Incra/BA publica relatório técnico do Território Quilombola Jetimana e Boa Vista, em Camamu

O Território Quilombola Jetimana e Boa Vista teve Relatório Técnico de Delimitação e Identificação (RTID) publicado pelo Incra/BA, na quinta-feira (24), no Diário Oficial da União (DOU).

A ação beneficia 61 famílias remanescentes de quilombo que residem em duas comunidades inseridas no território de 1.586 hectares, situado no município de Camamu, no Baixo Sul.

O RTID é o primeiro passo para o cumprimento da titulação de comunidades quilombolas. O documento reúne peças técnicas, plantas com delimitação do território e aborda aspectos antropológicos, agronômicos, ambientais, fundiário e geográfico. 

Jetimana Boa Vista 
A antropóloga, Lidianny Fonteles, que atuou na elaboração do relatório, conta que a região de Camamu era economicamente forte e abastecia a, então, capital do Império, Salvador. 

“Os saveiros navegavam pela baía de Camamu e pelo Recôncavo em direção à capital não só com produtos, mas realizavam o tráfico de pessoas escravizadas”, acrescenta.

Produção e tradição
Lidianny relata que as famílias das comunidades Jetimana e Boa Vista têm a ascendência ligada aos trabalhadores de fazendas de farinha, de origem escrava e indígena. “Há diversas casas de farinhas e existe uma represa centenária no território”, aponta. 

Ambas as comunidades contíguas estão num espaço territorial com relevo e acesso íngremes. Ainda assim, produzem borracha, seringa, cravo e cacau para vender. “Como atividade de subsistência plantam mandioca, feijão e frutas”, diz Lidianny. A antropóloga ressalta que os moradores têm resquícios culturais dos ancestrais e preservam o samba de roda. 

Mais RTIDs
O relatório do Jetimana e Boa vista é o vigésimo quinto publicado pelo Incra/BA. Só em 2015, foram tornados públicos quarto relatórios técnicos, além de ter ocorrido mais duas republicações desses documentos. 

De acordo com o coordenador do Serviço de Regularização de Territórios Quilombolas, Flávio Assiz, a previsão é de que mais dois RTIDs sejam publicados esse ano. 

“Também devemos publicar até dezembro as portarias de reconhecimento do Incra de quatro territórios quilombolas”, estima. Assiz explica que as portarias de reconhecimento consolidam os territórios como remanescentes de quilombo.


Assessoria de Comunicação Social do Incra/BA