Michaela Vicare
Na infância, na vida escolar ou familiar, as mulheres são estimuladas a desenvolver características relacionadas à comunicação e flexibilidade. E essas aptidões acabam se tornando um diferencial no âmbito profissional. Uma pesquisa da Harvard Business Review revelou que mulheres que possuem cargos de liderança demonstraram mais eficiência que os homens durante as crises. Esse estudo, elaborado por Jack Zenger e Joseph Folkman, avaliou 454 homens e 366 mulheres entre março e junho do ano passado. As mulheres foram classificadas superiores em treze das dezenove competências gerais de liderança. A partir das respostas dos entrevistados, o público feminino se sobressaiu, principalmente por conta do uso de habilidades interpessoais – as chamadas soft skills -, como colaboração, resiliência, trabalho em equipe e motivação.
O estudo também mostrou que, no período de adaptação por conta da Covid-19, as mulheres expressaram maior conscientização e preocupação sobre os medos e inseguranças dos colaboradores e passaram mais confiança em planos e estratégias. Isso mostra que nós temos maior capacidade de lidar com adversidades, criatividade e, além disso, somos colaborativas e trabalhamos muito melhor por meio de cooperação que em competitividade.
Historicamente, os homens eram maioria nos bancos das universidades. Hoje, já é possível ver mais mulheres tanto em cursos de graduação, quanto em especializações. Ou seja, nós estamos estudando mais e logo estaremos ocupando os maiores cargos. É questão de tempo. A mulher não conquista a liderança pelo poder, nem pelo status, mas pelo exemplo. Ela mostra o caminho e faz todos em volta crescerem com ela. Com isso, conquistar a admiração é uma consequência, e não um objetivo.
Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho, empresas que monitoram o impacto da diversidade de gênero na liderança reportaram um crescimento de até 20% nos lucros. Um dos grandes fatores para esse crescimento é o fato de as mulheres terem uma visão mais técnica ao enxergar o panorama geral da empresa. Essa visão do todo, multiplicidade de funções e capacidade de organização de diversas tarefas ao mesmo tempo é algo que vem do múltiplo papel assumido pela figura feminina ao longo da história de profissional, mãe e dona de casa.
Mulheres nos cargos de liderança das empresas têm sido cada vez mais uma tendência na sociedade. Atualmente, é comum ouvir falar que as organizações contratam pelo currículo e demitem pelo comportamento. Ou seja, essa forma da mulher ver o mundo é um fator decisivo na empregabilidade. Desenvolver as chamadas soft skills é fundamental, homens e mulheres podem fazê-lo, mas temos como vantagem o fato de que algumas dessas habilidades nos são natas. O que pode nos colocar em vantagem em momentos de crise ou em qualquer outro contexto. Basta continuarmos liderando e servindo de exemplo para outras mulheres e também para os homens.
*Michaela Vicare é diretora de Gente & Gestão (RH) na Tecnobank.
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