A
presidente Dilma convocou o peemedebista Eliseu Padilha, hoje ministro
da Aviação Civil, para uma posição central no seu governo: Relações
Institucionais, ora a cargo do inexistente Pepe Vargas, um petista de
sua cota pessoal, que não conta com o apoio nem do… PT! Sim, essa é uma
das sugestões de Lula para amenizar a crise com o Congresso. Na verdade,
o chefão petista (leiam post a respeito) defende que Dilma, se preciso,
terceirize o governo para o partido aliado. O que ele quer é garantir a
estabilidade da presidente no cargo para poder se dedicar à agitação
política e à construção de sua candidatura em 2018.
É por isso
que Dilma quer Eliseu Padilha na articulação política? Não exatamente!
Hoje, ela precisa de alguém que articule alguma coisa, seja lá o que
for. A presidente conta com um incrível exército de nove pessoas para
cuidar desse assunto — entre eles, o impressionante Aloizio Mercadante.
Sabem o que acontece? Nada! Ou melhor: tudo! Os desastres vão se
sucedendo e se multiplicando.
O
peemedebista Padilha conta com as bênçãos do vice-presidente, Michel
Temer, mas não se terá a garantia de que o PMDB fará tudo o que seu
mestre mandar. O esforço de Lula, diga-se, de terceirizar o governo para
o partido aliado, pensando exclusivamente na sua própria candidatura,
já traduz uma leitura tosca da realidade. Por quê?
Esses
poucos meses de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) à frente da Presidência da
Câmara lembraram ao partido o gosto que tem o poder de verdade. Até
havia pouco, o PMDB parecia contente em ser apenas uma espécie de
mordomo muito poderoso, amigo do proprietário. Ou, então, se via bem
como um chefe dos eunucos da corte persa.
Parece que
fatia substancial do peemedebismo começa a alimentar ambições maiores
do que servir apenas de esbirro do petismo ou de projetos alheios. O
esforço de Lula já está claro: ele quer, desde já, recuperar o PMDB como
sócio preferencial do poder de agora e do vindouro, que, na sua
prepotência sem limites, imagina que cairá em seu colo. Gente como este
senhor acha que não precisa combinar as coisas nem com os eleitores.
Padilha
deve aceitar o cargo, com as bênçãos das principais lideranças do
partido — Cunha inclusive. Aliás, o presidente da Câmara já veio a
público para dizer que nada muda na relação do PMDB com o governo. Vamos
ver.
Tudo
indica que o PT perdeu o seu poder encantatório mesmo quando acena com
cargos em troca de apoio. Há, para arremate dos males, uma coisa chamada
“fadiga de material”. Os hoje aliados do partido também acham que
chegou a hora de ele largar o osso.
Se Padilha
for para a coordenação política, pode melhorar alguma coisa para Dilma
na relação com o Congresso e com os partidos? Pode, sim, por dois
motivos: a) ele é um político hábil e com bom trânsito na oposição — foi ministro de FHC, é bom lembrar; b) não é possível piorar.
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