Pedro do Coutto
No final da tarde de sexta-feira, o presidente Lula da Silva, alegando cansaço em virtude de sua agenda, desmarcou participação num jantar oferecido pelo príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, em sua residência em Paris, evitando assim a perspectiva de receber um presente igual ao que teria sido ofertado por Salman à família Bolsonaro.
Além disso, foi desaconselhado a tempo pelo fato de o príncipe ter sido acusado da morte do jornalista Jamal Khashoggi no Consulado de seu país, na capital da Turquia, Ancara. O jantar de sexta-feira estava previsto para a residência do príncipe, a uma hora do centro da capital francesa, considerada a mais cara do mundo, e que, segundo reportagem de Felipe Frazão, o Estado de S. Paulo deste sábado, teria custado US$ 300 milhões. Ela fica no Chatô Luís XIV, um castelo na região de Louveciennes.
ROTEIRO – O mistério, penso, decorre de o jantar ter sido incluído no roteiro do presidente Lula e sua esposa Janja. Provavelmente, alguém do Itamaraty o alertou a tempo do risco existente dele, príncipe, sentir-se na obrigação de presentear o casal com um conjunto de joias no mesmo valor que o oferecido ao ex-presidente Bolsonaro.
Lula e Janja, caso recebessem o presente ao longo do jantar, não poderiam recusá-lo, pois a atitude seria uma deselegância. Poderiam, no máximo, em seu retorno ao Brasil, incorporá-lo ao patrimônio nacional. Mas a meu ver não seria apenas esse o problema. A questão poderia se revestir de o presente ser encaminhado por alguma empresa da Arabia Saudita.
O destino das joias teria que ser o mesmo com Lula incorporando as joias ao patrimônio nacional. Porém, tal fato, revelaria se foi mesmo o príncipe Salman que presenteou Jair Bolsonaro e sua esposa Michelle. Ou se foi alguém, titular de alguma empresa, ligada ao governo de Riad. Por via das dúvidas, Lula decidiu preservar a sua imagem junto a Salman em um jantar no castelo e também a provável oferta de joias de altíssimo valor.
SETOR DE SERVIÇOS – Excelente reportagem de Vitória Abel, Geralda Doca e Glauce Cavalcanti, O Globo deste sábado, destaca a preocupação do setor de serviços e também da Confederação Nacional de Comércio com a elevação fortíssima da carga de tributos contida no projeto de reforma tributária do governo Lula. Técnicos da Confederação Nacional do Comércio acreditam que a alíquota única de 25% pode superar as obrigações fiscais em R$ 200 bilhões por ano.
Calcula a CNC que tal aumento representaria três vezes a contribuição de tributos pagos hoje e, com isso, colocando em risco 3,8 milhões de postos de trabalho. Acentua a CNC que o setor de serviços representa 56% da força de trabalho com carteira assinada. A reportagem, a meu ver, vai contribuir imediatamente para a abertura de um grande debate sobre o tema.
MOTIM – Na edição deste sábado, O Globo publicou reportagem procedente de Moscou, da Agência AFP, revelando que ocorreu na Rússia o início de um motim liderado por Yevgeny Prigozhin, fundador do grupo paramilitar Wagner, que acusa forças russas na Ucrânia de atacarem outras forças russas que operam a guerra no país. A TV Globo colocou na manhã de ontem matéria sobre o assunto, incluindo imagens de Moscou no meio do programa “É de Casa”.
As imagens de Moscou revelam a preocupação das autoridades do Kremlin, pois tanques de guerra foram às ruas e em algumas cidades do país, o governo aconselhou à população a não sair de casa. O grupo Wagner é acusado de ter atacado um helicóptero do exército vermelho e o rebelde Yevgeny Prigozhin estaria incitando chefes militares a se rebelarem com Vladimir Putin. O motivo tem base no fracasso militar que marca a invasão da Ucrânia e que levou ao isolamento do país nos planos mundiais. A situação ficou tensa e densa no país com as manifestações rebeldes.
PEDIDO DE VISTA – Cauê Fonseca, Folha de S. Paulo de ontem, publicou com destaque a afirmação do ex-presidente Jair Bolsonaro feita à Rádio Gaúcha, de Porto Alegre, que está esperando que algum integrante do Tribunal Superior Eleitoral formule um pedido de vista relativo ao julgamento de sua inelegibilidade e assim tentar bloquear a transformação do TSE em tribunal político.
Jair Bolsonaro disse : “Há uma possibilidade de pedido de vista pelo ministro Raul Araújo Filho. Isso é bom porque ajuda a gente a ir clareando os fatos”. A surpresa é que ele não citou o ministro Nunes Marques que nomeou para o Supremo Tribunal Federal. Nunes Marques será o novo ministro a anunciar o seu voto e por isso, nessa escala, o julgamento já poderá estar decidido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário