Festa para a rainha do mar lota a praia do Rio Vermelho, em Salvador.
Fila para deixar oferendas é grande na manhã deste sábado (2).
![Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1) Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/tWrTPPdv1mApq36ZOYMm5QSKz2P4CuMnyHhM6qkAFDd7Nnk7S8hLLGzgFdmYmxIo/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/iemanja_6.jpg)
![Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1) Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/G9qJMqzQaqVgYysyd-boCz_I2EijPD_OpYHcsiZjyK4ygO_oosqGzJ_Er3SutrWV/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/eloisio_1.jpg)
(Foto: Egi Santana/G1)
Além das belas histórias de cada um em meio à multidão, o que mais chama a atenção na Colônia de Pescadores, onde os presentes que serão lançados ao mar à tarde são recebidos, é a imensa fila que reúne os fiéis incansáveis.
O dia ensolarado é mais um convite à praia do Rio Vermelho. Muita gente prestou suas homenagens cedo e resolveu se refrescar nas águas calmas e de temperatura agradável para o banho.
![Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1) Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/NUQe_pxA9dedX88rlkL4mle9wQnjKy9r9LEo7Wjtcv9Ioz-HdGixxa_8qOZvMp3w/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/iemanja_4.jpg)
(Foto: Egi Santana/G1)
Os presentes deixados pelos devotos que encaram a fila na Colônia de Pescadores só serão levados ao mar à tarde. Mas há quem prefira conversar diretamente com Iemanjá.
As pedras da praia do Rio Vermelho são o acesso para as águas. Aos poucos, os balaios com flores, espelhos, pentes e outros utensílios de beleza são deixados para agradar a entidade que tem como maior característica a vaidade.
Por causa da tradicional aglomeração na orla, o trânsito foi modificado nas imediações do Rio Vermelho.
Até por volta das 8h40, o fluxo na Avenida Garibaldi, um dos principais acessos à festa, estava tranquilo. No entanto, a previsão é de que seja formado congestionamento na via ao longo do dia.
![Ildeci (Foto: Egi Santana/G1) Ildeci (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/Wq2mFULyXpgNNHzrbUudw-LIekHZOnLBuQ9Fw1DA1JNIoz-HdGixxa_8qOZvMp3w/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/dsc08799.jpg)
Uma delas é a vendedora Eliaci do Carmo, que saiu da cidade de Cruz das Almas, a 145 da capital baiana. Ela cumpre a tradição há 18 anos. "Apesar de na minha cidade não ter rio e nem ter mar, essa é uma tradição passada desde a minha avó e a gente tenta seguir ainda hoje em dia", conta.
Para ela, aguentar horas na fila é "tranquilo" por conta das graças que já alcançou. "A minha casa e a saúde dos meus dois filhos e dos meus dois netos", completa.
Dona Eliaci chegou às 7h30 na rodoviária de Salvador e seguiu direto para o Rio Vermelho. "Só saio depois de entregar as oferendas e tomar um banho de mar", garante.
![Irmas (Foto: Egi Santana/G1) Irmas (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/fY0LkPE0Tbu_rV-tcoOJ4cVl4GcD9Tz9USxD6RSGQPQu2POKMg3uiA3gxG3roGJs/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/irmas_gemeas.jpg)
![Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1) Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/FcdYG_Z2Ds09aWkn1DRb3fVbB3d7HkHCrHyuSTZDWrR6dI5dewcDronDJelyByVd/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/iemanja_7.jpg)
Além das comemorações religiosas, nas areias da praia do Rio Vermlho também são encontradas rodas de samba de roda, ou samba do recôncavo, onde os devotos dançam e batucam durante todo o dia. Para a aposentada Nanete da Silva, essa é uma característoca do "religioso baiano que vai a tudo, que se adepta a tudo e vive bem assim", disse.
![Samba (Foto: Egi Santana/G1) Samba (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/I_fIGusMLnNK1WisMQZPMXvU5K_74KA-fKJNmWX6NHvwGofnbrfO55t1y1qhaagR/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/dsc08727.jpg)
![Capoeira (Foto: Egi Santana/G1) Capoeira (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/4YEj_m6tX125INZFCRAR3Cz-Cc4bXTiNaEvSpq_DLuuREvNR0qlDMjytN_TrXIWZ/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/dsc08615.jpg)
Conhecida como uma das mais populares festas de celebração pública do candomblé, o festejo acontece desde 1923, quando houve uma diminuição na oferta de peixes da Vila dos Pescadores do Rio Vermelho. A tradição conta que eles pediram ajuda ao orixá, conhecida como a Rainha do Mar, e seguiram para ofertar presentes para Iemanjá. A oferta foi feita no meio do mar e, desde então, a festa é realizada todos os anos no dia 2 de fevereiro.
![Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1) Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/f31L9wRLGtvfb5dHcrmBo4DAQoylOTq8Hu1irnFNk5nd3md4dybDnmrQLR9qh6at/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/iemanja_9.jpg)
![Devotos (Foto: Egi Santana/G1) Devotos (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/AunipzS54TutcFVyDmgobkJtfLtg3gYa-t6ijB_lr8M7x__GVaT5AF8RsDcU8rkR/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/dsc08777.jpg)
![Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1) Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/nfwfkZ9S33FC7dpuC8AGiY24eKwsSHN82HXwT9tao1NpeCV0uarE8cgUkIBiGXLb/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/iemanja_5.jpg)
![Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1) Festa de Iemanjá (Foto: Egi Santana/G1)](http://s2.glbimg.com/Rg3gI3TvCPkjCtGnS2GAmIBE9b9Hl1EJYKvlwNyyv-rc_YbY30XW06OeuRtbZipm/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/02/iemanja_2.jpg)
A festa começa antes do raiar do sol do dia 2 de fevereiro. Mas há quem prefira homenagear o orixá, conhecido como "rainha do mar", um dia antes, para "evitar a muvuca de gente", como a dona Maria dos Reis, de 80 anos, que se deslocou da Liberdade, bairro distante e um dos mais populares da cidade.
![Dona Maria (Foto: Imagens / G1) Dona Maria (Foto: Imagens / G1)](http://s2.glbimg.com/t9FJo1RS9Yo393lYJNq9orKTLirqa3m6MeetQRm4cH03mUbGFnFpbCDvx4AWRZYu/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/01/dsc03199_1.jpg)
Iemanjá (Foto: Egi Santana / G1)
Segundo ela, a tradição herdada dos pais e dos avós é respeitada todos os anos, com agradecimentos e entregas de presentes. "Este ano trouxe pente, perfume de alfazema e espelho, porque ela é vaidosa assim como eu", relatou.
Dona Maria deixou os seus presentes no interior da "Casa de Iemanjá", localizada na Colônia de Pescadores do Rio Vermelho. As lembranças dela e de todos os fieis são colocadas em balaios e organizados em uma estrutura chamada de "Caramanchão" entre esta sexta-feira (1°) e o dia da festa, que este ano acontece no sábado (2). Os pescadores seguem para o mar e doam os presentes a Iemanjá.
"Serão cerca de 300 balaios médios arrecadados nos dois dias. As pessoas trazem pentes, alfazema, espelho, flores e presentes dos mais variados. Trazem aquilo que a fé ou as promessas pedem que tragam, até objetos pessoais", explicou Luís Gonzaga dos Santos, um dos responsáveis pela organização das oferendas.
Esse foi o caso de Roberta Pimentel, 35 anos, moradora de Itapuã. Ela, que viveu por 10 anos nos Estados Unidos, fez questão de levar os presentes na Loca, vestida de azul e branco, com direito a um banho de mar na chegada. "Como forma de agradecimento mesmo. Quando estamos fora, percebemos como o nosso povo baiano é acolhedor e é acima de tudo respeitador das outras religiões. Aqui você pode dizer a um católico ou a um evangélico que irá levar suas oferendas que eles irão respeitar. Podem até discordar, mas vão ficar com suas opiniões e o respeito será mantido", avalia. Roberta Pimentel realizou o ritual acompanhada da mãe, Nicéia, que passou para a filha a tradição.
![Roberta Pimentel (Foto: Imagens / G1) Roberta Pimentel (Foto: Imagens / G1)](http://s2.glbimg.com/pnUnWN5soKf9hMlBe_Sqtotfqk-UscBbnZd3Sb03cttwo_0V94tDXyWyI7X9rxEU/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/01/dsc03206_1.jpg)
Além do perfume de alfazema e de produtos de beleza, as flores estão entre os presentes mais tradicionais oferecidos a Iemanjá. "Nos dias normais, a gente vende a unidade a R$ 2, ou R$ 1,50, a depender do dia. Amanhã, a gente vai vender por R$ 3 , ou duas por R$ 5, a depender da conversa do cliente", explicou a vendedora Rita de Cássia. Há mais de 10 anos ela vende rosas, flores do campo e a chamada "sorriso de Maria" em frente à colônia dos pescadores, conforme conta.
O "axé", como chamam os integrantes do candomblé, é o ritual feito para purificar os devotos, como explica o pai-de-santo Ricardo de Oxúm. "São cerca de sete mil pessoas que esperamos atender amanhã. No ritual do arroz, que é o alimento de Iemanjá, colocamos o milho de Oxóssi, o girassol, a lentilha, a água de cheiro preparada, a aroeira e a Pemba de Oxalá para proteger, purificar e abrir os caminhos dos devotos da rainha", contou o religioso.
![Casa de Iemanjá (Foto: Imagens/G1) Casa de Iemanjá (Foto: Imagens/G1)](http://s2.glbimg.com/yy9vDMI452dBqTn0DqGEX140HsAL9GbBVyWukIUsZ24EDYn_7-USPJKBObIoCckm/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2013/02/01/dsc03197.jpg)
Para os adeptos do Candomblé, o dia dois de fevereiro se comemora também o dia de Oxum, rainha das águas doces. Por isto, a festa de Oxum se mistura com a festa para Iemanjá. A partir das 22h30 do dia primeiro, os religiosos se dirigem ao Terreiro Oxóssi de Ojimirim, localizado no bairro da Federação.
O terreiro permanece de portas abertas para a população que queira acompanhar as obrigações religiosas. Já as 3h do sábado (2), eles oferecem um presente para Oxum no Dique do Tororó e, de lá, seguem em cortejo para o Rio Vermelho, para fazer as oferendas à Iemanjá.
Às 5h, a festa para Iemanjá é aberta oficialmente, com uma alvorada de fogos e a chegada do presente principal, oferecido pelos pescadores e que, a cada ano, é uma surpresa. O público tem até as 15h para deixar seus presentes na Colônia de Pescadores. Às 15h30, mais de 350 embarcações saem em um cortejo marítimo até o alto-mar, para a entrega das oferendas.
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