Petistas, como Jorge Solla, reagiram e chegaram a chamar o prefeito de "cínico"
por
David Mendes
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA
Que uma campanha política
hoje no Brasil custa cifras milionárias e um candidato para vencer tem
que ter muitos recursos, até os mais avessos à política têm noção. O
problema é transferir dinheiro público, que deveria ser usado para
garantir acesso da população à saúde, educação e segurança pública, para
tentar chegar ao poder ou se perpetuar nele.
A acusação foi feita ontem pelo prefeito de Salvador,
ACM Neto (DEM), que acusou o PT de vencer eleições com dinheiro público
desviado de esquemas como o “mensalão” e o “petrolão”.
“O dinheiro público poderia ser investido e foi pelo
ralo da corrupção para alimentar campanhas políticas do PT. Agora, a
gente começa a entender por que o PT ganhou tantas eleições nos últimos
anos no Brasil, além do enriquecimento pessoal de muita gente”, acusou o
democrata, em entrevista à Rádio Metrópole.
Para o gestor soteropolitano, que acusou o PT de ter
perdido a noção do público e do privado, os escândalos revelados pela
Operação Lava Jato, que investiga esquemas de corrupção na Petrobras, os
deixam cada vez mais “perplexos”.
“Em comum a tudo isso, só existe uma coisa,
infelizmente, que é a presença de pessoas do Partido dos Trabalhadores
envolvidas em todos esses principais escândalos”, condenou ACM Neto.
O democrata ainda lembrou que mesmo após o escândalo de
corrupção no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
(PT), os petistas não aprenderam a lição. “Depois que o mensalão
colocou petistas na cadeia, pensamos que o PT iria aprender a lição, mas
não”, alfinetou.
As declarações causaram a ira de diversos petistas baianos que reagiram à ofensiva do prefeito de Salvador.
O deputado federal Jorge Solla (PT) foi o mais duro.
Além de chamar o prefeito de “cínico”, atacou o avô do político, o
ex-senador Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007. “Ele [ACM Neto]
precisa antes explicar para a Bahia como com um salário de funcionário
público seu avô acumulou a fortuna que hoje está nas mãos de seu pai e
que ele receberá como herança”, disparou Solla.
O deputado petista, que comandou a Secretaria Estadual
da Saúde (Sesab) durante o governo Jaques Wagner (PT), ainda desafiou ao
prefeito a comparar a evolução patrimonial nos últimos 30 anos dos
deputados federais do PT da Bahia com os dos parlamentares do DEM
baiano.
“Sou médico, como era o ex-senador [ACM], e sou
político, como ele também foi. Agora olha para o meu patrimônio e olha a
fortuna que Neto herdará do avô. São mais de meio bilhão de reais que
saíram de alguém que não tinha nada. A diferença é que não aproveitei
para abrir hospital quando estive secretário. O ex-senador usou o poder
que tinha como Ministro das Comunicações em benefício próprio, para
montar um império da TV, rádio e jornal na Bahia”, acusou Solla.
Outro que saiu em defesa dos correligionários foi o
líder da oposição na Câmara Municipal de Salvador, vereador Gilmar
Santiago (PT).
Em nota enviada para a imprensa, o vereador
soteropolitano afirmou que o prefeito não estaria credenciado a falar em
“enriquecimento pessoal” de petistas que estão no poder. “Ele fala das
pessoas do PT que ficaram ricas, mas ele poderia explicar como ele ficou
rico tão cedo. Ao que parece, ficou rico com herança também de
familiares que não eram ricos. Pelo menos o avô dele não era rico quando
entrou na política”, alfinetou o petista.
Em uma rápida comparação com o número de vitórias para o governo da
Bahia, por exemplo, os democratas – ex-PFL – estão na frente dos
petistas. Desde a primeira vitória por meio de eleição direta, o grupo
liderado pelo ex-senador ACM até a sua morte já tinha vencido quatro
eleições – ACM, Paulo Souto, César Borges e Souto novamente. O PT ganhou
as três últimas – Jaques Wagner duas vezes seguidas e Rui Costa no
pleito do ano passado.
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