MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Em crise, setor lácteo espera ajuda do governo


Produtores amargam queda dos preços e aumento do custo da produção. Para fortalecer o setor, governo lança Programa com investimento de R$300 milhões
JORNAL O HOJE - GO

Thaís Lobo

Queda nos preços e aumento do custo da produção. É essa a realidade vivida pelos produtores de leite nos últimos três anos, mas que o governo federal pretende reverter neste ano. Ontem, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) anunciou que vai encaminhar ao Congresso Nacional, nas próximas semanas, um projeto que pretende destinar R$ 300 milhões para o setor lácteo.
A declaração foi feita durante audiência pública realizada pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados e contou com a presença do secretário do Produtor Rural e Cooperativismo do Mapa, Caio Rocha.
De acordo com Rocha, o Programa de Melhoria da Competitividade do Setor Lácteo Brasileiro vai distribuir os recursos entre os Estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que respondem por 80% da produção nacional de lácteos. A verba deverá ser investida em assistência técnica, melhoramento genético, promoção e controle e erradicação da brucelose e tuberculose.
A notícia foi bem recebida pelo presidente da Cooperativa Central de Laticínios de Goiás (Centroleite), Haroldo Max de Sousa. Segundo ele, o setor está passando por muitas dificuldades e qualquer benefício do governo será bem vindo. “O preço médio do produtor vem caindo nos últimos três anos e o custo de produção está aumentado. Qualquer iniciativa que vier é bem vinda para nos ajudar, porque nós temos tudo para sermos um produtor e exportador de lácteos, a exemplo da pecuária e da soja.”
Exportações em queda
Outro assunto discutido durante a audiência na Câmera dos Deputados foi sobre o déficit da balança comercial do setor lácteo. De janeiro a maio deste ano, a redução foi de 283 milhões de litros, sendo que o déficit total do ano de 2014 foi pouco mais de 150 milhões de litros – número 78% maior do que todo o ano passado.
Já as exportações, apesar da alta do dólar, registraram um aumento de 37% entre janeiro e maio deste ano, em comparação aos cinco primeiros meses de 2014. Segundo o gerente de assistência técnica e econômica da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Edson Alves Novaes, o Brasil se transformou em importador de leite em função da queda do preço no mercado internacional. “Nós tivemos queda no preço internacional até ano passado e neste momento o dólar também estava mais barato,” explica.
Mas a alta do dólar e o aumento dos preços no último leilão internacional estão começando a mudar esse cenário. “Começou a se reverter de junho para julho. O preço do leite em pó aumentou 19%. Saiu de US$1.600 para US$1.865 por tonelada, o que mostra a reversão do quadro do preço internacional. A alta do dólar e a recuperação do mercado internacional vão pressionar a redução das importações,” acredita o gerente da Faeg.
Novaes ainda destaca que o mês de julho já registrou uma queda de 24% nas importações de leite. “Caiu de 6 mil para 4 mil toneladas. É a reação do mercado internacional,”diz.
De acordo com o secretário do Produtor Rural e Cooperativismo do Mapa, a produção brasileira de lácteos hoje é superior ao consumo interno. Atualmente, a maior parte do excedente de lácteos é exportada para Angola, Argélia e Venezuela. O Brasil embarca para o exterior principalmente leite em pó e leite condensado.
Rocha disse também que o Brasil tem 11 estabelecimentos habilitados a exportador lácteos para a Rússia, que no mês passado anunciou a autorização dessas empresas. A Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos) espera exportar, no médio prazo, 20 mil toneladas por ano de leite em pó para o mercado russo.
 Programa de melhoria do da atividade
O lançamento do Programa de Melhoria da Competitividade do Setor Lácteo Brasileiro vai ser em Goiás, durante a abertura da 23º Exposição Agropecuária de Piranhas (Expoapi), no dia 3 de setembro. O evento acontecerá às 10 horas, no Parque de Exposição Willian José dos Santos, em Piranhas.
Segundo o gerente de assistência técnica e econômica da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Edson Alves Novaes, ainda não se sabe como os recursos serão distribuídos. De acordo com ele, os detalhes finais sobre a operacionalização do programa ainda estão sendo discutidos no Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
O gerente da Faeg acredita que o programa será fundamental para a melhoria do setor. “Nós vamos poder melhorar a gestão das propriedades a partir do direcionamento de assistência técnica aos produtores que mais necessitam. O melhoramento genético vai contribuir para o aumento da produtividade do leite nessas propriedades e se conseguirmos erradicar a brucelose e tuberculese, as propriedades poderão ser certificadas como isentas da doença, fato que pode abrir mercado para o produto brasileiro.”
De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), José Mário Schreiner, que dará as boas-vindas à ministra, a verba vai reforçar a assistência técnica, o melhoramento genético e, principalmente, a abertura de novos mercados. “Em todo o país, a cadeia produtiva do setor envolve 1,3 milhão de produtores. Só em Goiás produzimos mais de 3,8 bilhões por ano. E por meio dessa verba, reforçaremos a qualidade do nosso produto”, destaca.
Goiás é o quarto produtor de leite do País, atrás apenas dos Estados de Minas Gerais, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O Brasil é o sexto maior produtor de leite do mundo e responde por 66% do volume total de leite produzido nos países do Mercosul. A atividade ocupa diretamente 3,6 milhões de pessoas. (TL) 

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