Em 2012, no dia em que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou
IPI zero
para carros 1.0 como forma de estimular o consumo e a economia, o
ex-presidente fez uma brincadeira ao dizer que, em São Paulo, muita
gente deve culpá-lo pelos problemas no trânsito, já que "foi esse Lula
que deu : carro para pobre". Em 2015, o mercado de carros de passeio
caiu quase 25%. Ou seja: de cada quatro brasileiros que comprava um
carrinho mil, um não pode mais comprar. E muitos outros tiveram que
vender ou entregaram seus veículos para as concessionárias.
As vendas de veículos (entre carros, utilitários leves, caminhões e
ônibus) encerraram o ano passado com queda de 23,9%, maior retração
percentual do mercado brasileiro desde 1987. Segundo fontes do setor
automotivo, as montadoras comercializaram 2,191 milhões de unidades
entre janeiro e dezembro de 2015 contra 2,880 milhões de 2014. Na
próxima quinta-feira a Anfavea, associação que representa as montadoras,
divulgará os dados oficiais relativos à produção de veículos no ano
passado.
Com o recuo de 2015, o setor automotivo acumula três anos
consecutivos de queda nas vendas — somando perda de 32,5% — depois de um
ciclo de nove anos de alta. Raphael Galante, consultor da Oikonomia,
atribui o desempenho negativo da indústria no ano passado à baixa
confiança do consumidor no futuro e ao crédito mais escasso. Em sua
estimativa, o segmento automotivo só voltará a ter aumento nas vendas em
2019.
—
O primeiro passo para a reversão desta curva é a retomada da confiança
do consumidor. E isso só ocorrerá quando a conjuntura econômica se
mostrar equilibrada novamente — explicou.
No levantamento da Oikonomia, com série histórica iniciada há 20
anos, a retração nas vendas de veículos em 2015 chega a 25,58%. Pelos
cálculos da consultoria, as montadoras comercializaram 2,296 milhões de
veículos no ano passado contra 2,474 milhões de 2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário