Greve dos caminhoneiros já traz prejuízos para a economia do RS

Indústrias não conseguem escoar produção, enquanto perecíveis estragam.
Categoria bloqueou a BR-101 por 15 horas entre segunda e terça-feira.

Do G1 RS

A greve dos caminhoneiros já traz prejuízo para a economia do Rio Grande do Sul. Por causa da mobilização, indústrias não conseguem escoar a produção e alimentos perecíveis correm o risco de estragar na estrada, conforme mostra a reportagem do RBS Notícias (veja o vídeo ao lado).
Em Rio Grande, no Sul do estado, houve redução de 60% no número de caminhões que chegam ao porto. Uma cooperativa de Santa Rosa, no Noroeste, tem 90 mil litros de leite estocados no reservatório. Mais 150 mil litros estão dentro dos caminhões na fila do recebimento. “Nós não temos mais condição de recolher leite enquanto nós não escoarmos o que nós recebemos até o momento”, diz o gerente, Milton Racho.
A paralisação dos caminhoneiros afeta negócios em outras regiões. No Norte do estado, uma rede de postos de combustíveis já não tem gasolina aditivada para abastecer os postos de Carazinho e Palmeira das Missões. Em Ibirubá , cerca de 20 toneladas de hortifrutigrangeiros que estão parados na ERS-332 começam a estragar.
De segunda (30) até esta terça-feira (31), a categoria bloqueou a BR-101, no Litoral Norte. Uma fila com mais de 20 quilômetros se formou desde a noite no município de Três Cachoeiras. Caminhões e carretas foram impedidos de passar na altura do km 22 da rodovia. Apenas ônibus e veículos leves tinham passagem livre.

Caminhoneiros bloquearam a BR -101 durante 15 horas no estado (Foto: Halex Vieira/RBS TV)

Os caminhoneiros protestam contra as novas normas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), entre elas a lei que regulamenta a profissão e estabelece o descanso mínimo de 11 horas por dia trabalhado. “Essa jornada de oito horas por dia não vamos conseguir cumprir porque vai diminuir o nosso salário”, diz o caminhoneiro Sílvio Rodrigues. “Ou a gente para dessa maneira ou vai falir todo mundo”, acrescenta o empresário Giovani Model.
De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), alguns motoristas que tentaram furar o bloqueio acabaram tendo os veículos apedrejados. “(Eles) chegaram aos nossos postos e fizeram os devidos registros. Mas são vândalos infiltrados no movimento”, afirmou o inspetor-chefe da PRF no Litoral Norte, José Dirnei de Souza.
Após 15 horas de bloqueio, os manifestantes chegaram a um acordo com a PRF e liberaram a rodovia por volta das 12h30 desta terça-feira. Mas em Torres, uma nova fila de mais de 2 quilômetros se formou. Desta vez, no posto de fiscalização da Receita Estadual.
No final da noite, o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, anunciou que o Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC) aceitou suspender imediatamente os protestos e bloqueios nas rodovias de todo o país. Em troca, o governo se comprometeu a receber os representantes da categoria para negociar, a partir do dia 8 de agosto, pelo prazo de 30 dias.