MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Devoto de Iemanjá leva o filho para dar continuidade à tradição religiosa


Festa para a rainha do mar lota a praia do Rio Vermelho, em Salvador.
Fila para deixar oferendas é grande na manhã deste sábado (2).

Egi Santana Do G1 BA

Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)Devoto Eloísio Teixeira oferece o presente à Rainha do Mar em Salvador (Foto: Egi Santana/G1)
O vigilante Eloísio Teixeira, morador do bairro do IAPI, fez todo um ritual antes de entregar as suas oferendas à Iemanjá neste 2 de fevereiro de sol forte em Salvador. Ele escolheu uma área afastada da praia a fim de ter mais calma na hora de fazer as preces. "Primeiro eu agradeço e depois eu faço pedidos", disse. Eloísio conta que a tradição é herdada de mãe e pai. "Agora eu tento passar isso para o meu filho de um ano", completa. O garoto acompanhava o pai, junto com a mãe, nas homenagens na praia do Rio Vermelho.
Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)Eloísio levou a família para o dia de reverências
(Foto: Egi Santana/G1)
Eloísio e a família são algumas das milhares de pessoas que foram realizar o ponto alto da devoção à Rainha do Mar na manhã deste sábado (2), na capital baiana.
Além das belas histórias de cada um em meio à multidão, o que mais chama a atenção na Colônia de Pescadores, onde os presentes que serão lançados ao mar à tarde são recebidos, é a imensa fila que reúne os fiéis incansáveis, onde a espera chegou a três horas durante a manhã.
O dia  ensolarado é mais um convite à praia do Rio Vermelho. Muita gente prestou suas homenagens cedo e resolveu se refrescar nas águas calmas e de temperatura agradável para o banho.
Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)Mulher aproveita o banho em meio às oferendas
(Foto: Egi Santana/G1)
Embora o mar fique tomado pelas oferendas, banhistas acharam um espaço no casa da Rainha do Mar para aproveitar o início do fim de semana com um dos programas preferidos do baiano: a praia.
Os presentes deixados pelos devotos que encaram a fila na Colônia de Pescadores foram levados ao mar assim como o presente principal. Mas há quem prefira conversar diretamente com Iemanjá.
As pedras da praia do Rio Vermelho são o acesso para as águas. Aos poucos, os balaios com flores, espelhos, pentes e outros utensílios de beleza são deixados para agradar a entidade que tem como maior característica a vaidade.
Por causa da tradicional aglomeração na orla, o trânsito foi modificado nas imediações do Rio Vermelho.
Até por volta das 8h40, o fluxo na Avenida Garibaldi, um dos principais acessos à festa, estava tranquilo. No entanto, a previsão é de que seja formado congestionamento na via ao longo do dia.
Ildeci (Foto: Egi Santana/G1)Eliaci veio de Cruz das Almas depositar seus
presentes (Foto: Egi Santana/G1)
Na fila de espera para entregar as oferendas, tem gente de todas as idades. Adultos, crianças e idosos se misturam para aguardar até três horas para deixar seus presentes.
Uma delas é a vendedora Eliaci do Carmo, que saiu da cidade de Cruz das Almas, a 145 da capital baiana. Ela cumpre a tradição há 18 anos. "Apesar de na minha cidade não ter rio e nem ter mar, essa é uma tradição passada desde a minha avó e a gente tenta seguir ainda hoje em dia", conta.
Para ela, aguentar horas na fila é "tranquilo" por conta das graças que já alcançou. "A minha casa e a saúde dos meus dois filhos e dos meus dois netos", completa.
Dona Eliaci chegou às 7h30 na rodoviária de Salvador e seguiu direto para o Rio Vermelho. "Só saio depois de entregar as oferendas e tomar um banho de mar", garante.
Irmas (Foto: Egi Santana/G1)Carolina e Carina falaram sobre a fé (Foto: Egi Santana/G1)
Para a socióloga Carolina Castro, "vivemos em uma sociedade fundamentalista, onde é muito difícil viver sem fé. Eu me encontrei nessa forma de ter fé, mas cada um tem a sua, e no final todo mundo fala de Deus, só muda o formato". Já Carina Castro falou que "não tem muito como se explicar a fé. Essas coisas não são faladas, você sente a fé".
Além dos fiéis da fila, teve também quem preferiu ir de barco alguns metros fora da costa, para depositar os presentes. "Eu acredito que lá é mais bem recebido", disse a atendente Nanete da Silva, de 52 anos. Ela foi aocmpanhada da filha, Priscila Borges, 28, e da neta, a pequena Paula Francine, de três anos, que foi breve ao dizer que "a festa está linda".
Presente Principal
Por volta das 16h20 deste sábado (2), em uma embarcação batizada de “Rio Vermelho”, o presente principal oferecido à Iemanjá foi levado por pescadores, devotos e curiosos para o mar. Com uma alvorada de fogos, a imagem de aproximadamente 1,6m de altura, decorada com um mosaico de espelhos em tons de azul e prata, foi arriada na chamada “Loca de Iaiá”, a cerca de 3 km da praia, região considerada ideal para receber as oferendas, segundo a tradição.  O presente foi criado pelo artista plástico Rui Santana.
Nanete e família (Foto: Egi Santana/G1)Nanete e família (Foto: Egi Santana/G1)
Festas
Além das comemorações religiosas, nas areias da praia do Rio Vermelho também são encontradas rodas de samba de roda, ou samba do recôncavo, onde os devotos dançam e batucam durante todo o dia. Para a aposentada Nanete da Silva, essa é uma característica do "religioso baiano que vai a tudo, que se adepta a tudo e vive bem assim", disse.
Samba (Foto: Egi Santana/G1)Garoto samba em uma das rodas formadas durante os festejos (Foto: Egi Santana/G1)
Além disso, as rodas de capoeira também animam turistas e devotos que aparecem na festa durante todo o dia 2 de fevereiro.
Capoeira (Foto: Egi Santana/G1)Jovens fazem apresentação de capoeira (Foto: Egi Santana/G1)
História
Conhecida como uma das mais populares festas de celebração pública do candomblé, o festejo acontece desde 1923, quando houve uma diminuição na oferta de peixes da Vila dos Pescadores do Rio Vermelho. A tradição conta que eles pediram ajuda ao orixá, conhecida como a Rainha do Mar, e seguiram para ofertar presentes para Iemanjá. A oferta foi feita no meio do mar e, desde então, a festa é realizada todos os anos no dia 2 de fevereiro.
Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)Pescador descansa e senhora deposita flores no mar (Foto: Egi Santana/G1)
Devotos (Foto: Egi Santana/G1)Fiéis suportaram o sol que fez na capital baiana (Foto: Egi Santana/G1)
Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)Flores são os presentes preferidos pelos fiéis para reverenciar Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)
Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)Eloísio deixa seu presente nas águas do Rio Vermelho na manhã deste sábado (Foto: Egi Santana/G1)

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