BLOG ORLANDO TAMBOSI
Não cabe a um dos integrantes do STF falar em nome do povo como se fosse partícipe de uma campanha. Guilherme Macalossi para a Gazeta do Povo:
Eis
que o maior ataque a imagem do Supremo Tribunal Federal veio de um de
seus integrantes. Luís Roberto Barroso achou por bem comparecer ao 59º
Congresso da União Nacional dos Estudantes. Falou a um público
constituído, sobretudo, por militantes de esquerda. A entidade é,
historicamente, um aparelho de partidos como PT, PSOL, PCB e,
majoritariamente, PCdoB. Ambiente ideologizado e, portanto, inadequado
para a presença de um magistrado. Um integrante da mais alta Corte do
país jamais tira a toga que usa.
Barroso
subiu no palanque e se pôs a falar. Estava ao lado de Flávio Dino,
atual ministro da Justiça. Segurou o microfone como um candidato. Vaiado por um grupo que se posicionava contra seu voto
no debate jurídico sobre o piso da enfermagem, afirmou que “aqueles que
gritam, que não colocam argumentos na mesa, isso é bolsonarismo”. E daí
completou, de forma enfática e gesticulando com o dedo: “Nós derrotamos
a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para
permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”.
O
Supremo Tribunal Federal tentou justificar as declarações. Publicou
nota afirmando que “como se extrai claramente do contexto da fala do
ministro Barroso, a frase ‘Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’
referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”.
Pode ser, mas a explicação não convence porque também não cabe a um de
seus integrantes falar em nome do povo como se fosse partícipe de uma
campanha.
Sua
manifestação, além de imprudente e irresponsável, contribui para expor o
STF, ainda que, objetivamente, a Corte não tenha tomado qualquer parte
no processo eleitoral. Bolsonaro foi derrotado pelas urnas, não por
Barroso e seus pares.
A declaração desastrosa do ministro virou combustível para aumentar as críticas ao STF, que foi acusada de agir politicamente como um partido. A oposição bolsonarista já se mobiliza para mover contra ele um processo de impeachment. É improvável que isso prospere no Senado, mas a ação cumpre o propósito de aproveitar o momento e desgastá-lo.
Quando
era presidente do Tribunal Superior Eleitoral, foi Barroso quem,
achando fazer uma manobra brilhante, convidou os militares a
participarem da comissão de transparência das eleições. Produziu uma
disfunção inédita. Agora é sua incontinência verbal que o coloca nessa
situação, e, por tabela, a instituição da qual faz parte. Um feito e
tanto. Perto dele, Marcos do Val e Daniel Silveira são uns amadores.
Postado há 3 weeks ago por Orlando Tambosi

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