BLOG ORLANDO TAMBOSI
O lugar-comum, como o nome indica, é um sítio onde se junta muita gente vulgar. É o grande supermercado das ideias enlatadas e das palavras ou frases pasteurizadas e já fatiadas. Nuno Maria Côrte-Real para o Observador:
Trocámos a velha civilização ocidental do bem-comum pela civilização acidental do lugar-comum.
O
lugar-comum, como o nome indica, é um sítio onde se junta muita gente
vulgar. É o grande supermercado das ideias enlatadas e das palavras ou
frases pasteurizadas e já fatiadas.
Com
o intuito de evitar comprar e utilizar tais produtos, perniciosos pela
origem suspeita, pela qualidade duvidosa ou por estarem já fora do prazo
de validade, estabeleci um pequeno um glossário dos piores
lugares-comuns, com a indicação do seu significado objectivo:
*Alavancar (pôr guito, se possível o dos outros);
*Alcoolemia (bebedeira, bezana);
*Alterações-climáticas (pedir dinheiro aos pais para ir fazer surf na Macaronésia);
*Animais humanos (pessoas com tantos direitos como os gatos);
*Área-de-conforto (depreciativo para bom-senso);
*Beicon (toicinho);
*Bio-degradável (pode-se deitar fora para o passeio ou para a praia, sem precisar de pôr no caixote do lixo);
*Ceviche (Vichyssoise kitada, de última geração);
*Condição-feminina (quotas);
*Degustar (comer mal e pretensiosamente);
*Discurso de ódio (embirração por quaisquer ideias ou comportamentos aprovados pelo catecismo politicamente correcto);
*Eco-resort (empreendimento privado que sacou financiamentos do Estado ou da Europa);
*Empobrecimento do país (leitmotiv para acabar com o Estado Social);
*Empoderamento (capacitação, em português razoável);
*Energias-renováveis (fundos europeus e mais taxas para cima do consumidor);
*Erasmus (substituto fofinho da antiga guerra do Ultramar);
*Europa (o mítico País da Cocanha, onde tudo cai do céu);
*Evento (cantina com mais uns enfeites e hospedeiras giras);
*Experienciar (consumo estúpido destinado a ser exibido no Instagram);
*Género (genocídio da raça inferior masculina);
*Gentrificação (pôr janelas de PVC em prédios pombalinos);
*Ginásio (engates, só para maiores de 45 anos);
*Globalizar (paraísos fiscais ou operários indonésios ao preço da uva mijona);
*Imparidades (calotes)
*Influencer
(pessoa disléxica que não acabou o liceu mas tinha jeito para pôr a
malta a rir dos professores e agora usa o You Tube).
*Janela de Oportunidade (tacho, cunha)
*Jovem/Juventude/Juvenil (etiquetas para amansar, dar graxa ou usar politicamente os adolescentes rebeldes);
*Lactose (não gostar de leite);
*Mente-aberta ou o seu antónimo mente-fechada (aqueles que não pensam como nós);
*Mito-urbano (tanga, no tempo dos nossos avós dizia-se pêta);
*Muito-á-frente (chico-esperto);
*Narrativa (lérias)
*Populismo (a demagogia dos outros partidos);
*Vegan (não gostar de touradas, prefirir charros);
*Verde (aceitável apenas no caso do Sporting e relativamente a substâncias etílica);
*Viajar (fuga da prisão-de-Alcatraz-do dia-a-dia);
*Sexista (heterossexual, sobretudo se for homem);
*Sunset (pôr-do-sol quando se está num bar);
*Sustentabilidade (abolir totalmente os impostos, como defendiam os anarquistas russos do seculo XIX, Bakunine e Kropotkine).
Postado há 3 weeks ago por Orlando Tambosi
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