Com a decisão, a Casa terá 30 dias para que os requerimentos de informações sejam respondidos
Não
foi dessa vez que o projeto de lei, que versa sobre os cassinos físicos
e os jogos de azar, foi votado pelos parlamentares. Nesta quarta-feira
(4), o relator do PL 2234/22, Irajá (PSD-TO), solicitou a retirada da
pauta após pressão de senadores oposicionistas e governistas, pedindo
mais tempo para análise. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco
(PSD-MG), atendeu ao pedido, adiando a votação por 30 dias para que os
requerimentos de informações sejam respondidos.
De acordo com Gustavo Biglia, sócio do Ambiel Advogados e especialista em Regulamentação de Jogos e Apostas,
o PL traz propostas importantes para regulamentar os jogos de azar no
Brasil, buscando minimizar os riscos associados à prática, como a
ludopatia e outros problemas sociais.
Entre
os avanços, estão a proposição de medidas como campanhas educativas, a
criação de programas de conscientização sobre os riscos do jogo e a
implementação de cadastros para monitorar jogadores, restringindo o
acesso de menores de idade e de pessoas que voluntariamente solicitarem
exclusão. “Além disso, o texto prevê a destinação de parte da
arrecadação para o Sistema Único de Saúde, com foco no tratamento de
dependências, e para programas sociais, o que pode ampliar a capacidade
de resposta pública aos impactos negativos do jogo”, explica o advogado.
Entretanto,
o projeto apresenta limitações que podem comprometer sua eficácia, na
visão do especialista. A falta de detalhamento sobre como será feita a
fiscalização das medidas propostas é um dos principais desafios, assim
como a necessidade de garantir que as campanhas preventivas sejam
consistentes, abrangentes e acessíveis aos públicos mais vulneráveis.
“Outro ponto crítico é o risco de sobrecarga no sistema de saúde, que
mesmo recebendo recursos adicionais, pode enfrentar dificuldades para
lidar com a possível demanda crescente por tratamento de dependências.
Além disso, há o perigo de o Estado se tornar dependente da arrecadação
proveniente dos jogos, o que poderia dificultar a adoção de políticas
mais restritivas no futuro”, alerta Biglia.
Eficácia na lei: é possível?
Para
que a regulamentação seja realmente válida, é necessário adotar medidas
complementares, como a imposição de limites financeiros e de tempo para
os jogadores, o uso de tecnologias para monitorar comportamentos de
risco e oferecer apoio precoce, além de estabelecer parcerias com
especialistas e organizações que atuem na prevenção e no tratamento da
ludopatia.
“A transparência na aplicação dos recursos arrecadados e a auditoria constante das políticas também são essenciais para evitar desvios e garantir que os objetivos sociais sejam cumpridos. Embora o PL represente um avanço, ele não será suficiente sozinho para mitigar todos os riscos associados ao jogo. A implementação efetiva das medidas e a colaboração entre governo, sociedade civil e setor privado serão determinantes para o sucesso da regulamentação”, defende o advogado.
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Gustavo Biglia é especialista em Regulamentação de Jogos e Apostas/Crédito: Divulgação/M2 Comunicação Jurídica |
Fonte:
Gustavo Biglia – Sócio do Ambiel Advogados. Especialista em M&As em Bets e regulamentação de jogos e apostas. Pós-graduado em direito societário pela Fundação Getulio Vargas (FGV/SP).
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