MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Sem ter para onde ir, famílias vivem em casas condenadas no Acre


Moradores temem desmoronamento de casas em bairro de Rio Branco.
Secretaria de Habitação diz que moradores devem deixar local até agosto.

Iryá Rodrigues e Quésia Melo Do G1 AC
Maria Jezuína Rodrigues de Melo, de 38 anos, diz que em dias de chuva ela e a família precisam sair de dentro de casa  (Foto: Quésia Melo/G1)Maria Jezuína Rodrigues de Melo, de 38 anos, diz que em dias de chuva ela e a família precisam sair de dentro de casa (Foto: Quésia Melo/G1)
Os moradores de uma área de risco do bairro Preventório, em Rio Branco, reclamam da falta de acessibilidade do local e dos riscos de desmoronamentos das casas. Segundo eles, algumas residências já foram condenadas há mais de um ano pela Defesa Civil. Mesmo assim, alegam que nenhum órgão municipal ou estadual entrou em contato para retirá-los do local após a avaliação da área. Eles destacam também a falta de segurança, iluminação e recolhimento de lixo.
De acordo com o diretor executivo da Secretaria de Habitação do Acre (Sehab) , Daniel Gomes, um laudo expedido pela Defesa Civil determinou o congelamento das residências, ou seja, quando é identificado casas em áreas de deslizamento. "As casas foram congeladas pela Sehab, mas em torno de 80% das famílias já foram retiradas do local e remanejadas para a Cidade do Povo. Todas as demais que permanecem morando na área, devem ser retiradas até agosto, quando as casas ficam prontas", afirma.
A dona de casa, Maria Jezuína Rodrigues de Melo, de 38 anos, diz que em dias de chuva ela e a família precisam sair de dentro de casa com medo de que o barranco desmorone e acabe levando toda a residência em que moram há 32 anos. Segundo ela, há três meses a Defesa Civil deu um prazo de três dias para que ela fosse retirada do local, mas após isso, não foi mais procurada por nenhum órgão responsável.
"Quando chove ficamos no meio da chuva olhando a casa junto com as crianças. Não posso deixar meus filhos dentro de casa em uma situação como essa, porque pode desmoronar tudo e a casa ser levada. Sempre que procuro um órgão para falar sobre isso me mandam esperar e dizem que meu cadastro está feito. Não posso trabalhar, porque não quero sair de casa, deixar minha filha de sete anos e quando voltar ter acontecido uma desgraça", desabafa a moradora.
Nardir de Oliveira, de 33 anos, tem um filho especial precisa ser carregado nos braços até o topo do barranco (Foto: Quésia Melo/G1)Nardir de Oliveira, de 33 anos, tem um filho especial que precisa ser carregado nos braços até o topo do barranco (Foto: Quésia Melo/G1)
Nardir de Oliveira, de 33 anos, tem um filho especial que precisa ser carregado nos braços até o topo do barranco. Ela mora há sete anos no local e diz que moradores com casas melhores foram retirados da área e que outros em situação prioritária ainda não receberam uma nova moradia. Nadir conta ainda que sua residência está desmoronando e que a parede da área e uma parte do quarto dos filhos acabou cedendo com os constantes desmoronamentos.
"Condenaram minha casa e disseram que seríamos mandados para outros locais por prioridades, tenho um filho especial e ainda estou aqui. Tenho medo de acordar um dia e ter desabado tudo no barranco e cair em cima da gente. A Defesa Civil condenou minha casa, mas depois ninguém mais apareceu para falar sobre o assunto. Estamos abandonados, não tem segurança para os meus filhos. Muitas vezes encontraram cobras que foi até preciso chamar o Corpo de Bombeiros", disse.
O aposentado Francisco Martins de Freitas, de 87 anos, diz que chega a passar cinco dias sem poder sair de casa por causa das más condições da escada que dá acesso à área. Ele conta que mora no Preventório há cinco anos e há um foi um dos primeiros cadastrados para receber uma casa da Cidade do Povo. Entretanto, explica que ainda não foi morar no local porque precisa de ajuda do filho que mora ao lado e ainda não recebeu uma moradia.
"Se acontecer de eu passar mal dentro de casa, pode não ter ninguém para me ajudar, mas se meu filho também recebesse a casa que prometeram para ele, a gente já teria saído. Outro problema é que como a casa está condenada, não podemos fazer nenhuma melhoria na estrutura, se a gente mexer a multa é de R$ 3 mil. A cada chuva as casas descem mais. A escada de acesso eu já consertei três vezes, mas não adianta. Se não tirarem a gente daqui, é capaz de acordamos dentro do rio", desabafa.
O aposentado Francisco Martins de Freitas, de 87 anos, diz que chega a passar cinco dias sem poder sair de casa por causa das más condições da escada que dá acesso a área (Foto: Quésia Melo/G1)O aposentado Francisco Martins de Freitas, de 87 anos, diz que chega a passar cinco dias sem poder sair de casa por causa das más condições da escada que dá acesso à área (Foto: Quésia Melo/G1)
De acordo com Francisco das Chagas Araújo, sua casa era conjugada com outro morador que foi para a Cidade do Povo. Ele explica que o órgão responsável foi até o local para derrubar a casa do vizinho e acabaram deixando algumas partes de sua residência sem o telhado. Entretanto, por ter sido condenada, ele não pode fazer nenhum tipo de modificação no local.
"Moro aqui há 10 anos, só fizeram uma limpeza do matagal aqui uma vez. Se houver emergência temos que enfrentar a mata, se for a noite é na escuridão total por que não há iluminação. Estamos isolados, nos sentimos abandonados pelo poder público. Me ligaram uma vez e pediram um documento, entreguei e disseram que na próxima entrega de casas da Cidade do Povo eu seria retirado, mas isso já faz seis meses e até agora nada", diz.
Segundo o major Eden Santos, da Defesa Civil Municipal, o congelamento dessas casas foi um trabalho conjunto entre a Sehab e a Defesa Civil. "Se tem morador dizendo que está há um ano no local, é uma atividade de governo da Sehab, e a Defesa Civil não tem nada a ver", diz.
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Francisco das Chagas Araújo, diz que casa foi condenada e não podem fazer nenhuma melhoria (Foto: Quésia Melo/G1)Francisco das Chagas Araújo diz que casa foi condenada e não podem fazer nenhuma melhoria (Foto: Quésia Melo/G1)

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