BLOG ORLANDO TAMBOSI
A esquerda usa cadáveres de negros como escada para tentar voltar ao poder. Cristyan Costa para a revista Oeste:
Em
maio de 2020, George Floyd foi acusado por um caixa de supermercado em
Minneapolis, nos Estados Unidos, de pagar a conta com uma cédula falsa
de US$ 20. Floyd morreu asfixiado, depois de passar oito minutos no
chão, com o pescoço pressionado pelo joelho do policial Derek Chauvin. O
caso gerou uma onda de manifestações nos EUA. Floyd era negro e o
policial, branco. Desde então, partidos de esquerda no Brasil passaram a
sonhar com um cadáver negro para poder explorar politicamente.
Há
duas semanas, três homens espancaram até a morte o atendente congolês
Moïse Kabagambe, na cidade do Rio de Janeiro. Segundo a família da
vítima, tudo começou quando Moïse foi cobrar duas diárias, no total de
R$ 200, do dono do quiosque Tropicália, onde trabalhava. Depois de um
desentendimento, Moïse acabou agredido e morto. Três homens foram
presos. Sob sigilo, o caso está sendo investigado pela Justiça
fluminense.
Apesar
de as histórias de Moïse e Floyd serem completamente diferentes, a
imprensa tradicional e os partidos de esquerda estão empenhados em
encontrar semelhanças. Não estão sendo considerados, por exemplo, o
histórico de violência no Estado do Rio de Janeiro, a alta taxa de
homicídios no Brasil e o fato de que os três assassinos de Moïse não
eram brancos. Uma enxurrada de notícias tenta responsabilizar pela
tragédia de Moïse um suposto racismo estrutural arraigado na sociedade
brasileira.
Um
dos autores do crime, ao se entregar, disse que não agrediu o congolês
em virtude da cor da pele. “Quero deixar bem claro que ninguém queria
tirar a vida dele, ninguém quis fazer injustiça porque ele era negro ou
alguém devia a ele”, disse Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, em
depoimento à polícia do Rio. “Ele teve um problema com um senhor do
quiosque do lado, a gente foi defender o senhor e, infelizmente,
aconteceu a fatalidade de Moïse perder a vida”.
“Um fascista e muitos milicianos”
Sem
aguardar a conclusão da investigação policial, partidos de esquerda
aproveitaram a oportunidade para fazer manifestações “antirracistas” em
pelo menos 12 capitais na semana passada. O número de manifestantes foi
pífio. As mais emblemáticas ocorreram em São Paulo, Rio de Janeiro e
Curitiba. Na capital do Paraná, militantes comunistas invadiram uma
igreja católica “em respeito à memória de Moïse e dos negros”. Liderados
pelo vereador Renato Freitas (PT), os extremistas xingaram os fiéis de
“fascistas” e “homofóbicos”, além de manifestarem apoio ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato ao Planalto.
O
ato também seria em prol de Durval Teófilo Filho, homem negro morto a
tiros ao ser confundido com um bandido em um condomínio de São Gonçalo,
na região metropolitana do Rio de Janeiro. O autor dos disparos, o
sargento da Marinha Aurélio Alves Bezerra, afirmou que Durval apresentou
o comportamento suspeito ao pôr a mão na cintura enquanto se
aproximava. Aurélio decidiu atirar. A polícia investiga. Durante a
invasão à igreja em Curitiba, os militantes qualificaram a morte de
Durval como racismo.
Enquanto
isso, na capital paulista, centrais sindicais e “coletivos negros” se
reuniam para “homenagear” Moïse em frente ao Museu de Arte Moderna de
São Paulo. Os manifestantes recitaram poesias africanas, ergueram
cartazes com o slogan “Vidas negras importam”, gritaram palavras de
ordem contra o racismo e atacaram o governo Jair Bolsonaro. Entre outras
bandeiras, estavam as da CUT e do PT.
No
Rio, manifestantes vandalizaram o quiosque onde Moïse trabalhava — dois
dias depois, o prefeito deu a concessão do local à família do congolês.
Entre outros cartazes, havia insultos contra Bolsonaro e a “sociedade
racista”. Os protestos foram apoiados por Prudence Kalambay, ativista
congolesa em prol dos direitos humanos. Em entrevista ao jornal O Globo,
ela pediu: “Brasil, por favor, pare de nos matar”.
O
ex-presidente Lula também aproveitou a oportunidade para se manifestar e
disse que quer se encontrar com a família do congolês. Em 2020, o então
candidato à Casa Branca Joe Biden fizera o mesmo com parentes de George
Floyd. “A morte de Moïse é resultado de um país que está sendo
governado por um fascista e muitos milicianos”, afirmou Lula.
A mansão de US$ 34 milhões
Não
é a primeira vez que cadáveres de negros são usados pela esquerda e
pela mídia “progressista” na tentativa de construir uma réplica
brasileira de George Floyd. Em novembro de 2020, sete meses após o caso
Floyd, o pedreiro João Alberto Silveira Freitas morreu numa briga com
dois seguranças em uma unidade do Carrefour de Porto Alegre. Tudo
começou depois de Silveira ter sido acusado de ameaçar uma funcionária
do hipermercado. Ela chamou dois seguranças. Iniciou-se uma briga e
Silveira morreu espancado.
Os
seguranças que mataram Silveira eram de uma empresa terceirizada
contratada pelo Carrefour. No total, seis pessoas foram indiciadas no
caso, mas nenhuma por racismo. Mesmo assim, partidos de esquerda
conclamaram manifestações antirracistas e contra o Carrefour, o que
gerou uma onda de vandalismo. Em São Paulo, um bando invadiu uma loja do
Carrefour na Avenida Paulista, saqueou produtos, jogou pedras nas
vidraças e ateou fogo à unidade. Ato semelhante ocorreu em Porto Alegre,
onde Silveira morreu. A velha mídia chamou a vítima de “George Floyd
brasileiro”.
Filipe Altamir, graduado em sociologia, história e filosofia pela PUC-RS, afirma que movimentos de esquerda estão tentando se apropriar dessas mortes para se promover politicamente ou obter ganhos financeiros. No início deste ano, o Black Lives Matter (BLM) comprou uma mansão no Canadá, que já serviu como sede do Partido Comunista, por US$ 34 milhões. O dinheiro é fruto de doações de gente que acredita no movimento e na “causa antirracista”, conforme reportagem do jornal New York Post.
Dogmas X efeitos práticos
Segundo
Altamir, o modus operandi da esquerda para se apropriar de uma bandeira
envolve discursos palatáveis, como o do racismo estrutural, o qual ele
critica. “Essa tese não pode ser levada como premissa indiscutível”,
afirmou, ao mencionar que há discordância sobre o tema, e que compete à
polícia, não a movimentos sociais, definir se um crime foi por racismo
ou não.
O
jornalista Leandro Narloch, autor do best-seller Guia Politicamente
Incorreto da História do Brasil, também rebate a tese do racismo
estrutural. Para ele, o discurso prejudica os negros, em razão do apego a
ideias e políticas públicas equivocadas, em vez de ações que resultem,
de fato, em algo benéfico e útil para a comunidade negra.
“Nos
EUA, o BLM defende o movimento Defund the Police, que tira dinheiro da
segurança pública”, disse Narloch. “Uma pesquisa do Instituto Gallup
mostrou que o negro médio quer mais policiamento em seus bairros. Essa é
uma entre várias pautas que mostram que o BLM não representa o negro
americano.” O jornalista diz que essas contradições também abrangem o
Brasil. “Nossa esquerda se preocupa mais com dogmas do que com efeitos
práticos.”
Protestos
como os supostamente a favor de Moïse, Durval e Silveira não alcançaram
no Brasil a mesma proporção dos atos em nome de George Floyd e da “luta
antirracista” nos Estados Unidos. Em 2020, com o apoio do Partido
Democrata, o BLM conseguiu mobilizar milhares de pessoas em
aproximadamente 80 cidades dos EUA. Acredita-se que os atos ajudaram a
desgastar a imagem do então presidente Donald Trump, que perdeu a
eleição.
Em ano eleitoral no Brasil, tudo indica que a busca insana por um “George Floyd dos trópicos” vai continuar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário