O Brasil nunca registrou a ocorrência de caso de EEB clássica

O Ministério da Agricultura confirmou nesta sábado, 4, a existência de dois casos atípicos do “mal da vaca louca”, como é conhecida Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), em frigoríficos de Nova Canaã do Norte, no Mato Grosso, e de Belo Horizonte, em Minas Gerais. Além das notificações protocolares, o governo decidiu pela suspensão das exportações de carne bovina a partir deste sábado para a China, seguindo o compromisso do protocolo sanitário firmado entre os dois países.
De
acordo com a Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), são o quarto e quinto
casos de EEB atípica registrados em 23 anos de vigilância para a doença –
o Brasil nunca registrou a ocorrência de caso de EEB clássica. A EEB
atípica, segundo o Mapa, ocorre de maneira espontânea e esporádica, e
não está relacionada à ingestão de alimentos contaminados. Nestes casos,
é verificada a mutação em um único animal. Já os clássicos, que está
relacionado à contaminação por alimentação, há a possibilidade de afetar
uma maior quantidade de animais do rebanho.
“Todas
as ações sanitárias de mitigação de risco foram concluídas antes mesmo
da emissão do resultado final pelo laboratório de referência da
Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Alberta, no Canadá.
Portanto, não há risco para a saúde humana e animal”, diz a pasta em
nota. Os casos foram detectados durante a inspeção “ante-mortem”,
procedimento usado para vacas de descarte que apresentavam idade
avançada e que estavam em decúbito nos currais.
O
ministério afirmou que obteve a confirmação ontem e que o Brasil
notificou oficialmente à Organização Mundial de Saúde Animal, seguindo a
determinação das normas internacionais. A suspensão das vendas para a
China seguirá até que as autoridades do país asiático concluam a
avaliação das informações repassadas sobre os casos. Há dois anos,
quando o Brasil também registrou um caso atípico do mal da vaca louca,
as exportações para China ficaram suspensas por quase 15 dias.
“O
Mapa esclarece que a OIE exclui a ocorrência de casos de EEB atípica
para efeitos do reconhecimento do status oficial de risco do país”,
trouxe a nota do ministério. Desta forma, conforme o governo, o Brasil
mantém sua classificação como país de risco insignificante para a
doença, não justificando qualquer impacto no comércio de animais e seus
produtos e subprodutos.
Segundo Pedro de Camargo
Neto, pecuarista, consultor em agronegócio e ex-presidente da Sociedade
Rural Brasileira, a suspensão tende a ser algo momentânea, visto que os
casos são atípicos, ou seja, não existe nada generalizado. O
especialista aponta que a decisão do Ministério da Agricultura em
suspender a exportação é uma forma de se antecipar ao problema.
Problemas semelhantes já ocorreram no passado, inclusive em outros
países, frisa.
Agora, o foco será a realização de exames para se provar que os casos são de fato atípicos, e, com a documentação em mãos, abre-se novamente as exportações. A vantagem com essa medida, segundo Camargo Neto, é que o Brasil passa a ter maior controle da situação, evitando, dessa forma, que a suspensão venha da China.
Fonte: Estadão Conteúdo
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