Sérgio Quintella
Veja
O Banco do Brasil (BB) pretende retirar o patrocínio à Agrishow, a maior feira agropecuária do país, que ocorre em Ribeirão Preto (SP), depois de a organização do evento “desconvidar” o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para a abertura das exposições, no dia 1° de maio, data em que o ex-presidente Jair Bolsonaro estará por lá, para onde viajou neste domingo.
Ao menos dois ministros defenderam o cancelamento do patrocínio. “Se a Agrishow não quer o governo federal no evento, não sei se o Banco do Brasil e o governo deveriam continuar patrocinando o evento “, publicou o ministro Márcio França (Portos e Aeroportos) em suas redes sociais.
CANCELAMENTO – O ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), Paulo Pimenta, também pediu o cancelamento do patrocínio. “Descortesia e mudança de caráter de um evento institucional de promoção do agronegócio para um evento de características políticas e ideológicas. Ou é uma feira de negócios plural e apartidária ou não pode ter patrocínio público”, disse ao jornal O Estado de S. Paulo.
A presidente do BB, Tarciana Medeiros, não vai mais participar de uma palestra prevista, mas a instituição financeira manterá os estandes que já foram instalados na feira. No site da Agrishow, os patrocínios do banco e do governo federal ainda são mantidos em destaque.
O desconforto com a Agrishow não é a primeira trombada da gestão Lula com o agronegócio, um setor que apoiou fortemente Bolsonaro na eleição presidencial.
INVASÕES DO MST – Um dos pontos mais tensos na relação tem sido a escalada de invasões promovidas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que tem um longo histórico de proximidade com Lula.
A atuação do movimento tem sido criticada até por membros do governo, que tentam evitar o acirramento da crise com um setor estratégico para a gestão. Um problema, por exemplo, foi a abertura pela Câmara na semana passada de uma CPI para investigar o MST. O próprio ministro da Agricultura, aliás, foi alvo de críticas no PT por comparar as invasões aos ataques à democracia em 8 de janeiro.
Também neste início do terceiro mandato, o Ibama provocou polêmica com pecuaristas dos estados do Amazonas, Pará e Mato Grosso ao iniciar uma ofensiva para retirar milhares de cabeças de gado que estão em áreas embargadas da Amazônia.
DIZ O IBAMA – O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, disse a Veja que não acha que a medida irá piorar a relação com o governo. “A maior parte do agronegócio brasileiro tem uma grande preocupação com o tema da sustentabilidade e quer estar dentro da lei. O Ibama não tem absolutamente nada contra o agro”, disse — leia a entrevista aqui.
Por fim, a visita de Bolsonaro à Agrishow marca o reaparecimento do ex-presidente em um grande evento público desde o seu retorno dos Estados Unidos, em 30 de março. Será também a primeira agenda dele com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi eleito com o apoio do bolsonarismo e participará com Bolsonaro da abertura da Agrishow.
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