Por que as picapes pequenas fazem tanto sucesso no Brasil?
O Brasil é um país um tanto diferente de outros no segmento automotivo.
Temos várias particularidades únicas do nosso mercado, como por exemplo o sucesso dos carros Flex, e também podemos colocar nessas exclusividades o sucesso das picapes pequenas.
Mas por que isso acontece?
Índice
Picapes pequenas nasceram lá fora nos anos 50
Primeiramente temos que lembrar que as picapes consideradas pequenas não nasceram no Brasil, elas já existiam antes.
Nos EUA, foi lançada a Datsun 1000 na década de 50, com menos de 4 metros de comprimento, mas essa era ficou enterrada no passado por muitas e muitas décadas, pois nos EUA e em outros países os carros aumentaram e muito de tamanho com o passar do tempo.
Foi apenas no Brasil que esses veículos comerciais bem pequenos continuaram a fazer sucesso. Vamos ver os dois principais motivos para isso:
Necessidade de um veículo para trabalho, com consumo e manutenção mais em conta
Desde profissionais autônomos, passando por pequenos comércios e chegando a agricultores, milhões de pessoas no Brasil precisam transportar carga em seu veículo de uso diário.
Essas pessoas precisam de um veículo comercial, de carga, com uma caçamba aberta, e de praticidade no seu dia-a-dia.
Elas também não tem condições de arcar com um carro muito caro, tanto no valor de aquisição quanto nos valores mensais envolvidos em se manter esse veículo em operação.
Hoje em dia não são somente as picapes consideradas grandes (Hilux, S10, Ranger, Frontier, etc) que são inalcançáveis para a grande maioria dos brasileiros.
Aquelas um pouco menores, como Fiat Toro e Renault Oroch também são caras demais. A Toro tem preços que começam em R$ 146.990 para sua versão mais básica.
A Oroch é um pouco mais camarada, começando em R$ 115.990, de acordo com o site oficial da Renault, em uma versão super básica com rodas de ferro e para-choques sem pintura.
Mesmo assim, são valores muito altos para o pequeno empresário ou para o profissional autônomo.
Isso sem nem mesmo citarmos o mercado de carros usados, onde é possível encontrar uma picape pequena com uns bons anos de uso por R$ 30.000 ou R$ 40.000.
O “fator pandemia” também aumentou as vendas de picapes compactas, pois muitos produtos passaram a ser entregues nas casas das pessoas, diferente do que era feito antes.
Vontade de ter uma picape e falta de dinheiro para ter os modelos diesel mais caros
Infelizmente, como no Brasil carro é um símbolo de status, os carros maiores e mais altos são os mais visados na hora da compra.
E aí que entram os “SUVs” compactos e também as picapes.
O brasileiro gostaria de ter dinheiro para comprar uma picape diesel, como por exemplo uma Toyota Hilux topo de linha, que custa nada mais, nada menos que R$ 372.000.
Mas o bolso não consegue se esticar tanto. Para alguns, as picapes acima citadas, como Toro e Oroch acabam sendo a solução, mas para outros, a única saída é comprar uma modesta Fiat Strada (ou VW Saveiro), que parte de R$ 99.990, em versão com para-choques sem pintura e rodas sem uma mísera calota plástica.
O preço acaba sendo muito parecido com uma Renault Oroch, mas quando analisamos os preços das versões topo de linha, mais completas e com câmbio automático, a Strada passa a ser mais vantajosa, custando R$ 126.990 na versão Ranch, mas também disponível com motor 1.3 e câmbio automático por um valor menor, na versão Volcano por R$ 118.990.
Tudo começou com a Fiat, e hoje ela colhe os frutos
Nos anos 70, apenas Chevrolet e Ford vendiam picapes no mercado brasileiro, e eram modelos maiores, as famosas F100 e D10.
Foi então que a Fiat decidiu lançar uma picape derivada de um carro comum, de passeio, com a Fiat 147 Pickup, com este nome desde o lançamento, em 1978, e depois se tornando a Fiat City a partir de 1980.
Logo ela foi imitada por várias marcas, com suas concorrentes Ford Pampa, VW Saveiro e Chevrolet Chevy 500.
Como a imitação é a melhor forma de elogio que existe, vemos que realmente a marca italiana estava certa.
E isso tem se mostrado por décadas, pois faz mais de 20 anos que a Fiat Strada (também a Fiat Toro) é líder de seu segmento, muitas vezes até chegando a ser o carro mais vendido do país, considerando-se todos os segmentos.
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