No meio da foto, o tampinha que usa saltos altos. |
A tirania da Coreia do Norte, exercida por uma família cruel, rivaliza
com outra família maldita, a dos irmãos Castro, "burgueses" que exploram
Cuba. Enquanto houver gente assim, não considero nenhum louvor viver
entre o que chamam de "raça" humana - aliás, apenas uma espécie entre
outras, ainda bem:
O mais jovem dos chefes de Estado e provavelmente um dos mais erráticos ditadores no poder, Kim Jong-un, o Grande Sucessor, lidera a Coreia do Norte apenas desde abril de 2012, mas não perdeu tempo a arranjar inimigos e conflitos.
Pouco se sabe deste excêntrico ditador.
Terá nascido no final de 1983 ou no início de 1984. O seu aniversário
oficialmente será na sexta-feira, 8 de janeiro, será o terceiro filho
do Querido Líder, Kim Jong-il, e é o terceiro líder da Coreia do Norte.
O primeiro foi Kim Il sung, o Grande líder e
Eterno Presidente, que governou a República Popular Democrática da
Coreia, mais conhecida como Coreia do Norte, desde a independência do
Japão, em 1948. Foram 46 anos na liderança, com mão de ferro, criando um
regime comunista à volta do culto do líder. Assim, sob ordens do seu
líder supremo, a Coreia do Norte invadiu a do Sul em 1950, perdendo a
guerra devido ao apoio das Nações Unidas, em especial dos Estados
Unidos, aos sulcoreanos.
Mas as boas relações que tinha com a União Soviética permitiram à
Coreia do Norte viver durante décadas com um nível de vida relativamente
elevado, e certamente mais alto que o da Coreia do Sul. As condições
económicas permitiram assim ao líder supremo consolidar um dos regimes
mais opacos e isolados do mundo e criar as condições para deixar ao seu
filho a sucessão.
O Grande Líder conseguiu
a nomeação de Kim Jong-il, seu filho, em 1980, e passou-lhe o comando
militar do país no inicio da década de 90, vindo a falecer apenas em
1994. Os 46 anos que esteve no poder criaram mais que um Estado, criaram
todo o mito à volta do líder supremo que muito tem ajudado a sobreviver
o regime. O Eterno Presidente tem mais de 500 estátuas em todo o país.
Kim Jong-il, o Querido Líder e
pai do atual líder da Coreia do Norte, chegou ao poder já numa altura
de declínio. A queda da União Soviética veio mudar tudo para a economia
norte-coreana. A influência política decaiu com a perda de apoio da
superpotência, mas a má gestão económica do segundo Kim fez com que o
seu reinado fosse bastante diferente: milhares morreram à fome, a Coreia
do Norte isolou-se ainda mais, os direitos humanos passaram a ser coisa
de conto de fadas.
Para além do terrorismo interno, da caça aos desertores e
dissidentes, a Coreia do Norte esteve na lista dos países que
financiavam movimentos e atividades terroristas até 2008, altura em que
entrou em negociações com os Estados Unidos de George W. Bush sobre o
seu programa nuclear. Mas o regime é ainda hoje acusado de financiar
atividades terroristas de grupos como o Hezbollah, através do seu apoio
ao Irão, que envolve, entre outras coisas, a venda de armas.
O regime do Querido Líder foi
de tal ordem repressivo que a Amnistia Internacional o considerou como
um dos mais repressivos do mundo. Nessa altura, a Coreia do Norte chegou
a ter mais de 200 mil presos políticos, não tendo liberdade de
imprensa, de religião, de oposição política ou de direito à educação.
Tudo era, e é, controlado pelo regime.
O pior da governação de Kim Jong-il terá acontecido durante os seus
quatro primeiros anos de liderança. A crise económica resultante da
desintegração da União Soviética, a que se juntou a má gestão e algumas
catástrofes naturais, como uma sucessão de cheias e secas, levou a que
uma grande parte da população morresse à fome. As estimativas mais
conservadoras apontam para que 330 mil pessoas tenham morrido entre 1994
e 1997. As mais pessimistas dizem que terão sido à volta de 3,5
milhões.
Kim Jong-il governou a Coreia do Norte durante 17 anos e estava a
preparar o seu terceiro filho, Kim Jong-un, para lhe suceder quando
morreu inesperadamente aos 69 ou 70 anos (os registos soviéticos têm uma
data de nascimento diferente da biografia oficial da Coreia do Norte).
O Grande Sucessor
Pouco teve de esperar depois da morte do seu pai para tomar as rédeas
do poder. Ao fim de alguns dias, Kim Jong-un já mandava no país. Três
meses depois tomava posse oficialmente como o novo presidente da
República que se diz democrática e popular e que só assume a existência
de uma Coreia.
Do pouco que se conhece do seu trajeto,
sabe-se que Kim Jong-un foi educado na Suíça, tal como os seus dois
irmãos mais velhos, e era filho da terceira mulher de Kim Jong-il, e a
sua favorita.
A deportação do Japão do seu meio-irmão e a alegada falta de
masculinidade do seu irmão do meio, Kim Jong-chol, empurrou-o para a
linha da frente da sucessão, mesmo com os analistas focados nos seus
irmãos.
Com cerca de 30 anos, o Grande Sucessor assumiu
a liderança. Tinha pouca experiência política e militar (o seu pai
começou por nomeá-lo para vários altos cargos políticos e militares), e
especulava-se que era apontado líder por ser tão parecido com o seu avô,
Kim Il Sung, o primeiro e o maior dos Kim, até que teria feito
operações plásticas para ser mais parecido com ele. Os rumores são mais
que muitos e só demonstram o quão fechado é o regime.
Kim Jong-un tem, contudo, um perfil diferente. A sua mulher aparece
várias vezes consigo em cerimónias públicas. Será uma antiga cantora, a
“camarada Ri Sol-ju”, como lhe chamam os canais oficiais do regime.
A mais polémica relação do Grande Sucessor,
não tanto para si, é a do ex-jogador da NBA Dennis Rodman. O famoso
basquetebolista, tanto pelas proezas em campo como pelas polémicas fora
dele, visitou a Coreia do Norte várias vezes. Primeiro, ainda com o pai
do atual líder a mandar nos destinos do país. Kim Jong-il era um grande
fã de basquetebol e até criou um Dream Team na Coreia do Norte.
Mais tarde, Dennis Rodman voltou com os Harlem Globetrotters e
sozinho por várias vezes. O ex-jogador tece rasgados elogios ao líder da
Coreia do Norte, diz que este governa para o povo, que é um amigo para a
vida, “um tipo espetacular” e que o seu pai e o seu avô foram “grandes
líderes”.
A estratégia: procurar o conflito
No seu primeiro discurso, prometeu que o tempo em que o seu país era
ameaçado tinha “acabado para sempre”. “A superioridade em tecnologia
militar já não é monopólio dos imperialistas. (…) Temos de fazer um
esforço para reforçar as forças armadas do povo”, terá dito. Estava
traçado o caminho e dada a garantia, a política do poder militar seria a
principal característica do regime e a política de confronto com as
maiores potenciais mundiais começada pelo seu pai teria um digno
sucessor.
Os seus atos públicos de maior destaque foram dois testes nucleares: o
de hoje, com uma alegada bomba de hidrogénio, e a execução do seu tio,
Chang Song-thaek, que foi acusado de planear um golpe de Estado, em
dezembro de 2013. Logo nos primeiros meses da sua liderança, a Coreia do
Norte lançou um foguetão, alegadamente, com a intenção de colocar um
satélite no espaço. O intuito terá falhado, apesar de muitos suspeitarem
que se tratava de um teste encoberto de um míssil balístico, algo que o
país estava proibido de fazer. Passados oito meses, a Coreia do Norte
conseguiu mesmo colocar um satélite no espaço.
Dois meses após o lançamento do satélite, de que também era proibido,
em fevereiro de 2013 a Coreia do Norte faz o seu terceiro teste
nuclear, alegadamente com o dobro da potência do realizado em 2009. O
resultado? Mais sanções das Nações Unidas, maior tensão na península e
até a retirada dos trabalhadores do parque industrial de Kaesong, que
partilha a gestão com a Coreia do Sul.
Agora, Kim Jong-un, que recentemente tinha reivindicado a capacidade
para desenvolver uma bomba de hidrogénio, alega ter conseguido detonar
com sucesso este tipo de bomba termonuclear, com um potencial de
destruição milhares de vezes superior ao das bombas atómicas usadas
pelos Estados Unidos para destruir Hiroshima e Nagasaki no final da
Segunda Guerra Mundial, em 1945.
Se se trata ou não de uma bomba deste tipo, ainda está por confirmar.
Ente o ceticismo de muitos investigadores e líderes mundiais, o Grande Sucessor conseguiu
pelo menos um grande feito para já: unir os líderes dos maiores países
do mundo, que tanto têm discordado sobre a matéria nuclear,
especialmente nos últimos anos com os sucessivos problemas no Médio
Oriente. Mesmo os aliados da Coreia do Norte, como a China e a Rússia.
(Observador). BLOG ORLANDO TAMBOSI
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