Artigo de Rui Fabiano, colaborador do Blog do Noblat,
sobre o perigo do "Fora, Temer", que pode ofuscar o protagonismo
central do PT, pai do maior escândalo de corrupção da história mundial:
O perigo do “Fora,
Temer” é ofuscar o protagonismo do PT no maior processo de rapina já
perpetrado ao Estado brasileiro – aliás, a qualquer Estado. A corrupção
como método de governo.
O PMDB, partido que
Temer presidiu por longo tempo, e cuja parceria com o PT o levou à
vice-presidência de Dilma Roussef, praticou a corrupção clássica, que,
embora obviamente criminosa, cuidava de não matar a galinha dos ovos de
ouro.
A do PT, não. Não se
conformava em enriquecer os seus agentes. Queria mais: saquear o Estado
para financiar um projeto revolucionário de perpetuação no poder. Daí a
escala inédita, mesmo em termos planetários. Só no BNDES, o TCU examina
contratos suspeitos de financiamentos, que incluem países bolivarianos e
ditaduras africanas, na escala de R$ 1,3 trilhão. Nada menos.
Poucos países têm tal
PIB. A Petrobras, que era uma das maiores empresas do mundo,
desapareceu do ranking mundial. Deve mais do que vale. O PT banalizou o
milhão – e mesmo o bilhão.
As delações da
Odebrecht e da JBS, entre outras de proporções equivalentes (Queiroz
Galvão, OAS, Andrade Gutierrez, UTC etc.) mostram quem estava no
comando: Lula e o PT. Os demais beneficiários estão sempre vários
degraus abaixo. Eram parceiros – e, portanto, cúmplices -, mas sem
comando.
Por essa razão, soou
como piada de mau gosto – ou um escárnio à inteligência nacional - a
afirmação de Joesley Batista de que Temer era o chefe da maior quadrilha
do erário. A ação implacável do procurador-geral Rodrigo Janot procurou
reforçar aquela afirmação, que obviamente não se sustenta.
Os irmãos Batista, no
governo Lula – e graças a ele -, ascenderam da condição de donos de um
frigorífico em Goiás à de proprietários da maior empresa de produção de
proteína animal do mundo, com filiais em diversos países. Tudo isso em
meses.
O segredo? A abertura
dos cofres do BNDES, de onde receberam algo em torno de R$ 45 bilhões.
Tal como Eike Baptista, são invenções da Era PT. Temer nada tem a ver
com isso, ainda que tenha sido – e está provado que foi – beneficiário
do esquema.
Mas chefe jamais.
Temer e o PMDB são a corrupção clássica, igualmente criminosa, mas em
proporções artesanais. É grave e deve ser investigada e punida. Mas
enquanto a rapina peemedebista cabe em malas, a do PT exige a criação de
um banco, como a Odebrecht acabou providenciando no Panamá para melhor
atendê-lo.
É, portanto, estranho
que, diante de evidências gritantes como as que Rodrigo Janot dispunha
sobre Lula, não tenha se indignado na medida que o fez em relação a
Temer e Aécio, cujas respectivas prisões pediu. Jamais denunciou Lula ou
Dilma.
Muito pelo contrário.
Até hoje não explicou porque destruiu uma delação premiada do
ex-presidente da OAS, Leo Pinheiro, que comprometia Lula. Não o
sensibilizaram tampouco as delações do casal de marqueteiros João
Santana e Mônica Moura, que, inclusive, revelaram um esquema de
financiamento de campanhas em países bolivarianos com dinheiro roubado
da Petrobras.
E o casal deixou
claro a quem obedecia: Lula e Dilma, fornecendo detalhes sórdidos do
esquema: entre outras aberrações, uma conta fria de e-mail pela qual
Mônica trocava informações com Dilma, com o objetivo declarado de
obstrução de justiça.
E o caso do
ex-ministro Aloizio Mercadante, que tentou silenciar Delcídio Amaral,
que se preparava para uma delação premiada? Ofereceu-lhe dinheiro e
intermediações no STF para soltá-lo. O que Janot fez com aquela fita,
cuja nitidez dispensou perícias técnicas? Mercadante continuou ministro
até a saída de Dilma. E o que Janot falou a respeito? Suas indignações,
de fato, têm sido seletivas, dando ensejo justificado a suspeitas de
engajamento.
Temer está em maus
lençóis pelo que fez – e deve ser investigado. Ele, Aécio e quem mais
tenha delinquido. Mas não se deve perder de vista o senso das
proporções. Lula é o chefe.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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