A
produção de coco em projetos públicos de irrigação da Companhia de
Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) tem
alcançado produtividade média de aproximadamente 40 toneladas por
hectare. O valor obtido pelos agricultores com a venda da produção —
isto é, o valor bruto de produção (VBP) — alcançou em 2020 a marca de R$
72,3 milhões. No ano, 152 mil toneladas de coco foram produzidas nos
projetos de irrigação.
“O
consumo da água de coco verde no Brasil é significativo. É uma bebida
que traz benefícios para a saúde, rica em vitaminas, minerais e outras
substâncias que ajudam no funcionamento do corpo. As agroindústrias de
envasamento da bebida existentes hoje no Vale do São Francisco
fortalecem a produção do fruto e incrementam a renda dos produtores na
região”, avalia o diretor da Área de Gestão dos Empreendimentos de
Irrigação da Codevasf, Luís Napoleão Casado.
O
polo Petrolina-Juazeiro responde pela maior parte da produção
registrada. O projeto público de irrigação Nilo Coelho, em Petrolina
(PE), tem destaque, com 108,2 mil toneladas de coco colhidas em uma área
de 2.295 hectares — o que gerou R$ R$ 51,5 milhões em VBP.
Já
os projetos públicos de irrigação situados no norte da Bahia — Curacá,
Maniçoba, Salitre e Tourão — registraram, ao todo, produção de 39,5 mil
toneladas em área cultivada de 1.424 hectares, alcançando R$ 18,4
milhões de VBP.
Produção no Vale do São Francisco
Francisco
Nunes, o Chico do Coco, atua há mais de 30 anos no projeto público de
irrigação Nilo Coelho, onde planta manga, umbu e coco, sendo essa última
cultura a que ocupa a maior parte de seu lote – um total de 8 hectares.
Segundo
ele, a variedade cultivada é o coco-anão, que tem volume de água maior
(cada coco produz, em média, 350ml), é mais precoce (da floração ao
ponto de colheita, são sete meses) e tem aproveitamento de 100% (após a
extração da água, uma máquina tritura o coco, que retorna aos coqueirais
em forma de matéria orgânica).
O
produtor possui uma unidade que envasa a água de coco em copos e
garrafas de diversos tamanhos, produtos que são comercializados,
principalmente, para supermercados, bares e restaurantes. Entretanto, em
2020, com a pandemia, ele explica que os produtores tiveram de buscar
outras alternativas.
“Com
as restrições, passamos a apostar no coco seco, que leva mais tempo até
a chegada da colheita; são cinco meses a mais que o coco verde. Mas, em
compensação, ele tem saída para produção de doces, coco ralado, leite
de coco, entre outros itens. Fizemos uma pesquisa e constatamos que há
1.008 produtos derivados de coco seco nas prateleiras dos supermercados.
O retorno não é tão rápido quanto o da água de coco, mas foi a saída
que encontramos para não perder a produção”, explica Chico do Coco, que
também é diretor financeiro do Sindicato Nacional dos Produtores de Coco
no Brasil (Sindcoco). Segundo ele, hoje há 600 mil hectares no país
destinados a essa cultura, sendo a maior parte – 95% – cultivada no
Nordeste e 30% no Vale do São Francisco.
O
titular da 3ª Gerência Regional de Irrigação da Codevasf em Petrolina,
José Costa, explica que a cultura do coco é expressiva na região do Vale
do São Francisco, embora tenha passado por um processo de substituição
por outras culturas. “É um processo natural, pois o produtor procura sua
sustentabilidade. O que sustenta a produção do coco hoje é a
agroindústria”, conclui o gerente.
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