MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 1 de agosto de 2015

Corrupção foi o desastre que levou à Operação Lava-Jato


Pedro do Coutto
O senador Waldemir Moka (PMDB-MS), da ala independente do partido, foi quem colocou, de acordo com reportagem de Júnia Gama e Maria Lima, O Globo edição de quarta-feira, de forma clara e objetiva a questão desencadeada no país com a sequência de assaltos à Petrobrás. Afirmou ele: a Operação Lava-Jato foi a consequência legal e lógica da corrupção desenfreada que, digo eu, reuniu ladrões de casaca e intermediários num processo sem limites de assalto contra a estatal.
O tema foi suscitado em decorrência de declaração feita na véspera pela presidente Dilma Rousseff de que a Lava-Jato causou o recuo de um ponto no volume do PIB do país. Pode até ter sido. Mas como consequência, não como causa, de um processo gigantesco de corrupção, cuja escala alcança bilhões de reais e até de dólares. Aliás Júnia Gama e Maria Lima incluíram também na matéria declarações do ministro Nelson Barbosa, em sentido contrário a da presidente da República, sustentando que a Lava-Jato pode ter um impacto de curto prazo, mas os efeitos do combate à corrupção são benéficos a longo prazo.
Claro. Imaginem os leitores se o processo de assalto se alongasse ainda por mais tempo. Se ao longo de onze anos, de 2003 a 2014, causou as consequências que foram e continuam sendo reveladas, projete-se essa conduta por mais tempo. Os efeitos teriam de surgir inevitavelmente porque o que existe aparece. Uma parte dos autores dos assaltos, inclusive, deixou transparecer o roubo praticado com uma evolução patrimonial incompatível com sua renda mensal. Basta cotejar o antes com o depois. As nuvens de quaisquer dúvidas desapareceram. Dinheiro não cai do céu, diz o velho ditado. Patrimônio não pode se acumular em rápidos espaços de tempo.
APENAS REVELOU
Os ladrões roubaram quantias imensas. A Lava-Jato apenas revelou.
A explosão da corrupção foi efetivamente a causa da retração da economia. Deixou a população temerosa e perplexa temendo pelo futuro e, com isso, retraindo o consumo. Efeito psicológico natural. Sob o ângulo material, verifica-se que a elevação dos preços funcionou como fator restritivo pela impossibilidade de os salários acompanharem, os preços. A única saída da sociedade é a de se defender como for possível. Dentro da lei, é claro, no caso a oferta incessante pela publicidade, e a procura contida pela impossibilidade de adquirir e pelo temor – lógico – de assumir ainda mais dívidas. Prova disso é a escala de prestações em atraso com as pessoas tendo que optar quais pagamentos podem ser postergados.
O pagamento de compromissos, assim, transformou-se numa ciranda da escolha, refletindo-se com forte intensidade na cobrança de juros. E como as taxas de juros superam por larga margem, as taxas oficiais de inflação, os atrasos de pagamento tornam-se até um bom negócio para os credores. Daí as renegociações que oferecem. Até porque sem tais acertos, as dívidas tornar-se-iam incobráveis. Portanto o endividamento criou um nítido mercado paralelo especialmente para as empresas comerciais. Uma maneira de multiplicar o capital no sistema de comércio sem a necessidade de investir na aquisição de novos produtos junto a indústria e também sem a necessidade de conseguir espaço para estica-los, uma vez que os clientes são escassos.
Tal processo projeta-se nitidamente no cenário econômico. A causa original, da qual surgiram tantos efeitos negativos, foi a velocidade da atuação que reunia corruptores e corruptos. Sobretudo porque o preço da corrupção, por sinal, estava embutido no sobrepreço dos contratos da Petrobrás. A Lava-Jato foi um freio, não um acelerador.

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