Postado em 29/12/2017 8:25 DIGA BAHIA!
O
Palácio do Planalto e a cúpula do PMDB têm uma estratégia pronta para
tentar viabilizar a candidatura do presidente Michel Temer à reeleição,
em 2018, apesar da aprovação ainda estar na casa de um dígito. O plano é
ancorado em pilares que incluem não só a melhoria de indicadores
econômicos, mas também o reforço da agenda social. Na lista das medidas
que serão anunciadas, nos próximos dias, está a prorrogação do limite de
R$ 1,5 milhão para o financiamento da casa própria com recursos do
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A sete meses do prazo para
os partidos escolherem os candidatos, Temer faz de tudo para agradar à
classe média e vai reembalar programas sociais da era petista, dirigidos
às camadas mais pobres. Até abril o governo concederá novo reajuste ao
Bolsa Família. A ideia é dar aumento real, acima da inflação. O pacote
de bondades a ser divulgado antes do início da campanha inclui mais
subsídios para beneficiários do Minha Casa Minha Vida e uma nova versão
do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec),
para qualificar quem está no mercado de trabalho. A candidatura de Temer
depende, porém, da reversão de seus baixíssimos índices de popularidade
e da construção de ampla aliança de centro para sustentar essa
empreitada ao lado do PMDB, dono do maior tempo de TV no horário
eleitoral. Para tanto, a meta do Planalto é que o presidente chegue ao
início de abril com índice de aprovação de no mínimo 15%, praticamente o
triplo do que tem hoje. Na semana passada, pesquisa da CNI/Ibope
mostrou que o aval a Temer subiu de 3%, em setembro, para 6%, em
dezembro, mas seu desempenho continua aquém das expectativas. Sem
herdeiros no PMDB, Temer entra em 2018, último ano de seu mandato, como
um sobrevivente de escândalos políticos e com uma base aliada bem menor
do que quando assumiu o governo, no rastro do impeachment da petista
Dilma Rousseff. Sua prioridade é emplacar, em fevereiro, a reforma da
Previdência, considerada essencial para o ajuste das contas públicas.
Apesar da prática da distribuição de cargos e liberação de verbas, o
Planalto ainda não tem os 308 votos necessários para aprovar a proposta
na Câmara. A possível entrada do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles
(PSD), no páreo presidencial não empolga o governo, mas o apoio a ele
continua no radar, caso Temer não decole ou fique impedido de concorrer
por problemas de saúde. Neste ano, o peemedebista passou por duas
cirurgias urológicas e um procedimento para desobstruir artérias
coronárias. Meirelles é um dos 15 ministros que têm interesse em
disputar as eleições. Ele pode migrar para o PMDB, caso seja escolhido
como candidato. É na campanha que Temer pretende vender a marca de
“governo reformista”, mesmo com os sucessivos desgastes enfrentados na
política e os reveses na economia, como o fechamento de 12,3 mil vagas
formais de emprego, em novembro, e a ampliação do déficit fiscal para R$
159 bilhões. No ano em que as delações do empresário Joesley Batista e
de outros executivos da J&F à Lava Jato quase derrubaram o governo, o
presidente também tornou-se refém do Centrão – bloco formado por
partidos médios, como PP, PR, PTB e PSD – para conseguir sobreviver à
crise. Em maio, após vir à tona o depoimento de Joesley, Temer foi
aconselhado a renunciar, mas resistiu. “Eu não caio de joelhos. Caio de
pé”, afirmou àépoca. Em junho, uma votação apertada o salvou de ter o
mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julgava
acusações de abuso do poder político e econômico contra a chapa
encabeçada por Dilma, de quem era vice. Temer ainda conseguiu barrar na
Câmara as duas denúncias apresentadas contra ele pelo
ex-procurador-geral Rodrigo Janot. Preocupado com os estragos em sua
imagem, o presidente manteve conversas reservadas com o publicitário
Nizan Guanaes, que lhe sugeriu o mote “O Brasil voltou” para destacar
conquistas da gestão do PMDB, em comparação com números da era Dilma.
Sendo ou não candidato, ele quer deixar o legado das reformas, embora
essa agenda provoque desconfiança, por causa do receio da perda de
direitos. No Planalto, o diagnóstico é de que, se no fim do primeiro
trimestre a população começar a sentir o efeito da recuperação
econômica, e Temer ultrapassar o dígito solitário nas pesquisas, o nome
para empunhar a bandeira da centro-direita pode ser o dele. “O governo é
como cobra: mesmo morto, mete medo”, disse o deputado Heráclito Fortes
(PSB-PI). Até agora, no entanto, a maioria dos partidos aliados,
alvejados pela Lava Jato, resiste a essa alternativa. Nos bastidores,
muitos argumentam que é preciso uma fisionomia nova para quebrar a
polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o
deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ). A adesão do PMDB ao projeto do
governador Geraldo Alckmin (SP), pré-candidato do PSDB à Presidência, é
hoje vista como remota. Fiador do governo, o PSDB deixou a coalizão no
início deste mês, após uma guerra interna. No espectro de centro, corre
por fora o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que entrou em
confronto com o PMDB e o Planalto. Maia jura que é candidato à
reeleição, mas o DEM quer lançá-lo à sucessão de Temer. “Se a eleição
tiver Lula, será uma coisa; se não tiver, será outra”, comentou o
ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, referindo-se
ao julgamento do ex-presidente pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª
Região, em 24 de janeiro. Defensor de Maia, o deputado Efraim Filho
(PB), líder do DEM, disse que a centro-direita vai errar se permitir a
pulverização de candidatos e que as pessoas buscam resultados de gestão.
“A sociedade não quer blablablá e pouco importa se a bandeira será
vermelha, amarela, azul ou laranja”, insistiu ele. “Não podemos incorrer
no mesmo equívoco da esquerda, que se dividiu. As pessoas querem
resultados de gestão”. Foi a imagem de gestor, sem faixa presidencial,
que Temer quis transmitir na foto oficial tirada no início de maio,
antes das delações da JBS, mas que só ganhou as paredes do Planalto há
um mês e meio. Até pouco tempo atrás, ele via a iniciativa como um culto
à personalidade. Agora, gosta da foto.Bahia Notícias
Nenhum comentário:
Postar um comentário