De um lado há um governo que protege os seus cidadãos como fazem as democracias. Do outro, um movimento que usa a população para fins políticos, como os regimes totalitários, transformando-a em mártir. João Marques de Almeida para o Observador:
Já
voltaram os ataques habituais contra Israel e a defesa do Hamas. Mas
foi o Hamas que começou por atacar Israel com mísseis. Como faria
qualquer governo para defender os seus cidadãos, Israel respondeu com
força e poder militar. Como qualquer outro país numa situação de guerra,
os israelitas cometem erros e abusos. Mas há uma grande diferença entre
os dois lados: os respectivos valores políticos. Israel é uma
democracia, o Hamas é um movimento terrorista e totalitário.
Para
quem considera que os valores políticos são fundamentais, e os
defensores das democracias, seguramente que concordam com este ponto,
essa diferença é crucial para avaliar o conflito. Há uma ligação
profunda entre os valores políticos e o modo como se usa a força militar
e se protege os cidadãos. Israel investe bastante na defesa dos seus
cidadãos, uma prioridade absoluta. Por isso, construiu um sistema de
defesa anti-mísseis altamente eficaz. Além disso, existem bunkers de
proteção em quase todas as casas e prédios, de habitação e de trabalho.
O
que faz o Hamas para proteger os seus cidadãos dos ataques de Israel?
Pouco ou nada. Estiveram anos a investir, com a ajuda do Irão, nos seus
mísseis, mas nada fizeram para desenvolver um sistema de defesa. Pelo
contrário, em vez de proteger os cidadãos da Faixa de Gaza, colocam-nos
junto a armas e a edifícios militares, expondo-os assim aos ataques de
Israel. De um lado, há um governo que protege os seus cidadãos como
fazem as democracias. Do outro, um movimento que usa a sua população
para fins políticos, como outros regimes totalitários o fizeram,
transformando-os em mártires.
Os
valores políticos também estão ligados ao modo como se usa a força
militar. As forças israelitas avisam quando atacam alvos onde possam
estar civis, o que acontece frequentemente devido à política do Hamas de
misturar civis com armas. O Hamas ataca sobretudo alvos civis nas
cidades israelitas. Se não fosse o sistema de defesa israelita,
morreriam centenas de cidadãos de Israel. Mais uma vez, a diferença é
clara: Israel procura limitar o máximo as mortes de civis; o Hamas
procura matar o maior número de civis. A manipulação das imagens das
televisões dá uma imagem falsa sobre o modo como os dois lados usam a
força militar.
O
apoio das esquerdas radicais e comunistas europeias ao Hamas expõe o
modo como verdadeiramente pensam. Como sempre, entre um país democrático
e um regime totalitário, escolhem os seus pares. Nos países europeus,
muitos não entendem as extremas esquerdas, argumentando que em Israel
existem direitos políticos e sociais, respeita-se a igualdade entre
homens e mulheres, a liberdade de imprensa, enquanto na Faixa de Gaza
nada disso é respeitado. É, no entanto, fácil de entender. Para as
extremas esquerdas europeias, os valores são instrumentais. Quando
assistem ao que se passa no Médio Oriente, olham para um movimento
revolucionário a combater um país liberal, democrático e capitalista.
Para combater as democracias liberais e o capitalismo, qualquer aliado
serve.
Foi
assim com Lenine, com Trotsky e com Estaline. E será sempre assim. Cada
vez que virem o Bloco e o PCP defenderem as autoridades da Faixa de
Gaza, e atacar o governo de Israel, fiquem a saber que os seus aliados
são um movimento terrorista, o Hamas, um regime totalitário como o Irão,
e o regime autoritário de Erdogan que transformou a Turquia no país
europeu com mais jornalistas presos sem qualquer condenação.
PS:
Há umas mentes iluminadas que defendem a paz no Médio Oriente, mas
atacam os Acordos de paz entre Israel os Emirados Árabes Unidos, o
Bahrein, Marrocos e o Sudão. Fazem lembrar o que Stuart Mill disse do
seu Pai James Mill, “adorava a humanidade em geral, mas detestava cada
pessoa em particular.” Estes iluminados também defendem a “paz” em
geral, mas atacam os tratados de paz, sobretudo se forem assinados por
Israel.
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