Movimento do Bolo tem como objetivo debater o pacto federativo.
Mais de 95% aderiram, mas cidades grandes não terão paralisações.
Cartaz do Movimento do Bolo em frente à
Prefeitura de Tapejara (Foto: Suelen Defaveri,
divulgação/Prefeitura de Tapejara)
O Rio Grande do Sul terá um dia de
protestos de prefeituras nesta sexta-feira (25). De acordo com a
Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), o
ato denominado Movimento do Bolo, que tem como objetivo debater o pacto
federativo, conta com a adesão de 473 prefeitos, o que abrange mais de
95% das cidades gaúchas, sendo que 386 terão paralisações, 77% do total.
Além disso, 17 rodovias terão bloqueios para abordagens a motoristas e
entrega de panfletos.Prefeitura de Tapejara (Foto: Suelen Defaveri,
divulgação/Prefeitura de Tapejara)
"Será um movimento histórico, porque é a primeira vez que o estado vai ver prefeitos parando rodovias, é primeira vez que o estado verá prefeitos fazendo protestos educativos contra sua vontade, mas em cima da conscientização da população. Será a maior mobilização de prefeitos da história do Rio Grande do Sul", destaca o coordenador geral da Famurs, Márcio Espindola.
Rodovias com abordagens | |
---|---|
BR-101 | Osório |
BR-116 | Camaquã |
BR-392 | Capão da Canoa |
BR-116 | Lagoa Vermelha |
BR-153 | Bagé |
BR-569 | Palmeira das Missões |
BR-285 | Entre-Ijuís |
ERS-400 | Passa Sete |
BR-287 | Novo Cabrais |
BR-290 | Rosário do Sul |
BR-285 | Passo Fundo |
BR-287 | Restinga Seca |
BR-287 | São Pedro do Sul |
BR-392 | São Sepé |
BR-158 | Tupanciretã |
ERS-153 | Erechim |
BR-290 | Vila Nova do Sul |
As prefeituras das principais cidades não fecharão as portas. Entre as paralisações, 299 vão durar o dia inteiro, 59 serão de um turno e 28, entre uma e duas horas. Na Região Metropolitana de Porto Alegre, apenas Alvorada e Esteio vão parar, por um curto período. Porto Alegre terá apenas uma manifestação no Paço Municipal e palestras em escolas.
"Os municípios maiores têm dificuldades de paralisação nos centros administrativos, então farão protestos. É uma forma de adesão", disse Espindola.
Algumas microrregiões do estado tomarão medidas distintas. No Nordeste do estado, as prefeituras funcionarão durante todo o dia com as luzes apagadas. No Planalto, no Norte do estado, o transporte universitário será suspenso. Nas Missões, no Noroeste, será entregue um bolo ao reitor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).
O bolo é uma alusão ao pacto federativo, contestado pelas prefeituras. Atualmente, segundo a Famurs, os municípios ficam com apenas 18% da arrecadação com impostos, enquanto 57% dos recursos são destinados à União e 25%, aos estados. A entidade aponta que, nos últimos quatro anos, houve uma queda de R$ 2,4 bilhões nos repasses, o que acarretou, somente neste ano, em um prejuízo de R$ 776 milhões às prefeituras.
A Famurs destaca que o protesto não tem viés ideológico e não busca protestar contra nenhum governo, mas sim fomentar uma discussão sobre a distribuição da renda proveniente de tributos. "Não é um protesto contra o pacto federativo, é um protesto que busca debater o atual modelo de distribuição tributária no país, e buscará modifica-lo", destaca.
Além de propor o debate do pacto federativo, os municípios pedem o repasse de R$ 259 milhões em atraso pelo governo estadual e tentam pressionar o Congresso para aprovar a PEC do Pacto Federativo, que proíbe a atribuição de funções aos municípios sem indicar a fonte de renda. Também estão entre as reivindicações a taxação das grandes fortunas, a atualização da lei das licitações, a recriação de uma CPMF dividida com os municípios e a ampliação do limite previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal de 54% para 60%, para viabilizar a manutenção de Unidades de Pronto Atendimento e programas federais como o Proinfância.
"Com as UPAS e as novas escolas, os prefeitos automaticamente tiveram que contratar mais, e no contratar mais acabam extrapolando os 54%. O Tribunal de Contas não quer saber se a prefeitura tem que pagar os profissionais, vai lá e aponta que o limite foi ultrapassado", explica o coordenador-geral da entidade.
O Movimento do Bolo já teve protestos semelhantes em outros estados, como São Paulo, Minas Gerais, Bahia e Paraná. O Rio Grande do Sul é o penúltimo estado de um calendário nacional de mobilizações, que termina na próxima segunda-feira (28) no Rio de Janeiro.
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