Recupera-se
bem uma bebê de 40 dias que foi submetida a uma cirurgia de correção de
persistência do canal arterial, procedimento inédito no sul da Bahia.
Prematura de 29 semanas e quatro dias, Alice está internada, desde o dia
17 de abril, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Manoel
Novaes (HMN), em Itabuna, para ganhar peso, pois nasceu com 1,225 kg, e
com problema de canal arterial persistente. Por isso, fora submetida a
uma cirurgia de emergência. Conduzido pelos médicos Sidnei Nardeli,
coordenador do Serviço de Cirurgia Cardiovascular da Santa Casa de
Misericórdia de Itabuna (SCMI), e Pablo Namorato, cirurgião
cardiovascular pediátrico da SCMI, o procedimento foi feito na noite da
última quinta-feira (27) no Centro Cirúrgico do HMN. “Inicialmente,
tentamos resolver o problema com medicamentos, mas sem o resultado
esperado. Por isso, decidimos pela intervenção e o bebê está
apresentando uma evolução muito boa”, relata Pablo Namorato.
De acordo com o médico Pablo Namorato, a persistência do canal arterial
é necessária para o crescimento do bebê. “Depois do nascimento, esse
canal é fechado naturalmente. Quando isso não ocorre, é feito tratamento
com medicação. Quando o resultado não é satisfatório, fazemos
intervenção cirúrgica. Este foi o caso da nossa paciente, que tinha
muita dificuldade para respirar e hoje está bem”. Hoje, Alice está com
um pouco mais de 1,715kg. O cirurgião cardiovascular Sidnei Nardeli
explica que o canal arterial é uma estrutura fetal que existe entre as
duas artérias que saem do coração (aorta e pulmonar). “Uma estrutura que
todas as pessoas têm aberta e com fluxo, quando estão no útero materno.
Quando o bebê nasce, o canal deve fechar. No caso dessa criança, não
fechou, o que estava possibilitando a passagem de uma grande quantidade
de sangue para o pulmão, podendo causar insuficiência respiratória e
outras complicações. Caso não seja cuidado, a longo prazo, essa
complicação pode até causar danos irreversíveis. O bebê poderia torna-se
um adulto com a qualidade de vida muito ruim”, conta. Sidnei Nardeli
detalha que, com esse tipo de patologia, o bebê pode enfrentar uma série
de complicações de saúde, porque causa o roubo de fluxo, encharca o
pulmão e pode comprometer outros órgãos. “Durante muito tempo, aqui na
Bahia, esse tipo de cirurgia era feita em outros centros distantes, como
Salvador, mas há dois anos implantamos em Vitória da Conquista, no
Hospital IBR, e agora trouxemos esse serviço para Itabuna”. O cirurgião
cardiovascular destaca que antes esse tipo de cirurgia exigia uma
logística complexa. “Para levar essa paciente para Salvador, por
exemplo, precisaria de uma UTI área porque é um prematuro extremo, de
alto risco. Fazendo esse procedimento na unidade onde ela está internada
reduz muito o risco de ter uma complicação no transporte. Além do alto
risco no deslocamento, o serviço de transporte é muito caro. São muitas
as vantagens com a realização desse tipo de procedimento aqui em
Itabuna”. A diretora técnica do Hospital Manoel Novaes, Fabiana Chávez,
comemorou o sucesso da primeira cirurgia cardíaca pediátrica no sul da
Bahia. “Esse procedimento significa um avanço fantástico na nossa
assistência. Pela primeira vez na nossa história realizamos um
procedimento desse tipo na nossa região. Essa é uma conquista para ser
celebrada por todos, principalmente por ter sido realizado pelo Sistema
Único de Saúde (SUS)”. Quem também comemorou muito o sucesso da cirurgia
foram o motoboy André Luís de Souza e a estudante Thalia de Oliveira
Ferreira, pais da pequena Alice, moradores do bairro Novo Prado, em
Itamaraju, no extremo-sul da Bahia. “A gravidez da minha esposa foi de
alto risco e tivemos que esperar o município regular para que ela
recebesse o atendimento adequado. Ela ficou uma semana esperando lá.
Sofreu muito antes de ser transferida para aqui, onde teve atendimento
de excelência”, recordou-se. (Pimenta)
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