria de produtos diminuiu. A falta de barras de chocolate nas prateleiras atingiu o patamar de 20,3%, maior indisponibilidade desde maio de 2020, quando o índice atingiu 17,8%. Em abril, o indicador havia ficado em 11,1%. Os dados são do Índice de Ruptura da Neogrid, que considera os dados de cerca de 80% das maiores redes supermercadistas do Brasil.
Ainda de acordo com o indicador da Neogrid, a venda média de unidades registrou o menor volume em três anos (2020 a 2022), repetindo o patamar de janeiro passado. Por questões contratuais, no entanto, a Neogrid não divulga números absolutos de estoque e venda.
Para o diretor de Sucesso do Cliente da Neogrid, Robson Munhoz, com a inflação e o embate entre indústria e varejo para que o custo da produção não seja repassado aos itens nas gôndolas, os varejistas vêm trabalhando com estoques cada vez menores e repondo menos os chamados produtos de indulgência, aqueles que os consumidores compram para se presentear.
"O supermercado abasteceu menos, a prateleira está menos reforçada, e, tirando o efeito Páscoa, quando a ruptura no mês seguinte ao evento de fato sobe um pouco, agora o que vimos é uma diminuição de estoque e de venda - o varejo comprou menos chocolate porque acreditou que venderia menos em virtude do aumento de preço e da dificuldade de dinheiro do consumidor no supermercado",afirma Munhoz.
E completa: "Com menor poder de compra e produtos mais caros, o consumidor não vai praticar indulgência consigo: vai comprar aquilo que é básico."
Em maio, a Horus - empresa de inteligência de mercado da Neogrid - constatou retração na incidência de chocolate nos cupons de compra em relação ao mês anterior.
Em abril, mês da Páscoa, o chocolate esteve presente em 14% dos carrinhos de compras, enquanto em maio essa proporção caiu para 9,5%, derrubando também o tíquete médio em 43% e o número médio de unidades de 2,7 para 2,1. Nos 12 meses entre junho de 2021 e maio de 2022, segundo a Horus, o preço médio do chocolate aumentou 22,7%. No ano de 2022, o IPCA acumula alta de 4,78% e, nos últimos 12 meses, de 11,73%.
A ruptura geral das categorias em maio ficou em 11,5%, pouco acima dos 10,8% registrados em abril e também em março. Estoque e venda gerais praticamente não se alteraram em relação a abril - mês que registrou o menor estoque desde o começo da pandemia, em 2020.
"O estoque segue baixo, e o varejista continua se vendo obrigado a negociar com a indústria, que ainda tenta repassar o aumento de preço por conta do aumento de insumos", destaca o diretor da Neogrid. Com isso, afirma, "essa negociação vai ficando mais dura e acirrada e competitiva".
Fonte: Estadão Conteúdo
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