MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Quatro dias após ataque, barco volta a monitorar praias no litoral de PE


Embarcação Sinuelo vai do Pina, Zona Sul do Recife, até o Paiva, no Cabo.
Devido à burocracia, barco do projeto passou sete meses parado.

Katherine Coutinho Do G1 PE

Sinuelo deixa o píer para a primeira viagem após sete meses. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Sinuelo partiu do píer de Brasília Teimosa após sete meses parado. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
O barco Sinuelo, que faz o monitoramento de tubarões na costa pernambucana, voltou ao mar nesta sexta-feira (26), quatro dias após o ataque que vitimou a estudante paulista Bruna Gobbi, na segunda-feira (22). As expedições estavam suspensas há sete meses, devido a trâmites burocráticos que atrasaram o repasse de verbas para o Protuba, que compreende o projeto de monitoramento, além de ações de conscientização e pesquisa, coordenadas pelo Instituto Oceanário, ONG com sede na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
O barco zarpou de um píer em Brasília Teimosa, na Zona Sul do Recife, às 15h, e deve retornar apenas na quarta-feira (31). O presidente do Instituto Oceanário, Alexandre Carvalho, afirmou que foi 'uma triste coincidência' o ataque ocorrer na segunda e verba de R$ 1,798 milhão, para o projeto, ser liberada de terça (23) para quarta (24). “Nós dependemos da Lei 8.666, que trata de licitações públicas. A liberação não tem nada a ver com o ataque”, destacou.
Presidente do Instituto Oceanário, Alexandre Carvalho. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Alexandre Carvalho disse que trabalho de conscientização
com banhistas começa neste fim de semana
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
As atividades de conscientização, suspensas em junho, também devem ser retomadas a partir deste fim de semana. “Estamos com algumas dificuldades por causa dos voluntários, que estão inclusive fora da cidade. Estamos retomando, mas não de maneira plena. Temos ainda que providenciar material, mas já vamos trabalhar com uma tenda em frente ao Edifício Acaiaca e com os voluntários distribuídos entre o Pina [Zona Sul do Recife] e a Igrejinha de Piedade [em Jaboatão] conscientizando a população dos pontos de maior risco”, afirmou.
Coordenador das atividades do Sinuelo e professor de oceanografia da UFRPE, Fábio Hazin explicou que a paralisação prejudicou o monitoramento, principalmente devido ao equipamento. “O ideal é que o trabalho possa ser feito de forma contínua, porque toda paralisação implica em desgaste de equipamento e necessidade de manutenção de estruturas que não puderam receber manutenção adequada durante esse período”, detalhou.
A embarcação faz a captura de tubarões no trecho compreendido entre as praias do Pina, Zona Sul do Recife, e do Paiva, no Cabo de Santo Agostinho, Litoral Sul. Desde 2004, quando a embarcação começou a navegar na costa pernambucana, foram capturados aproximadamente 400 animais, sendo 60 tubarões da espécie tigre e 14 da cabeça-chata. Os animais estão envolvidos com ataques registrados nos últimos anos no estado.
Fábio Hazin, coordenador científico do barco Sinuelo. (Foto: Katherine Coutinho / G1)Fábio Hazin coordena as viagens do Sinuelo
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
O trabalho consiste no lançamento de espinhéis, que são linhas com anzóis, em determinado trecho da costa. São dois espinhéis, cada um com cem anzóis, totalizando duzentos distribuídos por oito quilômetros. “Nós lançamos o espinhel por fora da linha do canal e lançamos algumas linhas dentro do canal. O canal é uma área adjacente no mar, mais profunda que vai desde o Pina até Candeias, uma área de mais risco, trecho onde a maior parte dos ataques aconteceram”, disse Hazin.
A tripulação do Sinuelo é composta de cinco a sete pessoas, sendo um engenheiro de pesca, um capitão do navio, dois auxiliares de pesca, um cozinheiro e, dependendo da viagem, dois estudantes. O navio fica, geralmente, de quinta a terça-feira no mar. “Excepcionalmente nessa semana estamos começando logo na sexta-feira, por isso vamos ficar até a quarta-feira. No final da tarde, a equipe lança os espinhéis, recolhendo pela manhã”, explicou Carvalho.
Em caso de captura de tubarão, o animal é trazido a bordo e é marcado, para que a equipe possa monitorá-lo. Em seguida, ele é levado e solto a 37 quilômetros da costa. “Nesses anos pudemos perceber que a taxa de retorno é muito baixa, essa medida realmente ajuda a diminuir o índice de ataque de tubarões. As estatísticas estão aí para provar”, ressaltou Hazin, acrescentando que o trabalho conjunto com educação ambiental e prevenção, associado ao monitoramento, é responsável pela redução do número de ataques.
Barco Sinuelo parado no píer em Brasília Teimosa, Zona Sul do Recife, (Foto: Katherine Coutinho / G1)Barco Sinuelo captura e solta tubarões a 37 quilômetros da costa (Foto: Katherine Coutinho / G1)

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