(Congresso em Foco) O ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Edinho Silva,
ex-tesoureiro da campanha à reeleição da presidente Dilma, será chamado
a comparecer nos próximos dias à Comissão de Fiscalização e Controle do
Senado. O convite ao ministro, proposto pelo líder do DEM na Casa,
Ronaldo Caiado (DEM-GO), foi aprovado em reunião nesta terça-feira. A
oposição quer questionar Edinho sobre a delação premiada do empresário
Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, que afirma ter repassado R$ 7,5
milhões de recursos desviados pelo esquema de corrupção na Petrobras
para a campanha de Dilma.
“O Senado vai trazer o ministro Edinho Silva para que seja dada a ele
a oportunidade de se explicar. Se ele já admitiu ter estado com o
delator por três vezes enquanto tesoureiro da campanha fraudulenta de
Dilma Rousseff, que tipo de relação havia? Por que seu nome aparece como
chantagista que cobrou caixa dois citando contratos da Petrobras com
aditivos?”, provocou Caiado.
Em sua delação premiada, o empreiteiro disse ter sido procurado três
vezes por Edinho Silva no ano passado, com pedido de ajuda financeira e
referências aos contratos da UTC com a Petrobras. O empresário também
alega que doou, em caixa dois, R$ 3,6 milhões a José de Fillipi –
responsável pelas finanças da campanha de Dilma, em 2010, e de Lula, em
2006 -, e ao ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto.
Em entrevista coletiva concedida no último sábado, o ministro Edinho
Silva afirmou que todas as doações levantadas por ele para Dilma foram
registradas e seguiram princípios éticos e legais. Segundo ele, não
houve uso de caixa dois nas duas eleições da petista.
Inicialmente, o requerimento de Caiado previa a convocação do
ministro da Secom para explicar a declaração de que orientava bancos
estatais para realizar campanhas publicitárias que combatessem o
sentimento de rejeição ao PT. Mas senadores petistas assumiram o
compromisso de que Edinho compareceria para dar todas as explicações ao
Senado caso a convocação fosse transformada em convite.
“Nós, senadores, vamos cumprir com o nosso dever de exigir o máximo
de transparência de alguém que hoje ocupa um cargo de ministro. Eu, em
particular, gostaria de saber quais são as prerrogativas que o PT exige
para escolher seus tesoureiros, sendo que os últimos dois estão presos e
agora o senhor Edinho Silva, ex-tesoureiro de Dilma, aparece suspeito
de praticar os mesmos crimes de seus antecessores”, disse Caiado.
Na CPI da Petrobras, na Câmara, Edinho, Vaccari, Filippi e o ministro
Aloizio Mercadante (Casa Civil) – todos citados na delação de Ricardo
Pessoa – são alvos de requerimento de convocação. O empresário declarou
ter feito doações legais e ilegais para o PT e citou o nome de 18 políticos,
de seis partidos (além do PT, PMDB, PTB, PP, PSB e PSDB), como
beneficiários de repasses que tiveram como origem recursos do petrolão.
As doações, segundo ele, foram feitas por receio de perder contratos na
Petrobras.
Apontado como chefe do “clube das empreiteiras”, o empresário
entregou aos investigadores uma planilha intitulada “pagamentos ao PT
por caixa dois” que relaciona os dois petistas aos valores repassados
ilegalmente entre 2010 e 2014.
Na reunião desta terça-feira (30), o presidente da CPI, Hugo Motta
(PMDB-PB), informou que enviou oficio ao juiz federal Sérgio Moro, ao
ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), e ao
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que se manifestem
sobre a possibilidade de a CPI ter acesso ao conteúdo da delação
premiada de Ricardo Pessoa.
BLOG DO CORONEL
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