Outras 13 transações estão sendo investigadas internamente pelo banco.
G1 ouviu mais três clientes prejudicados pela compra da moeda falsificada.
José Maria Rangel procurou a PF no Recife para
fazer denúncia contra o Banco do Brasil, nesta
segunda-feira (Foto: Vitor Tavares / G1)
O Banco do Brasil
informou que há seis casos confirmados de pessoas que compraram cédulas
falsas de dólar na instituição, na agência central, no Recife. Outros
13 casos estão sendo investigados. O banco se pronunciou oficialmente,
através de nota, nesta segunda-feira (29), mesmo dia em que o G1 e a TV Globo ouviram três clientes que compraram a moeda norte-americana na agência em questão.fazer denúncia contra o Banco do Brasil, nesta
segunda-feira (Foto: Vitor Tavares / G1)
A Polícia Federal (PF) em Pernambuco abriu inquérito sobre os casos, também nesta segunda, após o agropecuarista José Maria Rangel Júnior procurar a entidade com cédulas de dólar que têm o mesmo número de série das que foram compradas pela família da estudante Amanda Parris, primeira a relatar o fato, na semana passada. Já o contador Flávio Amâncio passou por apuros em Nova York, este mês, quando uma funcionária de uma loja percebeu que as cédulas com que ele tentava pagar a conta eram falsificadas. O casal Eduardo e Kátia Nóbrega, que esteve em Miami durante oito dias, também este mês, descobriu que o dinheiro comprado era falso na hora de pagar a conta de um restaurante, no primeiro dia da viagem.
"Abrimos inquérito para saber de onde vêm e quem tentou colocar essas cédulas no comércio. A partir de agora, vamos periciar o dinheiro e também, se for o caso, procurar as autoridades norte-americanas. O crime [pelo qual os suspeitos serão acusados] é o uso de notas falsas, mas varia de acordo com a quantidade de participação dos envolvidos", disse Marcello Diniz, superintendente da PF em Pernambuco.
"O Banco do Brasil esclarece que, tão logo detectadas as ocorrências, iniciou a apuração dos fatos e adotou as medidas de segurança necessárias. Além disso, já fez contato com todos os clientes que fizeram operações de câmbio nas quais poderiam ter sido utilizadas cédulas do lote envolvido, e prestou as devidas orientações. Dentre os clientes contatados, o BB já confirmou que seis, de fato, adquiriram notas falsas. Há mais 13 operações que ainda estão sob verificação", diz nota oficial do banco.
Ainda de acordo com a assessoria de imprensa, o lote de cédulas foi identificado e isolado. "Trata-se de caso pontual. O BB reafirma que não existe risco para demais clientes que realizaram, ou venham a realizar operações de câmbio em Recife e demais praças".
Nesta segunda, o serviço de câmbio da agência do Recife Antigo ficou suspenso durante boa parte do dia, tendo sido normalizado no fim da tarde. "As atividades de câmbio na agência da avenida Rio Branco, em Recife, foram retomadas às 15 horas, após suspensão para verificação de procedimentos", conclui a mesma nota.
Apesar do posicionamento oficial do Banco do Brasil, a estudante Amanda Parris afirma que continua sem apoio oficial para provar às autoridades do estado do Texas que ela não sabia que as cédulas eram falsificadas. “O advogado que está representando o Banco do Brasil até agora só me liga e fala que estão vendo, mas não tenho nada oficial deles. O tempo está passando e isso está me irritando cada vez mais”, disse ela ao G1, nesta segunda.
'Totalmente lesado'
O agropecuarista da cidade de Bonito, no Agreste, fez o câmbio na agência localizada no Recife Antigo no último dia 12 de junho. Na última sexta-feira (26), o BB teria entrado em contato com ele para que efetuasse a troca das cédulas. Foi quando ele procurou Amanda Parris, pelas redes sociais, e confirmou que o número de série das notas dele era o mesmo das cédulas falsas que ela tinha no Texas.
"Eu me sinto totalmente lesado. O que está acontecendo com Amanda nos Estados Unidos poderia acontecer comigo. Conversei com ela e vi que as minhas cédulas também eram falsas. Ela também pediu para eu procurar a polícia, porque a ajudaria. Agora, vou esperar a perícia e depois procurar o banco. Para conseguir mais dinheiro, vou ter que ir em uma casa de câmbio, porque não há mais confiança com o Banco do Brasil", falou José Maria, que iria para Nova York de férias no próximo dia 10 de agosto.
periciadas (Foto: Vitor Tavares / G1)
Cercados por seguranças
No outro caso que veio à tona nesta segunda, o contador Flávio Amâncio contou à reportagem que foi em uma viagem de férias a Nova York, programada para durar sete dias, que ele viveu a situação constrangedora. A esposa dele tentou fazer uma compra em uma loja de roupas quando uma funcionária percebeu que o dinheiro era falsificado. Seis seguranças foram chamados, cercaram o casal e disseram que iam chamar a polícia.
A vendedora, entretanto, mediou a situação e aceitou que o casal pagasse com cartão de crédito. Ao todo, Flávio comprou 2.700 dólares na agência do Recife Antigo. Todas as cédulas apresentam numeração idêntica aos outros dois casos. De acordo com o contador, o BB prestou assistência a ele nos Estados Unidos e também se prontificou a resolver toda a situação.
Hostilizados no restaurante
O casal Eduardo e Kátia Nóbrega comprou, no dia 12 de junho, 3 mil dólares na agência do Recife Antigo. Desse total, 1.800 eram em notas de 100, que comprovou-se serem as cédulas falsas. Eles viajaram para Miami dois dias depois, com a filha grávida e o genro, a fim de comprarem o enxoval da neta. Na primeira noite na cidade, ao tentar pagar a conta em um restaurante, foram hostilizados pela gerente do estabelecimento, no momento em que ela percebeu que as notas eram falsificadas.
No dia 16 de junho, Eduardo e Kátia foram à agência do BB em Miami e contaram o ocorrido. O funcionário que os atendeu informou que eles poderiam voltar ao Brasil portando as cédulas ou resolver a situação no local, na presença do Serviço Secreto. Representantes do FBI que falavam português chegaram à agência, cerca de uma hora e meia depois, e confirmaram que as notas eram falsificadas. As cédulas foram vistoriadas e recolhidas e o casal, depois de prestar os esclarecimentos, recebeu documentação detalhando o procedimento. Assim, a família pôde continuar a viagem, que estava programada para durar oito dias.
A estudante brasileira Amanda Parris e o pai dela, João Neto da Silva, foram surpreendidos na quarta-feira (24), quando tentavam depositar, em um banco de Galveston, no Texas, a quantia de 2.820 dólares. A funcionária que fazia a transação percebeu que as notas eram falsas e acionou a polícia. Os policiais chegaram ao local e constataram, pelo número de série, a falsificação do dinheiro, notificando João e Amanda pelo porte das cédulas. No local, além de colher informações pessoais dos dois, disseram que João não poderia voltar ao Brasil até a conclusão das investigações.
De acordo com a família, a compra dos dólares foi feita na agência central do Banco do Brasil (BB) no Recife, no último dia 18 de junho. Quem comprou os dólares foi Maria de Fátima da Silva, tia de Amanda. Ela, que é funcionária aposentada do BB, foi até a agência localizada no Recife Antigo e, após receber o valor, deu ao irmão para que ele entregasse à sobrinha. João Neto da Silva viajou aos Estados Unidos na última terça (23)
Investigações
Amanda Parris contou ao G1 que procurou o Departamento de Polícia de Galveston, na sexta (26), e foi informada que deve ser ouvida pelas autoridades a partir da próxima quarta (1º). Os pernambucanos também já estão em contato com o Consulado Brasileiro na cidade de Houston, no Texas. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o consulado já tem conhecimento do caso, e está analisando os fatos para saber quais ações poderão ser tomadas pelo governo brasileiro.
Ainda segundo Amanda Parris, o boletim de ocorrência do caso não foi repassado a ela, apenas ao Consulado do Brasil em Houston. Agora, a família espera o andamento das investigações em Galveston para prestar esclarecimentos às autoridades.
No sábado (27), Amanda contou que foi procurada por um advogado do Banco do Brasil que estava em Nova York. Ela disse que o representante da instituição financeira perguntou do que ela estava precisando. "Eu disse que queria um documento isentando eu e o meu pai, para entregar às autoridades dos Estados Unidos e à Polícia Federal no Brasil. Em inglês e português", ressaltou, por telefone.
O Banco do Brasil confirmou o contato e informou, através de nota, que "escalou equipe de profissionais para prestar a devida assistência e apoio jurídico à família. Tão logo foi informado das ocorrências, o banco iniciou a apuração das causas e adotou as medidas necessárias. As apurações internas ainda estão em curso, e o banco prestará todas as informações devidas às autoridades, inclusive à Polícia Federal. O BB lamenta o ocorrido e informa que já adotou medidas para evitar outras intercorrências".
Nenhum comentário:
Postar um comentário