MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Atraso na chuva impacta produção de alimentos típicos do período junino


G1 foi até Alagoinhas e visitou plantações de milho, amendoim e laranja.
Confira a média de preço dos principais itens juninos em Salvador.

Lílian Marques Do G1 BA
Na Bahia, a maior parte do que é produzido de milho, amendoim e aipim, alimentos quase obrigatórios durante os festejos juninos, vem da agricultura familiar. De acordo com Elionaldo Faro, gestor da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater), a Bahia tem quase 700 mil agricultores familiares.
Uma das regiões onde há o cultivo desses produtos advindos da agricultura familiar é Alagoinhas, cidade localizada a cerca de 110 km de Salvador.
No fim do mês de maio, o G1 visitou plantações de milho, amendoim e laranja na zona rural do município. Segundo os produtores, a chuva veio com atraso em 2015, e a oferta do milho e do amendoim nos boxes das feiras e prateleiras dos mercados pode não ser tão farta. A laranja e o aipim não foram tão afetadas pela falta de chuva no período, pois são plantadas durante o ano inteiro.
Plantio de milho em Alagoinhas-BA (Foto: Lílian Marques/G1)Plantio de milho em Alagoinhas-BA
(Foto: Lílian Marques/G1)
São José
A tradição nordestina é de plantar os produtos que serão vendidos no período junino no dia de São José, 19 de março. No entanto, faz um tempo que a chuva não chega na data esperada, e a produção junina atrasa. Este ano, a chuva também não veio, o que interferiu na colheita.
"A cultura de plantar milho em São José é centenária. Todo nordestino, a maioria deles, tem que plantar sempre um pedaço [de terra] em São José. É uma tradição. Hoje se planta milho até o dia 20 de abril", explica José Linaldo, presidente a União de Agricultores Rurais de Alagoinhas (Uara).
"Na cultura do nordestino, a maior festa é o São João, que começa desde o São José", completa a agricultora e vice-presidente da Uara, Cristiane Maria Souza.
O secretário de Agricultura de Alagoinhas, Jorge de Santana Gonçalves, também destaca a importância da chuva. "Quando chove na data certa, os produtores já deixam a terra pronta para o dia 19 de março. Se não chover, a maioria não planta. Mas tem quem plante mesmo sem a chuva", disse.
O superintendente Elionaldo Faro acrescenta que mesmo sem a chuva na data certa, o fornecimento do milho está garantido para o São João, pelas plantações que contam com irrigação própria.
"Com relação à chuva, ela não veio como o esperado todos os anos: que é no Dia de São José. Veio um pouco depois, o que deve atrasar a colheita em alguns locais para o mês de julho. Mas há uma parte da produção no estado em que a plantação é irrigada: são 80 mil hectares de produção irrigada, o que vai garantir a entrega dos milhos que consumimos em junho para o São João. A estimativa é de que serão de 5 a 6 milhões de espigas para o período", afirmou.
Plantio de milho em Alagoinhas-BA (Foto: Lílian Marques/G1)Plantio de milho da agricultora Cristiane
(Foto: Lílian Marques/G1)
Sem a chuva, a agricultora Cristiane optou por irrigar manualmente a plantação de milho da propriedade que mantém em Alagoinhas. "Foi irrigação manual mesmo, não teria nada [milho] para o São João se não fizesse isso", disse.
O que foi plantado no dia de São José, mesmo sem chuva, é colhido antes do São João e, normalmente, vendido para os festejos de Santo Antônio, comemorado no dia 13 de junho.
"O milho a gente planta do dia 19 [de março] até o dia o 1º de abril para o período junino. Se a gente plantar dia 19, nós vamos colher para o Santo Antônio [13 de junho], que é padroeiro da nossa cidade [Alagoinhas]. Se nós plantarmos depois do dia 20, 25, até o dia 26, nós colhemos para o São João. Plantando no dia 1º de abril, no dia 2, nós vamos colher no São Pedro. É só uma semana, mas faz a diferença para o milho amadurecer, ficar bom para o consumo", disse a produtora rural.

Na roça de seu Roberto Gonçalves, o plantio é do cobiçado amendoim. A chuva atrasou e interferiu na colheita para o São João, mas mesmo com atraso ela foi bem recebida e vai render uma boa colheita, pelo menos para o período de São Pedro.
"Com 90 dias [depois do plantio] ele já vai estar maduro. Essa [plantação] daqui tá 100%, bem desenvolvida pelo intermédio da chuva. Talvez saia alguma parte para o São João.
Plantação de laranja em Alagoinhas-BA (Foto: Lílian Marques/G1)Plantação de laranja em uma das propriedades do
agricultor José Silva (Foto: Lílian Marques/G1)
Já os cultivos da laranja e do aipim não são tão prejudicado pelo atraso da chegada da chuva em março, por ter tempo diferente para se desenvolver. É o que explica o agricultor José Silva.
Nas propriedades de José Silva, o principal cultivo é da laranja. "Eu planto de inverno a verão. Eu mesmo faço tudo: planto, adubo, passo com o trator, cuido de tudo. A laranja, depois de plantada, demora uns seis meses para ser colhida", disse o produtor rural que herdou a atividade dos pais. Segundo ele, a laranja mais procurada no São João é a conhecida como "Bahia" ou "Umbigo".
De onde vem
De acordo com um levamento feito pelo G1, a maior parte dos produtos juninos vendidos em Salvador é produzida no estado mesmo. Na Central de Abastecimento da Bahia (Ceasa), localizada em Simões Filho, por exemplo, o milho vendido aos comerciantes vem de Juazeiro, no norte baiano, e do estado de Sergipe. Já o amendoim, entretanto, este ano é fornecido apenas por produtores sergipanos, segundo informações de Joselito Silva, coordenador de mercado da Ceasa Simões Filho.
O aipim vendido na Ceasa nessa temporada é do Recôncavo Baiano. Cidades como Cruz das Almas e Santo Antônio de Jesus são as principais forncedoras. A laranja vem também vem de dentro da Bahia, que figura entre um dos maiores produtores do fruto no país. Rio Real e Alagoinhas se destacam na produção.
mandioca (Foto: Pedro Santana/TG)Aipim (Foto: Pedro Santana/TG)
O G1 consultou duas das principais redes de supermercados que atuam em Salvador. Segundo a assessoria de comunicação das empresas, boa parte dos produtos juninos vendidos nas prateleiras são da Bahia. Em um deles, o aipim também é fornecido pelo estado de Sergipano.
Preços
Ainda que a produção em alguns lugares não tenha atendido a expectativa dos agricultores, os preços dos produtos juninos não devem ser tão elevados em comparação aos anos anteriores. É o que afirma Joselito Silva, da Ceasa Simões Filhões. "O amendoim mesmo teve uma boa produção, e pode ser até que o preço caia", disse.

No fim do mês de maio, a saca com 30 kg de amendoim era vendida tinha preço entre R$ 70 e R$ 75. Nos mercados, o valor do quilo varia de R$ 14 a R$ 14,29.

Já o cento do milho verde (espiga) estava de R$ 55 a R$ 60 na Ceasa. A tendência, de acordo com o coordenador de mercado, é que o preço caia para até R$ 40 o cento, porque a oferta de produtos aumenta. Nos mercados consultados pela reportagem, o preço da unidade da espiga estava entre R$ 1,69 e R$ 1,88.

O preço da laranja, segundo Joselito, se mantém estável na Ceasa: R$ 17 o cento. Nos mercados, o valor encontrado pelo G1 foi de R$ 1,59 a R$ 1,90. O aipim, que também tem fornecimento e procura o ano inteiro, estava de R$ 25 a R$ 30 o saco com 30 kg, na Central de Abastecimento em Simões Filho . Nos mercados, o preço encontrado foi entre R$ 1,88 e R$ 2,59 o quilo.

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