MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 9 de maio de 2021

Ministros procuram embaixador da China para consertar mais um erro de Jair Bolsonaro

 


Bolsonaro cria embaraços internacionais e coloca o país em risco

Pedro do Coutto

A GloboNews colocou no ar no jornal das 18 h de sexta-feira, um pequeno vídeo sobre a iniciativa dos ministros Carlos França, Marcelo Queiroga e Paulo Guedes que foram à Embaixada da China em Brasília para um encontro com o embaixador do país para tentar contornar o mal-estar criado na política diplomática, consequência de uma fala do presidente Jair Bolsonaro sobre a vacina fornecida ao Brasil.

Bolsonaro de forma indireta, mas quase direta, ainda insinuou novamente que o coronavírus foi iniciativa da China para expandir a sua presença na economia de diversas nações, entre as quais situa-se o Brasil. Os três ministros assumiram o episódio até então inédito na diplomacia brasileira, ou seja, tentar consertar um erro, mais um da série, cometido pelo presidente da República.

INTERFERÊNCIA – A GloboNews colocou a matéria com destaque e a reportagem acentuou que o embaixador da China aceitou as desculpas e aparentemente o assunto estaria encerrado. Mas o que causa espanto à população brasileira é o fato de um presidente da República necessitar da interferência do chanceler e de mais dois ministros de Estado para remediar e, com isso evitar, qualquer represália no plano econômico e social. Pequim é hoje a capital do país que se tornou o maior parceiro comercial do Brasil.

O comércio entre as duas nações oscila em torno de US$ 100 bilhões por ano, significando 40% das exportações brasileiras. O temor dos integrantes do governo é o de que possam ser suspensas ou reduzidas as exportações de soja, de carne, de minério de ferro e até de petróleo para o país que mais cresceu no último ano. Quando o presidente Bolsonaro fala, o agronegócio fica extremamente preocupado.

CPI DA PANDEMIA – Numa pequena entrevista na entrada do Palácio do Planalto a um grupo de repórteres, o vice-presidente Hamilton Mourão disse que o general Eduardo Pazuello não poderá se furtar a comparecer à Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, quando deverá responder às perguntas que lhe forem feitas pelos senadores. Afinal de contas, ele foi ministro da Saúde e a sua nomeação foi considerada de risco pelo próprio governo em face de ser ele um general da ativa.

Pazuello, acrescentou Hamilton Mourão, não deverá comparecer fardado, pois o cargo que desempenhou é de natureza civil. Portanto, tem que comparecer com trajes civis. Nesse ponto, Mourão fixa uma posição absoluta igual a do general Paulo Sérgio Nogueira, atual comandante do Exército escolhido pelo ministro da Defesa Braga Netto.

A situação de Eduardo Pazuello está confusa, como assinalam as reportagens de Jussara Soares, no O Globo de sábado, e de Felipe Frazão e Rafael Moraes Moura, no Estado de São Paulo. Jussara Soares revela que Pazuello decidiu recusar o cargo que o presidente Jair Bolsonaro lhe ofereceu na Secretaria Geral da Presidência da República.

AGU – O Planalto havia escalado a Advocacia Geral da União para orientar o depoimento e o desempenho do ex-ministro da Saúde na CPI. Mas Pazuello resolveu recusar a nomeação, o que faz com que retorne para sua função militar, não aceitando integralmente que a sua defesa seja feita pela AGU.

Este fato é impactante , até porque Pazuello já contratou o advogado criminalista Zoser Hardman para assessorá-lo e defendê-lo se for o caso no inquérito constituído no Senado Federal.  Ao rejeitar o cargo, Pazuello demonstra tacitamente que se afastou ou está se afastando do presidente Jair Bolsonaro. Com isso, cresce a importância do seu depoimento marcado para o dia 19. Ele não poderá recuar, pois o  seu comparecimento determinado pela CPI está também na vontade do presidente da República.

AMAZÔNIA – Reportagem de André Borges, Estado de São Paulo, com dados do próprio Ibama, revela que o desmatamento da Amazônia bateu um novo recorde no mês de abril deste ano , crescendo 42% em relação ao mês de abril de 2020.

Chega-se à conclusão, como resultado de todas as setas críticas convergindo contra Salles, que o ainda ministro do Meio Ambiente está reunindo prejuízos de alto porte para o Brasil. A presença de Ricardo Salles no ministério está criando graves problemas para o esforço internacional contra o desmatamento da Amazônia e também as queimadas no Pantanal do Mato Grosso do Sul.

VICE PARA 2022 – O Globo, matéria de Paulo Cappelli, edição de ontem, diz que Jair Bolsonaro, Lula da Silva, Ciro Gomes e João Dória, os dois primeiros candidatos reais, estariam à procura de um candidato a vice para companheiro de chapa.

A meu ver, Ciro Gomes, alvejado por Lula, não tem condições de disputar com qualquer possibilidade de vitória. O governador João Doria, conforme ele próprio já deixou claro, sentindo-se sem espaço entre Lula e Bolsonaro, provavelmente tentará a reeleição para o governo de São Paulo. Poderá até formar ao lado de Lula, uma vez que não existe hipótese dele se alinhar com Bolsonaro, pois já foi excluído por este de forma absoluta. Além do mais, a João Doria não interessa a Vice -Presidência da República.

A interpretação que merece ser colocada é a de que Jair Bolsonaro não está nada satisfeito com a presença de Hamilton Mourão no Planalto. O general vem em diversas ocasiões criticando ministros do governo. Foi o caso de Ernesto Araújo, e agora o episódio  com Eduardo Pazuello. A meu ver, nitidamente, Hamilton Mourão representa e lidera uma corrente militar totalmente adversa ao pensamento de Bolsonaro que ao invés de orientar, desorienta a Administração e, com isso, desorienta o próprio país.

REVISTA ÉPOCA –  Na edição de sexta-feira, O Globo em reportagem que ocupou página inteira, anunciou que a revista Época, da família Roberto Marinho, vai deixar de circular a partir de 29 de maio. Afirma o texto que o crescimento da edição online do jornal vem absorvendo e reduzindo, em consequência, a venda da revista nas bancas, cujo conteúdo será editado online e, semanalmente, publicado na tradicional edição impressa de O Globo.

Esse fato, a meu ver, acentua estar em curso uma reforma em todo o sistema Globo a partir deste ano e que já envolve uma parceria da Som Livre com uma empresa de grande porte americana, a parceria da TV Globo e da GloboNews com o Google, e agora a retirada de circulação da revista Época.

A qualidade da TV Globo é bastante elevada, da mesma forma que os leitores do jornal e os que acessam as edições online, as quais permitem atualização dos fatos quase em tempo real. Entretanto, assinalo que para informações tópicas e que ocupam pouco espaço, as edições online servem para percepção urgente do que acontece na economia, na política, na administração e na área policial, como foi o caso  do desfecho de sangue no Jacarezinho.

ANÁLISES PROFUNDAS – Entretanto, para análises mais profundas dos fatos, é preciso ler-se as edições impressas porque é impossível que uma edição online possa transcrever, por exemplo, uma reportagem de página inteira como essa do O Globo sobre a saída da revista Época das bancas de jornal.

Uma coisa é a notícia tópica e curta, outra é o desdobramento lógico dos assuntos, cada vez mais detalhada de acordo com a importância do episódio acontecido ou do lançamento de algum programa de impacto na opinião pública.

Dentro de alguns dias, voltarei ao assunto. Ele é fascinante e dá margem para que se analise o processo de formação de opinião de forma clara, transparente e objetiva. Até hoje, nenhum meio de comunicação que tenha surgido conseguiu abalar aquele ao qual imediatamente sucedeu. Está aí o exemplo da televisão e do rádio, o do cinema e os jornais, a internet e as edições de papel através das quais assim caminha a humanidade, como o título do filme de George Stevens.

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