Cleidiana Ramos / A TARDE
A surpresa é resultado da imagem de instituição distante da tecnologia que parte do imaginário coletivo mantém sobre a Igreja Católica. Mas a JMJ é mais um exemplo de que a Igreja está atenta às possibilidades que redes sociais e outras tecnologias da informação oferecem para propagar e sedimentar seu discurso.
Uma prova são os sites, portais, além das contas de instituições católicas no Facebook e no Twitter. Personagens da alta hierarquia católica, inclusive o papa Francisco, possuem perfis online.
Outras ações com mobilização inspirada nas redes sociais também fazem parte da programação da JMJ. Está previsto, por exemplo, um flash mob - aglomeração instantânea geralmente combinada pelas redes sociais.
A ação será no dia 28, durante a Missa do Envio, e promete ser a maior realizada no mundo até agora .Na última edição da JMJ, realizada há dois anos, em Madri, na Espanha, o flash mob reuniu cerca de dois milhões de pessoas.
Durante o flash mob os jovens vão dançar uma coreografia ao som do rock da banda Expresso HG.
Apropriação
"A Igreja é prudente no uso de recursos de massa e as redes sociais são um fenômeno relativamente novo, mas que já começamos incorporar", diz o padre Manoel Filho, coordenador da Pastoral de Comunicação da Arquidiocese de Salvador (Pascom).
O padre conta que o papa emérito Bento XVI incentivou o uso das novas formas de comunicação em documentos oficiais, durante o seu pontificado. "Em documentos sobre o Dia Mundial das Comunicações o papa se referiu à Internet como um continente digital", diz padre Manoel.
Ele afirma que foi um grande avanço um papa compreender o mundo virtual como um novo ambiente. "Lembro que André Lemos, professor da Faculdade de Comunicação da Ufba, disse, em uma palestra, que não existe contradição entre o mundo real e o mundo virtual. Isso e mais as afirmações de Bento XVI nos dão muito o que pensar", completa.
Para o padre, esse entendimento sobre os novos meios incentiva a busca de ações diferenciadas . "Se as pessoas estão felizes na vida "real" também estão felizes no Facebook. Quem reza na rua, reza no mundo virtual. Portanto, este é um espaço que estamos aprendendo a ocupar ", acrescenta.
Convergência
Uma amostra de como a arquidiocese continua atenta aos desafios que a Internet apresenta é a transformação do seu site em portal. "Ele já inclui TV digital e a versão on line do nosso jornal. Além disso, temos perfil no Facebook, no Twitter", enumera o padre.
Doutor em comunicação e professor da Ufba, Nelson Pretto explica que as redes digitais estão em constante processo de construção.
Por esse motivo, as instituições vão encontrando novos usos a partir do que surge como sua necessidade. "Quando nos apropriamos da tecnologia vamos modificando o seu uso. Se ele é bom ou ruim aí é outra história ", diz o professor.
Pretto destaca que alguns psicólogos têm falado com pacientes via SMS. "Da mesma forma que psicólogos perceberam essa nova forma de conexão, a religião também apropria-se dessas redes".
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