Do capítulo homônimo de Ascensão e queda das Universidades, do Cardeal Henry Newman, por ocasião dos primeiros trabalhos da Universidade Católica, em Dublin, entre 1854 e 1856 d.C. Via Estado da Arte:
Se
me pedissem para descrever, tão breve e popularmente possível, o que
era uma Universidade, eu deveria esboçar minha resposta a partir daquela
antiga designação de Studium Generale, ou “Escola de Aprendizado
Universal.” Esta descrição implica a aglutinação de estranhos de todas
as partes em um ponto; — de todas as partes; de outro modo, como você
encontrará professores e estudantes para cada departamento do
conhecimento? e em um ponto; de outro modo, como pode haver algo que se
possa chamar uma escola? Assim sendo, em sua forma simples e rudimentar,
é uma escola de conhecimento de todos os tipos, consistindo em
professores e aprendizes de todo canto. Muitas coisas são necessárias
para completar e satisfazer a ideia incorporada nesta descrição; mas tal
como foi feita, a Universidade parece ser em sua essência um local de
comunicação e circulação de pensamento, através de um intercurso
pessoal, por uma vasta extensão do país.
Não
há nada artificioso ou insensato nesta ideia assim apresentada a nós; e
se isso for uma Universidade, então uma Universidade nada mais faz do
que contemplar uma necessidade da nossa natureza, e nada mais é do que
um espécimen em um meio particular, dentre muitos outros que podem ser
verificados em outros, de conseguir uma provisão para essa necessidade.
Educação mútua, num sentido amplo do termo, é uma das grandes e
incessantes ocupações da sociedade humana, levada a cabo em parte com um
propósito determinado, em parte não. Uma geração forma a outra; e esta
geração existente está sempre atuando e reagindo sobre si mesma nas
pessoas de seus membros individuais. Ora, nesse processo, os livros, eu
quase não preciso dizer, isto é, a litera scripta, são um instrumento
especial. É verdade; e o é enfaticamente nesta época. Considerando os
poderes prodigiosos da imprensa, e como ela se desenvolveu nesses tempos
nas edições jamais intermitentes de periódicos, tratados, panfletos,
obras em série, e literatura ligeira, devemos conceder que jamais houve
um tempo que prometeu de maneira mais franca dispensar quaisquer outros
meios de informação e instrução. O que mais podemos querer, você dirá,
para a educação intelectual do homem todo, e de todo homem, do que uma
tão exuberante e diversificada e persistente promulgação de todos os
tipos de conhecimento? Por que, você perguntará, devemos subir até o
conhecimento, se o conhecimento desce até nós? A Sibila escreveu suas
profecias sobre as folhas da floresta, e as perdeu; mas aqui se pode
condescender prudentemente a uma tão descuidada profusão, pois pode ser
proporcionada sem perda, em consequência da quase fabulosa fecundidade
do instrumento que estas últimas épocas inventaram. Temos sermões em
pedras, e livros nas correntes dos riachos; obras mais amplas e
exaustivas do que aquelas que deram aos antigos uma imortalidade vêm à
público toda manhã, e são projetadas adiante até os confins da terra à
taxa de centenas de milhares por dia. Nossos assentos estão mosqueados,
nossos pavimentos estão polvilhados, com uma multidão de pequenos
tratados; e os próprios tijolos dos muros de nossa cidade pregam a
sabedoria, informando-nos com suas placas onde podemos comprá-la a bom
preço imediatamente.
Retrato de Newman, por Everett Millais, 1881. |
Eu reconheço tudo isso, e muito mais; essa certamente é a nossa educação popular, e seus efeitos são notáveis. Não obstante, depois de tudo, mesmo nesta época, sempre que os homens são realmente sérios sobre adquirir o que, na linguagem do comércio, chamam “um bom produto,” quando eles buscam algo preciso, algo refinado, algo realmente luminoso, algo realmente amplo, algo seleto, eles vão a outro mercado; eles se permitem, num formato ou no outro, o método rival, o método antigo, da instrução oral, da comunicação presente entre homem e homem, de professores ao invés da erudição, da influência pessoal de um mestre, e da humilde imitação de um discípulo, e, em consequência, de grandes centros de peregrinação e aglomeração, que um tal método de educação necessariamente envolve. Isso, creio eu, se mostrará válido em todos os departamentos ou aspectos da sociedade que possuem interesse suficiente para reunir homens juntos, ou constituir o que se chama “um mundo.” Vale no mundo político, e no mundo elevado, e no mundo religioso; e vale também no mundo literário e científico.
Se
as ações dos homens podem ser tomadas por algum teste de suas
convicções, então temos razão ao dizer isto, ou seja: que a província e o
inestimável benefício da litera scripta é o de ser um registro da
verdade, e uma autoridade de apelação, e um instrumento de ensino nas
mãos do professor; mas que, se quisermos nos tornar rigorosos e
totalmente providos em qualquer ramo do conhecimento que seja
diversificado e complicado, devemos consultar o homem vivo e ouvir sua
voz viva. Não tenho a obrigação de investigar a causa disso, e tudo o
que eu disser será, tenho consciência, carente de sua análise completa:
talvez devamos sugerir, que nenhum livro pode nos conduzir através da
quantidade de questões minuciosas que se é possível fazer a respeito de
qualquer assunto extenso, nem pode pôr o dedo nas próprias dificuldades
que são separadamente sentidas por cada leitor em sucessão. Ou, mais uma
vez, que nenhum livro pode transmitir o espírito especial e as
delicadas peculiaridades de seu tema com a rapidez e a certeza presente
na simpatia da mente com a mente, através dos olhos, o aspecto, o
acento, e as maneiras, nas expressões casuais lançadas ao sabor do
momento, e os vieses não calculados da conversação familiar. Mas eu já
estou me alongando muito naquilo que não passa de uma porção incidental
do meu assunto principal. Seja lá qual for a causa, o fato é inegável.
Os princípios gerais de qualquer investigação você pode aprender através
dos livros em casa; mas o detalhe, a cor, o tom, o ar, a vida que a faz
viver em nós, você deve apanhar tudo isso daqueles em quem ela já vive.
Você deve imitar o estudante de Francês ou Alemão, que não se contenta
com sua gramática, mas vai a Paris ou Dresden; você deve tomar o exemplo
do jovem artista, que aspira visitar os grandes mestres em Florença ou
em Roma. Até que tenhamos descoberto algum daguerreotipo, que extraia o
curso do pensamento, e a forma, os lineamentos e os aspectos da verdade,
tão completa e minuciosamente, quanto o instrumento ótico reproduz o
objeto sensível, devemos ir aos professores da sabedoria para aprender a
sabedoria, devemos recorrer à fonte, e beber de lá. Porções dela podem
ir dela até os confins da terra através dos livros; mas a plenitude está
em um lugar ou no outro. É em tais aglomerações e congregações do
intelecto que os próprios livros, as obras primas do gênio humano, são
escritos, ou ao menos originados.
O
princípio sobre o qual venho insistindo é tão óbvio, e os exemplos em
questão são tão acessíveis, que eu deveria julgar cansativo seguir nesse
assunto, exceto pelo fato de que uma ou duas ilustrações podem servir
para explicar minha própria linguagem sobre isso, que talvez não tenha
feito justiça à doutrina sobre a qual ela vem tentando persuadir.
Por
exemplo, as maneiras polidas e o comportamento bem-educado que são tão
difíceis de se conquistar, e logo, quando conquistados, são estritamente
pessoais; que são tão admirados na sociedade, e da sociedade são
adquiridos. Tudo que serve para constituir um gentleman — o porte, o
andar, o trato, gestos, voz; a desenvoltura, o autocontrole, a cortesia,
o poder de conversação, o talento de não ofender; o princípio elevado, a
delicadeza do pensamento, a alegria da expressão, o gosto e a
propriedade, a generosidade e a paciência, o candor e a consideração, a
disponibilidade — essas qualidades, algumas delas vêm pela natureza,
algumas podem ser encontradas em qualquer nível social, algumas são um
preceito direto do Cristianismo; mas a união total delas, coligadas na
unidade de um caráter individual, acaso esperamos que possam ser
aprendidas dos livros? não são necessariamente adquiridas, quando estão
presentes, em alta companhia? A própria natureza do caso nos leva a
dizer; você não pode esgrimir sem um antagonista, nem desafiar seja quem
for a uma disputa antes de ter sustentado uma tese; e do mesmo modo,
conforme a razão, você não pode aprender a conversar até que tenha feito
o mundo conversar com você; você não pode desaprender sua timidez
natural, ou inabilidade, ou persistente deformidade, até ter cumprido o
seu turno na escola das boas maneiras. Bem, e não é assim na realidade? A
metrópole, a corte, as grandes casas de cada região, são os centros aos
quais em momentos determinados o campo vai, como a santuários de
refinamento e bom gosto; e então no devido tempo o campo retorna para
sua casa, enriquecido com uma porção das realizações sociais, que estas
mesmas visitas convocam e elevam nos seus graciosos dispensadores. Somos
incapazes de conceber como o tipo gentleman pode de outra forma ser
mantido; e ele é mantido desta forma.
E
agora um segundo exemplo: e aqui também eu falarei sem experiência
pessoal no assunto que estou introduzindo. Eu admito que não estive no
Parlamento, não mais do que eu imaginei no beau monde; ainda assim eu
não posso deixar de pensar que o estadismo, assim como a alta formação, é
aprendida, não pelos livros, mas em certos centros de educação. Se não
for presunçoso dizer isso, o Parlamento põe um homem de luzes au courant
da política e dos negócios de estado de um modo surpreendente para si
mesmo. Um membro do Legislativo, e toleravelmente observador, começa a
ver as coisas com novos olhos, mesmo que suas convicções não passem por
qualquer mudança. As palavras têm um sentido agora, e as ideias uma
realidade, tais quais não tinham antes. Ele ouve um belo montante de
discursos públicos e conversações privadas, que jamais vão ao prelo. A
orientação das medidas e eventos, a ação dos partidos, e as pessoas de
amigos ou inimigos, vêm à tona para o homem que está no meio delas com
contornos que a mais diligente averiguação dos jornais não será capaz de
lhes dar. É o acesso às linhas-mestras da sabedoria e da experiência
política, é o intercurso diário, de um tipo ou de outro, com uma
multidão que vai até eles, sua familiaridade com os negócios, seu acesso
às contribuições do fato e da opinião lançados juntos por muitas
testemunhas de muitos lugares, que fazem isso por ele. No entanto, não
preciso justificar um fato, ao qual basta indicar; que as Casas do
Parlamento e a atmosfera ao seu redor são uma espécie de Universidade da
política.
No
que tange ao mundo da ciência, encontramos uma notável instância do
princípio que venho ilustrando, nos simpósios periódicos para o seu
avanço, que surgiram no curso dos últimos vinte anos, tais como a
Associação Britânica. Tais encontros pareceriam a muitas pessoas a um
primeiro olhar simplesmente disparatados. Acima de todos os objetos de
estudo, a ciência é transmitida, é propagada pelos livros, ou pelo
ensino em privado; experimentos e investigações são conduzidos em
silêncio; descobertas são feitas na solidão. Que têm os filósofos a ver
com as celebridades festivas, e as solenidades panegíricas com a verdade
matemática e física? Ainda assim, a um olhar mais detido na questão,
descobrimos que nem mesmo o pensamento científico pode dispensar as
sugestões, a instrução, o estímulo, a simpatia, o intercurso com a
humanidade em larga escala, que tais encontros asseguram. Uma boa época
do ano é escolhida, quando os dias são longos, os céus claros, a terra
sorridente, e toda a natureza se regozija; uma cidade ou vilarejo, de
nome antigo ou opulência moderna, são esporadicamente tomados, onde as
edificações são espaçosas e a hospitalidade, cordial. A novidade do
local e da circunstância, o excitamento pelo estrangeiro, ou o refresco
das faces bem conhecidas, a majestade da classe ou do gênio, as
caridades amáveis de homens satisfeitos tanto consigo mesmos quanto com
seus próximos; os espíritos elevados, a circulação do pensamento, a
curiosidade; as seções matinais, o exercício a céu aberto, a mesa bem
fornida e merecida, a hilaridade graciosa, o círculo vespertino; a
palestra brilhante, as discussões ou colisões ou palpites de grandes
homens uns para com os outros, as narrativas dos processos científicos,
das esperanças, frustrações, conflitos, e sucessos, as esplêndidas
orações elegíacas; considera-se que estes e outros componentes
semelhantes da celebração anual fazem algo real e substancial para o
avanço do conhecimento que não pode ser concretizado de nenhuma outra
forma. Evidentemente eles podem ser não mais do que ocasionais; eles
correspondem ao Ato, ou Inauguração ou Comemoração anual de uma
Universidade, não à sua condição cotidiana; mas eles têm uma natureza
universitária; e eu posso crer perfeitamente na sua utilidade. Eles
surgem na promoção de uma comunicação do conhecimento viva e, por assim
dizer, corporal de uns para os outros, de um intercâmbio geral de
ideias, e de uma comparação e ajuste da ciência com a ciência, de um
alargamento da mente, intelectual e social, de um ardente amor pelo
estudo especializado, que pode ser escolhido por cada indivíduo, e de
uma nobre devoção aos seus interesses.
Tais
encontros, eu repito, são só periódicos, e só parcialmente representam a
ideia de uma Universidade. O alvoroço e o turbilhão que são os seus
usuais concomitantes, estão em desacordo com a ordem e a gravidade da
educação intelectual honesta. Nós aspiramos por meios de instrução que
não envolvam a interrupção de nossos hábitos ordinários; nem é preciso
buscá-los por muito tempo, pois o curso natural das coisas os traz de
volta, enquanto debatemos sobre isso. Em todo grande país, a própria
metrópole se torna uma espécie de Universidade necessária, quer
queiramos quer não. Quando a cidade principal é a sede da corte, da alta
sociedade, da política, e da lei, então inevitavelmente é a sede das
letras também; e em nossos dias, por um longo período de anos, Londres e
Paris são em verdade e em atividade Universidades, embora em Paris a
sua mais famosa universidade já não exista, e em Londres uma
Universidade mal existe exceto como uma junta administrativa. Os
jornais, os almanaques, os semanários, as revistas, os periódicos de
todos os tipos, o mercado editorial, as livrarias, museus, e academias
encontradas nelas, as sociedades eruditas e científicas, necessariamente
as investe com as funções de uma Universidade; e a atmosfera do
intelecto, que numa época passada pairava sobre Oxford ou Bolonha ou
Salamanca, moveu-se, com a mudança dos tempos, para longe, junto ao
centro do governo civil. Para lá vão jovens de todas as partes do país,
estudantes de direito, medicina, e das belas artes, e os employés e
attachés da literatura. Lá eles vivem, como a sorte determina; e ficam
satisfeitos com seus lares temporários, pois encontram nele tudo o que
lhes foi prometido. Não vieram em vão, no que diz respeito ao próprio
objetivo que os trouxe. Não aprenderam nenhuma religião particular, mas
aprenderam bem a sua própria profissão particular. Além disso, eles se
familiarizaram com os hábitos, maneiras e opiniões da sua residência
temporária, e fizeram sua parte na manutenção das suas tradições. Não
podemos portanto ficar sem Universidades virtuais; uma metrópole é isso:
a questão simples é, se a educação buscada e dada deveria ser baseada
em um princípio, formada sob a norma, dirigida aos fins mais altos, ou
deixada à sucessão aleatória dos mestres e das escolas, um após o outro,
com um desperdício melancólico de pensamento e uma ameaça extrema à
verdade.
O
próprio ensino religioso nos fornece uma ilustração de nosso tema até
um certo ponto. Ela de fato não se senta meramente nos centros do mundo;
isso é impossível pela natureza do caso. É dirigida aos muitos não aos
poucos; a matéria de que trata é a verdade necessária para nós, não a
verdade recôndita e rara; mas ela concorre com o princípio de uma
Universidade até onde isto, a saber, que o seu grande instrumento, ou
melhor órgão, sempre foi aquele que a natureza prescreve em toda
educação, a presença pessoal do professor, ou, em linguagem teológica, a
Tradição Oral. É a voz viva, a forma que respira, o semblante
expressivo, que prega, que catequisa. A Verdade, um espírito sutil,
invisível, multifacetado, é derramada na mente do scholar por seus olhos
e ouvidos, através de seus afetos, imaginação, e razão; é derramada na
sua mente e selada lá em perpetuidade, através da constante proposição e
repetição, questionamento e re-questionamento, correção e explicação,
progressão e então pelo recurso aos primeiros princípios, por todos
aqueles caminhos que estão implicados na palavra “catequisar.” Nas
épocas primitivas, foi um trabalho de longo termo; meses, por vezes
anos, eram devotados à árdua tarefa de desenganar a mente do cristão
incipiente de seus erros pagãos, e de moldá-la sobre a fé cristã. As
Escrituras com efeito estavam à mão para o estudo daqueles que podiam se
permitir dedicar-se a elas; mas Santo Irineu não hesita em falar de
raças inteiras, que foram convertidas ao cristianismo, sem serem capazes
de lê-las. Ser incapaz de ler ou escrever não era naqueles tempos
nenhuma evidência de falta de instrução: os eremitas do deserto eram,
nesse sentido da palavra, iletrados; ainda assim o grande Santo Antônio,
ainda que não conhecesse as letras, era páreo na disputa para os
filósofos eruditos que vinham prová-lo. Didimus por sua vez, o grande
teólogo alexandrino, era cego. A antiga disciplina, chamada a Disciplina
Arcani, envolvia o mesmo princípio. As mais sagradas doutrinas da
Revelação não foram comunicadas aos livros mas passaram através da
sucessiva tradição. O ensino sobre a Santíssima Trindade e a Eucaristia
parece ter sido transmitido assim de mão em mão por uns cem anos; e
quando no tempo foi reduzido à escrita, preencheu muitos fólios, e ainda
não foi esgotado.
Mas
eu disse mais do que o suficiente como uma ilustração; eu termino como
comecei: uma Universidade é um lugar de concurso, aonde os estudantes
vêm de todo canto para todo tipo de conhecimento. Não se pode ter o
melhor de todo tipo em toda parte; deve-se ir a alguma grande cidade ou
empório para isso. Lá você tem todas as produções seletas da natureza e
da arte juntas, as quais você encontra cada uma em seu próprio espaço
separado em algum lugar. Todas as riquezas do campo, e da terra, são
reunidas lá; há os melhores mercados, e neles os melhores trabalhadores.
É o centro do comércio, a suprema corte da moda, o árbitro de talentos
rivais, e o padrão de coisas raras e preciosas. É o lugar para se ver
galerias de pinturas de primeira categoria, e para ouvir vozes
maravilhosas e performers de habilidade transcendente. É o lugar para
grandes pregadores, grandes oradores, grandes nobres, grandes
estadistas. Na natureza das coisas, a magnitude e a unidade vão juntas; a
excelência implica um centro. E isso, pela terceira ou quarta vez, é
uma Universidade; eu espero não estar aborrecendo o leitor ao repeti-lo.
É o lugar onde mil escolas fazem contribuições; onde o intelecto pode
em segurança vaguear e especular, certo de encontrar seu igual em alguma
atividade antagonista, e seu juiz no tribunal da verdade. É um lugar
onde a investigação é empurrada para frente, e as descobertas
verificadas e aperfeiçoadas, e a precipitação se torna inócua, e o erro é
exposto, pela colisão de mente com mente, e conhecimento com
conhecimento. É onde o professor se torna eloquente, e é um missionário e
um pregador, exibindo sua ciência em sua mais completa e vitoriosa
forma, derramando-a com o zelo do entusiasmo, e acendendo o seu próprio
amor por ela no peito de seus ouvintes. É o lugar onde o catequista faz
bom o seu solo à medida que avança, pisando na verdade dia a dia na
memória pronta, firmando-a e ajustando-a na razão que se expande. É um
lugar que ganha a admiração do jovem por sua celebridade, que acende os
afetos da pessoa de meia idade por sua beleza, e atarraxa a fidelidade
do velho por suas associações. É um núcleo de sabedoria, uma luz do
mundo, um ministro da fé, uma Alma Mater da geração ascendente. É isso e
é ainda muito mais, e exige uma cabeça e uma mão melhores que as minhas
para descrevê-la bem.
Assim
é uma Universidade em sua ideia e propósito; assim em grande medida ela
foi antes de nosso tempo. Será alguma vez assim de novo? Estamos indo
adiante na força da Cruz, sob o patronato da Santíssima Virgem, em nome
de São Patrick, para tentarmos.
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