MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Cidade de Goiás decreta tolerância zero a som de alta potência


Secretaria do Meio Ambiente de Aparecida, região metropolitana de Goiânia, apreende carros que perturbam descanso da vizinhança.

G1

 Rio de Janeiro, segunda maior cidade do país. Avenida Brasil, principal acesso à cidade. Realengo, bairro da Zona Oeste. Toda quinta-feira uma festa faz o local tremer. O encontro para ver quem tem o som mais potente é feito em um estacionamento bem na beira da via expressa, longe das ruazinhas de Realengo.
“Não tem residência próxima, e a galera se reúne até as 21 horas para fazer esse encontro”, explica o organizador Avandir Barros.
Agora imagina circular em um bairro residencial. Em Aparecida, na Região Metropolitana de Goiânia, os 90 decibéis são como se o trânsito de São Paulo passasse dentro do apartamento.
Jeferson e Verusca moram no quarto andar. Embaixo, fica a Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida. É para o pátio da secretaria que são levados os carros apreendidos por perturbar o descanso da vizinhança.
Aparecida decretou tolerância zero ao barulho excessivo. O som que invadiu o apartamento do casal foi ligado a pedido do Fantástico para se ter uma ideia de como é conviver de verdade com essa situação.
Em São Paulo, é esse o problema real de Aline, Rafael e o pequeno Artur. “O som vem direto da janela. Ele bate e atrapalha o sono do meu filho, da gente. Sempre em torno da meia-noite de final de semana”, diz o advogado Rafael Pereira Diorio.
O encontro de carros ultraequipados é em uma esquina que a família não consegue ver, mas ouve muito bem. Neste carnaval, os carrões ainda não incomodaram, mas o casal sabe o que o filho vai sofrer quando a rotina voltar.
“Ele está naquele sono profundo, vem a primeira leva de barulho, ele acorda já estressado, tem que ficar ninando. Ele começa dormir, daqui a pouco, não é nem 40 minutos de cochilo e começa tudo de novo. Eles ficam retornando, não é uma coisa que você fala: ‘Nossa, acabou, agora finalmente acabou’. Não, ainda vai voltar”, conta a ouvidora Aline Souza Diorio.
O que está em vigor em Aparecida é a mais nova tentativa de combater esse problema nacional. Os fiscais da Secretaria de Meio Ambiente de Aparecida de Goiânia receberam 15 ligações de moradores que reclamavam que não estavam conseguindo dormir porque o som estava muito alto. Os fiscais e os policiais chegaram e a festa acabou. “O seu carro está sendo apreendido por perturbação do sossego e poluição ambiental”, diz o fiscal.
De cada dez ligações feitas ao Disque Denúncia na cidade, nove costumam ser por causa de som no último volume, geralmente em carros. “Não está dando pra aguentar. Se eu botar o celular você escuta”, diz um morador por telefone.
O limite agora, na cidade, é de 70 decibéis. Passou disso, o carro é levado. Em três semanas, foram 35 apreensões. Por enquanto, o dono do carro paga a multa e retira o veículo. A partir de março, quando a medida completará dois meses, o responsável pelo barulho vai responder por crime ambiental e por perturbação do sossego público.
“Teve até ligação que vizinho estava passando mal de ir para o hospital”. Conta o superintendente da Secretaria de Meio Ambiente, Fábio Camargo.
“O barulho provoca produção maior de adrenalina, noradrenalina. Tudo isso causa no paciente também a pressão alta, pode causar ansiedade, aumento dos batimentos cardíacos, e isso influencia no organismo de uma forma geral”, explica a médica da Academia Brasileira de Neurologia Carla Jevoux.
No Autódromo de Goiânia, que fica afastado da cidade, um teste mostra a potência que têm os veículos que são equipados com som automotivo. O teste começa com flores, vai para as pedras de gelo e, no teste final, nem o tijolo resiste à potência das caixas de som. Veja no vídeo.
Em São Paulo, os pais de Artur querem se mudar do apartamento onde estão há apenas sete meses. Enquanto não podem sair de lá, tentam acreditar que noites melhores virão. “A gente reza por silêncio. A gente reza para ter uma noite calma que não tenha nenhuma movimentação”, afirmam os pais.

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