Unidos de Padre Miguel torce para que drama não abale ânimo no desfile.
Sem barracão, agremiação não terá onde deixar as alegorias.
Carros
da Unidos de Padre Miguel em fase de acabamento no barracão construído
há quatro meses, no Caju (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
Desafios não faltam a Unidos de Padre Miguel,
que neste carnaval integra a Série A - que juntou 19 escolas dos
antigos Grupos de Acesso A e B. Depois de ser despejada do antigo
barracão em junho e só há quatro meses conseguir um novo espaço cedido
pela Prefeitura do Rio, a escola da Zona Oeste, agora se vê diante de um
novo obstáculo. Depois do desfile, no sábado (9), a escola não terá
para onde levar suas alegorias, pois o terreno que ocupa será
interditado e devolvido ao verdadeiro proprietário.O carnavalesco Edson Pereira, autor do enredo “O reencontro entre o céu e a terra no reino de Alafin Oyó”, vê certa coincidência entre o tema e o momento pelo qual a Unidos de Padre Miguel está passando. O enredo fala sobre o encontro espiritual entre os orixás das lendas africanas e o homem, que foram separados pelos pecados cometidos pelos humanos. A pedido de Xangô esse reencontro acontece quando os seres humanos se incorporam os orixás e assumem suas características nos rituais religiosos.
“Xangô gosta dos desafios, que propiciam que ele mostre seu poder. E é isso que a Unidos de Padre Miguel está fazendo. Estamos enfrentando os problemas, que até aqui não foram poucos, de frente. A comunidade está unida e com muita garra, empolgada, para esse desfile”, disse Pereira.
Aterro com entulho dificultava a saída dos carros do
barracão (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
Ele lembra que depois da cessão do terreno no Caju, a escola levou dois
meses para erguer o barracão. Neste período, Pereira conseguiu aprontar
os quatro carros que a Unidos de Padre Miguel vai apresentar na
avenida. Mas não sem algum sacrifício. Como o terreno era um aterro
irregular, a escola corria o risco de não conseguir deixar o local para
desfilar.barracão (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
Depois de quatro meses de insistentes pedidos, a Prefeitura colocou uma camada de asfalto no terreno. Agora, segundo Pereira, os carros já podem sair em direção à Sapucaí, mas o destino que terão ao final do desfile ainda é incerto.
“O terreno vai ser lacrado depois de retirada as alegorias. A escola não tem um espaço assim tão grande para caber todos os carros. As alegorias são caras, não resistem ao sol e à chuva por muito tempo, não podem ficar expostas, jogadas na rua. Todo esse investimento será perdido. A Cidade do Samba 2 deve levar uns dois aos para ficar pronta. Posso dizer com tranquilidade que o carnaval de 2014 da Padre Miguel já vai começar comprometido” lamentou o carnavalesco, que destacou que o trabalho das escolas de samba recomeça em abril.
Terreno recebeu uma camada de asfalto na noite de
quinta-feira (31), mas escola terá de deixar o local
após o desfile (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
A Unidos de Padre Miguel, que em 2012 foi a terceira colocada do antigo
Grupo B, teve de investir muito para se equiparar às concorrentes.
Confeccionou carros maiores e fantasias mais elaboradas para concorrer
com escolas mais tradicionais, como Império Serrano, Estácio de Sá e
Viradouro.quinta-feira (31), mas escola terá de deixar o local
após o desfile (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
“A cada dificuldade, temos uma motivação a mais. A comunidade está respondendo bem às adversidades, com garra, com força e disposição. Vamos entrar na avenida para brigar pelo título, com a força de Xangô. Mas a situação da escola não deixa de ser preocupante”, avalia o carnavalesco.
A Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj) informou através de sua assessoria, que já conseguiu com a Prefeitura e a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) um terreno na Avenida Brasil, no Caju, onde as escolas da série A poderão deixar suas alegorias, sem prejuízo para ninguém. Com isso, a Unidos de Padre Miguel deverá se dirigir para esse novo espaço logo depois do desfile.
Escola investiu na construção do barracão que terá de abandonar após o desfile (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
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