Os ecoguerreiros afirmam se importar com a desigualdade. Mas estão atacando as camadas mais pobres do mundo. Fraser Myers, da Spiked, para a revista Oeste:
O
bombástico relatório sobre o clima do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC), publicado nesta semana, foi recebido com um
alarmismo previsível. Um aquecimento de 1,5 grau Celsius em cerca de
duas décadas é praticamente uma certeza agora, ele alerta. Desastres, a
mídia nos diz, vão desabar dos céus. Mas para além desses cenários
apocalípticos, amparados pela “Ciência”, os militantes verdes também têm
uma nova tática para nos convencer a entrar em ação.
Nos
anos recentes, esses ativistas tentaram enquadrar a mudança climática
não só como uma questão ambiental, mas também como uma espécie de luta
de classes global. A mudança climática traz uma questão fundamental de
justiça, eles dizem. Isso porque, enquanto emissões de carbono são
causadas em grande parte pelas pessoas mais ricas nos países mais ricos,
os fardos dessa mudança climática vão causar mais danos aos mais pobres
nos países mais pobres.
“O
1% mais rico da população global é responsável por mais que o dobro das
emissões de carbono do que os 50% mais pobres”, afirma um jornalista do
New Statesman. Até mesmo Alok Sharma, membro do Parlamento escolhido
pelo governo conservador do Reino Unido para liderar a próxima
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP26, fez eco a
essa declaração, compartilhando um vídeo que afirma que “aqueles que
enfrentam os piores efeitos da mudança climática fizeram menos para
causá-la”.
A
implicação disso tudo é que as baixas emissões do Sul Global são quase
dignas de elogio, fruto de um comedimento modesto. Enquanto isso, o
Ocidente poluidor e emissor de carbono passou dos limites da ganância.
Mas isso inverte totalmente o problema. É exatamente porque o Norte
Global é muito desenvolvido que ele vai sofrer menos com a mudança
climática. E é exatamente porque o Sul Global é subdesenvolvido que ele
está mais exposto aos caprichos do mundo natural.
Um
cenário similar ao do mundo dos ricos. Os conservadores dos Estados
Unidos nunca se cansam de afirmar que as casas de Al Gore, um dos
defensores do clima, consomem 20 vezes mais energia elétrica que o lar
de um americano médio. O estilo de vida dos ricos — suas casas enormes,
seus carros rápidos, sua vida de luxos — gera muito mais emissões de
carbono que o dos pobres. Além disso, as casas das pessoas ricas são
muito mais resilientes que as das pessoas pobres.
No
entanto, a solução não é controlar o uso de energia elétrica dos ricos —
nem de ninguém, aliás. A solução é promover políticas que permitam aos
mais pobres, onde quer que estejam no mundo, se juntar aos mais ricos. O
que quer que aconteça com o clima, o fato continua sendo que indivíduos
e países mais ricos melhoram sua capacidade de lidar com o pior que
possa acontecer com a natureza.
Vamos
considerar o seguinte fato impressionante. Nos últimos cem anos —
período em que a maior parte da humanidade se industrializou e pela
primeira vez produziu carbono suficiente para ter impacto no clima —, o
risco de morrer em decorrência de fatores causados por desastres
naturais diminuiu em mais de 99%. Enchentes, tempestades, secas,
incêndios a céu aberto e temperaturas extremas não desapareceram, como
as filmagens das chamas infernais no noticiário da noite deixam tão
evidente. Mas esses eventos da natureza se tornaram muito menos mortais e
prejudiciais do que foram para os nossos ancestrais, que nunca tinham
ouvido falar em mudança climática.
A
capacidade de uma nação administrar e mitigar esses problemas está
diretamente ligada ao seu desenvolvimento econômico. Países mais ricos
conseguem arcar com infraestrutura de ponta, construções seguras,
defesas contra enchentes, molhes e sofisticados sistemas de alerta que
são fundamentais para preservar a vida, não importando o que aconteça
com o clima.
No
entanto, os ativistas verdes querem exatamente o oposto disso. Eles são
explícitos em suas demandas de controlar o desenvolvimento e o
crescimento econômico. Nos países ricos, as políticas de “Net Zero” — ou
neutralidade de carbono — que estão sendo incentivadas por
ambientalistas vão dificultar que famílias comuns aqueçam e resfriem
suas casas e viajem a trabalho ou lazer. Análises do Tesouro Britânico
alertam que essas políticas serão custeadas pela classe trabalhadora.
No
mundo em desenvolvimento, abandonar os combustíveis fósseis significa
desacelerar a industrialização e enraizar a pobreza. Chutar a escada,
impedindo que os países mais pobres do mundo aspirem aos padrões de vida
do Ocidente, seria indescritivelmente cruel. E, por ironia,
dificultaria ainda mais que os países em desenvolvimento se protegessem
do meio ambiente.
Então, sim, existe uma luta de classes pelo clima — mas são os defensores do clima que estão atacando os pobres do mundo.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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